sexta-feira, 6 de maio de 2011

BRASIL DO REALITY SHOW.

“O Brasil é, muitas vezes, refém de explicações apocalípticas ou utópicas”.
Sylvio Back - Cineasta

O Brasil é o caldeirão de tudo. Tudo se cruza na terra do pau-brasil. Babel é aqui. Babel do carnaval, do futebol, das religiões, da política caracul, de todas as raças e gostos.

Portugueses e indígenas foram os primeiros protagonistas do reality show.

O reality show é a principal cultura do entretenimento do brasileirismo e brasílico. Tudo que planta por aqui nasce um reality show.

O Brasil é lindo por natureza, lúdico por se ludibriar, alegre por seu lúbrico e bizarro no humor mortal.

Os protagonistas desse show são obcecados pelo blasonar e pela loucura da bravata.

No reality show “No Limite”: “Uma prova em que os participantes comeram de modo repugnante olhos de cabra”.

Das festas juninas que misturaram o sagrado com o profano: do carnaval para inglês ver; do futebol com a torcida do mesmo time brigando; da política corrupta; da sociedade do crack; da economia pirata, tudo por 1,99 e da mulher do glúteo que no “fundo” a propaganda é enganosa, tudo isso faz parte do reality show brasileiro.

Já dizia o escritor e jornalista Euclides da Cunha, autor de ‘Os Sertões’: “Temos uma sociedade pulha, covarde e sanguinária”.

Isso se confirma em um Brasil que a população carcerária é de 446 mil pessoas e 48 mil homicídios por ano, uma das taxas mais altas do mundo.

O BRASIL É EXCENTRICO

Escreve o colunista J.R. Guzzo: “Sarney se queixa até hoje das 1200 greves, a maioria comandada pelo PT, que teve ao longo de seu governo, e já descreveu Collor como “um homem profundamente transtornado”. A vida passa, o mundo gira, e eis aí os três, [Lula, Sarney e Collor], hoje, como os melhores amigos do mundo, como é que pode? Para o brasileiro comum, que tem pouca paciência, interesse ou respeito por política e políticos, a resposta e curta: é tudo safadeza”.

Disse o Lula para Dona Marisa, na visita que o casal fez, em 2006, ao Palácio de Buckingham: “E eu aqui, fazendo cocô no palácio da rainha da Inglaterra”.

O cenário da política brasileira é um reality show do cara sem vergonha. Têm muitos políticos que não tem vergonha do linchamento moral da população. Para essa gente não existe ética, respeito pela dignidade da pessoa humana e nem hombridade pelos seus familiares. Muitos desses políticos são crentes, religiosos e defensores de cultos, templos e seitas.

O nosso Brasil é conhecidíssimo pela espetacularização de Lula, pelo esoterismo de Paulo Coelho, pelo neo-espiritualismo de Zibia Gasparetto, pela teologia da prosperidade de Edir Macedo, pelas 56 mil seitas e religiões que um só guerreiro tem que lutar com uma única lança contra o terrível dragão: São Jorge! “Até quando o cavalo do santo guerreiro vai agüentar?”

REALITY SHOW DAS SEITAS
Vivemos a era do auto-sensacionalismo do reality show das seitas. Os líderes sectários promovem o culto à personalidade e usa da autopromoção dos demônios para seu glamour e status financeiro.

No Brasil tem demônio para tudo. A Indústria desses espíritos é muito lucrativa. Até já rendeu uma grande rede de televisão e uma financeira.

A simbiose desse comércio com o híbrido da mente capitalista resulta numa religião mafiosa e receptora de todo esquema anticristão.

Os líderes sectários constroem templos pomposos e fingem para enganar o povo que se trata de igrejas cristãs, mas observando bem o reality show de seus cultos compreendemos que se trata de uma fraude celebrativa religiosa, que na verdade não passa de um triste teatro para arrancar dinheiro das pessoas sofredoras e frágeis emocionais pelos problemas que estão passando em suas vidas.

Babilônia também é aqui: “A Pátria amada e idolatrada” é um grande terreiro de ídolos, orixás, deuses e demônios na terra e na praia de sol de 40 graus. Aqui é a terra de Deus, mas, também é o chão de Marduque e Baal. Jesus é o caminho e muitos líderes religiosos estão cobrando caro demais o pedágio.

As alianças política e partidária se espelham no sincretismo religioso. A promiscuidade sexual segue o modelo das hieródulas. O sacrifício humano ao deus Moloque continua como sempre.

Política suja, religiões, seitas, crenças alienantes e interesseiras por bens materiais, sociedade hipócrita com o seu falso moralismo e a cultura de morte fazem parte do verdadeiro reality show brasileiro.

“A terra da Santa Cruz” é a terra do “Cristo Redentor” e a terra dos que desconhecem verdadeiramente o preço que custou a redenção da Cruz.

Desde o início, passaram por aqui e fizeram escola e lucram em nome da Cruz do Redentor até hoje, e, até durar esse país os: monges loucos, pitonisas, fanáticos, fundamentalistas, sectários, messias, curandeiros, salvacionistas, místicos, santarrões, babalorixás, beatos, prestidigitadores, mitômanos, videntes, sebastianistas, conselheiros, virgens-santas, mártires, profetas, apóstolos, pastores, ‘bispos’, gurus, bruxos, magos, missionários, feiticeiros e evangelistas.

Em nome de Deus, da fé e dos mortos se ganham fortunas pela ignorância do povo.

CONCLUSÃO

Não há dúvida que existe no mundo e no Brasil tupiniquim uma indústria poderosa para fabricarem boçais.

A bênção e a maldição; a alta tecnologia e a extrema miséria andam de mãos dadas no Brasil.

O esquema é eliminar o bom senso, a razão crítica para que tudo seja levado na palhaçada e na impunidade.

A ideologia maquiavélica é negar o verdadeiro conhecimento e passar muitas informações, banais, desnecessárias e prejudiciais. Levar o ser humano ao vazio, ao ridículo, ao nada. Condicionar a uma mente improdutiva, demente e cretina.

Não ter posse do verdadeiro conhecimento é viver, cego escravo, infeliz e cavando a própria sepultura.

Não faça parte do reality show “do coitado”, “do enfezado”, “do inferninho”, “do danado” e “do estropiado”.

Pe. Inácio José do Vale
Professor de História da Igreja
Escritor e Pesquisador de Seitas
Especialista em Ciência Social da Religião
E-mail: pe.inaciojose.osbm@hotmail.com

REFERÊNCIAS:

Folha de São Paulo, 11/08/2009, p. E6.
O Globo, 15/11/2009, p. 2.
Extra, 16/08/2009, p.3.
O Dia, 25/10/2009, p.33.
Jornal do Brasil, 24/08/2009, p. A5.
Veja, 19/08/2009, p.142.

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