segunda-feira, 22 de novembro de 2010

"É evidente que a Igreja não considera a utilização do preservativo uma solução verdadeira e moral", acrescenta Bento XVI.

No livro-entrevista com o jornalista alemão Peter Seewald titulado "Luz do Mundo", que será apresentado no Vaticano nesta terça-feira 23 de novembro, o Papa Bento XVI assinala que "o preservativo não é o modo verdadeiro nem adequado para vencer a AIDS, e sim a humanização da sexualidade."

Em um extrato do livro que leva como subtítulo "O Papa, a Igreja e os sinais dos tempos", divulgado ontem pelo L'Osservatore Romano e apresentado erroneamente por diversos meios de comunicação como a "aceitação da camisinha por parte do Papa", o Santo Padre reitera o que disse em sua viagem à África em 2009: o caminho para vencer a AIDS não é o preservativo, e sim a humanização da sexualidade.

Bento XVI assinala que "a mera fixação no preservativo significa uma banalização da sexualidade, e é precisamente esse o motivo perigoso pelo qual tantas pessoas já não encontram na sexualidade a expressão do seu amor, mas antes e apenas uma espécie de droga que administram a si próprias".

Assim o Papa precisa: "É por isso que o combate contra a banalização da sexualidade também faz parte da luta para que ela seja valorizada positivamente e o seu efeito positivo se possa desenvolver no todo do ser pessoa".

O Papa usa logo o exemplo de um prostituto que usa um preservativo e o apresenta como um primeiro passo para a moralização: "Pode haver casos pontuais, justificados, como por exemplo a utilização do preservativo por um prostituto, em que a utilização do preservativo possa ser um primeiro passo para a moralização, uma primeira parcela de responsabilidade para voltar a desenvolver a consciência de que nem tudo é permitido e que não se pode fazer tudo o que se quer".

"Não é, contudo, a forma apropriada para controlar o mal causado pela infecção por VIH/HIV. Essa tem, realmente, de residir na humanização da sexualidade", esclarece o Santo Padre.

"É evidente que a Igreja não considera a utilização do preservativo uma solução verdadeira e moral", acrescenta Bento XVI.

A Folha de São Paulo informou hoje que "O porta-voz do Vaticano, Federico Lombardi, deu um comunicado oficial pelo qual as manifestações de Bento 16 não reformam ou mudam as doutrinas da Igreja, mas as reafirmam, na perspectiva do valor e da dignidade da sexualidade humana como expressão de amor e responsabilidade". Ao contrário do que a mídia vem divulgando, a Folha também esclarece que "o Vaticano assegurou neste domingo que as palavras do papa Bento 16 sobre o uso do preservativo, segundo ele justificável em "alguns casos", não são "uma mudança revolucionária", mas uma "visão compreensiva" para levar a humanidade "culturalmente muito pobre rumo ao exercício responsável da sexualidade".

O Papa reitera a posição da Igreja

As palavras de Bento XVI neste livro reforça o que já expressou ele em sua viagem a Camarões e a Angola em 2009, que ocasionaram duras críticas e que divulgado por um setor da imprensa de maneira tergiversada. O Santo Padre explicou que "não se pode superar este problema da AIDS apenas com slogans publicitários. Se não existir o ânimo, se os africanos não se ajudarem, não se pode resolver o flagelo com a distribuição de preservativos: ao contrário, o risco que se corre é o de aumentar o problema".

Na entrevista que deu durante o vôo a Camarões em março de 2009 ao ser perguntado pelo trabalho da Igreja na luta contra a AIDS, bastante extensa em todo mundo especialmente na África, o Papa disse que o caminho para enfrentar esta enfermidade pode encontrar-se apenas em um duplo esforço:

*o primeiro consiste em uma humanização da sexualidade, quer dizer uma renovação espiritual e humana que leve consigo um novo modo de comportar-se um com o outro;

*o segundo passo que propôs para esta tarefa é o de "uma verdadeira amizade também e sobre tudo com os que sofrem, a disponibilidade, também com sacrifícios, com renúncias pessoais, para estar com os que padecem".


Abusos sexuais e outros temas

Nos extratos apresentados pelo L'Osservatore Romano, o Papa se refere ao judaísmo, a relação com o Islã, e outros temas como a cobertura da imprensa sobre os abusos sexuais cometidos por alguns membros do clero. Bento XVI adverte que em muitos casos isto usou-se como uma forma de desacreditar a Igreja antes que investigar procurando a verdade.

O Santo Padre explica ademais que a Igreja não pode ordenar mulheres ao sacerdócio. Entretanto, precisa, o lugar das mulheres nela é fundamental e isto pode observar-se na importância da Virgem Maria, Mãe de Deus e da Igreja, e em testemunhos de santidade como o da Beata Teresa de Calcutá.
O Papa Bento XVI se descreve a si mesmo como um mendigo que confia em sua amizade com o Senhor, a Virgem os Santos para viver sua vocação. Sua vida sem a alegria cristã seria insuportável, afirma

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Refinanciamento de dividas bancária, um dilema.

Esse e-mail foi publicado no Jornal Aqui enviado por mim, diante de um problema que até hoje (12/11/2010) não foi resolvido, na qual já foi acionado uma junta de advogados para rever esse caso. Segue anexo o e-mail na integra.

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Olá! Sou Leandro Costa de Volta Redonda e fui aconselhado pelo advogado que consultei, depois de ver uma matéria no "Fantastico" entrar em contato com vocês. Eu contrai uma divida com o Banco Real (antes de ser Santander) e fui a agencia procurar uma meio de negociar. Foi uma marotona, que dificuldade!
Tanto que perdi o meu salário do mês. Muito mal educada, a sub gerente Fernanda Paula de Araújo Oliveira Matias me empurrou para uma outra que fez a mesma coisa.

Diante disso fiquei louco, desesperado, porque tenho a única renda pra fazer compra, água, luz, telefone... como resolver isso? Minha cabeça ficou a mil. Pois bem, voltei depois de algum tempo sem ter resolvido, conversei com uma atendente chamada Ana Paula. Muito mais educada, só que me decepcionei com ela. Coisas foram feitas que só depois fui perceber que não era procedimento correto, tais como:

*o Disque Real não moveu uma palha pra resolver o caso;
*pediram para aumentar (mentir) meu "RR" para resolver;
*o acerto da parcela foi definido pelo telefone;
*não me deu copia do contrato;
*chegou em minha casa no dia 29 de Dezembro de 2009, uma correspondência dizendo que tinha adquirido um titulo de capitalização (que eu não pedi);
*assim que pude retornei ao banco e não obtive resposta de ninguem.

Conversando com um amigo advogado ele falou que era venda casada e eu poderia entrar com uma ação na justiça. Fui lá conversar com a Ana Paula. Primeiro ficou fazendo algo lá que demorou mais de 30 minutos para me atender, depois por estar nervoso ela perguntou: "_ Você quer falar comigo?", falei desconversou dizendo que não lembrava de mim, por se tratar de muita gente e... mais quando falei com ela que tinha conversado com um advogado e que gostaria de tirar as arestas com ela, ela lembrou de mim. Foi uma conversa tensa da parte dela ainda quando falei da venda casada, aumentou o tom de voz, repitia sempre que tinha resolvido meu problema e que pro banco não compensária resolver por viver de juros...

Ai falei com ela que queria a cópia do contrato, pronto falei o que não deveria. Ela falou te dou a cópia do contrato, mais lá não está escrito a respeito do Titulo de Capitalização porque foi um "contrato de reciprocidade" um pedido interno agência X cliente. O meu estranhamento foi quando ela falou em "Seguradora do Titulo de Capitalização", coisa que não me lembro dela ter falado, muito apreensiva e repitindo sempre: "_Mais eu te ajudei, não ajudei...", "_Você entendeu, que no contrato não tem especificado esse acordo."

Quando estava já no fim, eu falei: _Como faço então pra pegar essa cópia do contrato. Ela respondeu: _A segunda via ficará disponilvel no balcão (boca do caixa). Retuquei: _Segunda via? Aonde foi a primeira via? Ela apreensiva disse: _Meu senhor em 15 dias estará pronto. Eu disse: "_Darei um desconto de 17 dias."

Acredita que ao voltar pra pegar a cópia do contrato, continuou a falta de educação. A recepcionista fazendo serviço interno e foi tercerizando o meu pedido, até uma outra senhora vir e fazer tocentas perguntas pra depois me dizer que não houve pedido nenhum.

Perdi a linha: "_Como não, se a Ana Paula falou que era pra pegar depois de 15 dias. Dei desconto e dexei passar pra chegar aqui e não ter que houvir isso."

A senhora disse assim: "_Me passa o seu telefone que irei ligar pra você e cuidarei pessoalmente do caso, assim que chegar depois de 15 ou mais dias eu retornarei ai senhor."

Falei a ela: "_Comigo você não conversa mais, vocês conversará com meu advogado." Senti até um certo constrangimento dos vigilantes lá, que atento estavam escutando nossa conversa.

Ela deve está tratando do caso até hoje, mais não me mandou nenhuma noticia. Ai eu fico com a sensação de ter sido lesado pela falta de informação e pela dificuldade de resolverem as pendências. Não sei a quem recorrer, por isso venho até vocês para quem sabe me dá um norte juridico para me direcionar.

Endereço da agência:

Ag Retiro
Rua Sagres, 11, Lj. 15, 21 - Retiro
Volta Redonda / RJ - CEP: 27281410
Contato: 24 33461694

Sem mais, Leandro Costa.

Dom Bergozini: Bispos da Igreja Católica no Brasil não podem trocar o Evangelho pela política partidária.

"Recebi uma carta anônima com velada ameaça à minha vida", afirmou.

O bispo da diocese de Guarulhos Dom Luis Gonzaga Bergonzini enviou recentemente uma carta aos seus irmãos no Episcopado na qual afirma que sua campanha é contra os candidatos favoráveis à liberação “do aborto, de todos os partidos, a qualquer cargo”.

Dom Bergonzini esclarece que “que nunca indiquei apoio a qualquer candidato, como agora não o faço”.
“Não tenho intenção de polemizar, mas simplesmente de deixar clara a minha posição como Bispo, em defesa da Igreja, dos mandamentos de Deus”, esclarece também o prelado brasileiro que em julho deste ano recomendou aos católicos que não dêem a candidatos que aprovam tais “liberações”.

“Como é de conhecimento de todos, em 01.07.2010, iniciei uma campanha contra os candidatos favoráveis ao aborto, de todos os partidos, a qualquer cargo”, escreve o bispo de Guarulhos em sua carta aos bispos brasileiros onde menciona o apoio dado pelo PT à descriminalização do aborto e legalização das uniões homossexuais ao longo de vários anos.

“O PT – Partido dos Trabalhadores – é o principal articulador dessa ação no Brasil e, também, do “casamento” de homossexuais. Desde 1991, vem tentando implantar o aborto, com o projeto de lei n. 1.135/91, dos então deputados do PT Sandra Starling e Eduardo Jorge.

Os Congressos do PT aprovaram a liberação do aborto como programa do partido. O projeto de lei 1935/91 foi derrotado na Comissão de Seguridade e Saúde por 33 a 0 e na Comissão de Constituição e Justiça, dor 57 a 4., na Câmara Federal.

O deputado do PT, José Genoino, demonstrando o ferrenho propósito de implantar o aborto, requereu a aprovação do projeto de lei 1935/91 diretamente pelo plenário, onde a bancada de deputados da “base aliada” do governo tem a maioria e pode ser aprovado a qualquer momento.

Projeto de Lei n.º 1.151/95, sobre o casamento civil entre homossexuais, foi apresentado por Marta Suplicy em 26 de outubro de 1995, quando ela ocupava a cadeira de deputada federal pelo PT. Iara Bernardes, então deputada federal do PT, apresentou o projeto de lei 122/ 2006, que impede as pessoas e os religiosos de emitirem opinião sobre homossexuais, sob pena de prisão”, afirmou o Bispo.

Segundo Dom Luis, o seu comportamento “é baseado em minha consciência e no Evangelho. E visa a discussão de valores com a sociedade”.


“Seja qual for o resultado das eleições, filósofos, sociólogos, antropólogos, religiosos e a população já começaram a debater o que chamam de “agenda de valores”. O relativismo na sociedade e na Igreja Católica, sempre lembrado pelo Papa Bento XVI, também tem sido questionado: o meu sim é sim e o meu não é não”, asseverou.

Em seguida o bispo menciona a polêmica nota publicada por Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP) na qual este prelado do interior paulistano “publicou uma matéria de meia página, no jornal Diário de Guarulhos, editado em minha diocese, com uma acusação de crime eleitoral. Um bispo acusando outro de crime, pela imprensa. É algo muito grave e inadmissível”.

“Anteriormente, recebi uma carta anônima com velada ameaça à minha vida, que já está nas mãos da polícia”,
denunciou também o prelado.

“Imaginava ter sido um destempero momentâneo do bispo de Jales. Enviei-lhe uma carta, com cópia ao presidente da CNBB-Regional Sul-1, Dom Nelson Westrupp, reclamando do fato e apontando a suspeita de o bispo de Jales estar atuando partidariamente”, disse Dom Bergonzini, quem também esclareceu que “a confirmação da atuação partidária de Dom Demétrio Valentini veio na revista Isto É, pg. 40, edição 2135, de 13.10.2010. Nessa revista está escrito: “A exemplo do pastor Manoel Ferreira, dom Valentini é amigo de Lula, tem exercido papel fundamental no diálogo com os católicos”.
Além disso, Dom Valentini insiste em que “esta situação precisa ser esclarecida e denunciada” dando a entender que existe qualquer interesse além do Evangelho”.

“Por essas circunstâncias, sou forçado a concluir que:

a) a matéria publicada no jornal de Guarulhos teve a mão do Partido dos Trabalhadores e visou me amedrontar;
b) a matéria visou, também, assustar os fiéis de minha diocese;
c) em âmbito nacional, visou assustar os Bispos e a comunidade cristã e...
d) parece que há Bispos da Igreja Católica, no Brasil, que estão trocando o Evangelho do Senhor pela política partidária e por amizades pessoais”, afirmou .

O bispo afirma energicamente que “Nós, agora no Brasil, também não podemos nos calar. Vamos agir e orientar o povo para que não se deixe enganar pelos oportunismos de última hora”.

“Diante desses fatos, sou obrigado a enviar uma reclamação ao Papa Bento XVI, imediatamente, com toda a documentação, pedindo-lhe que tome as providências que julgar cabíveis e necessárias, para reorientar a Igreja Católica Apostólica Romana no Brasil, inclusive me orientar, se eu estiver agindo em desconformidade com o Evangelho”.

Assim, Dom Luis esclarece que nunca indiquei apoio a qualquer candidato, como agora não o faço. Estou sendo coerente com meu artigo “Dai a César o que é de César”, publicado em 01/07/2010”.

“Não tenho intenção de polemizar, mas simplesmente de deixar clara a minha posição como Bispo, em defesa da Igreja, dos mandamentos de Deus”, conclui Dom Bergonzini.

acidigital

A Fé ressoa na política ´por Dom Walmor Oliveira de Azevedo.

Exortando especialmente as nações ricas, o Papa Bento XVI bate sempre na tecla de que é imprescindível contemplar valores éticos nas medidas de superação da crise econômica. Esses mesmos critérios também devem ser adotados nas definições de prioridades e estratégias de funcionamento da economia. Sua Carta Encíclica Caridade na Verdade, de 7 de julho de 2009, é um tratado que argumenta o sentido e as razões de um compromisso com o desenvolvimento humano integral. A luminosidade desta compreensão vem, incontestavelmente, da força da fé ressoando na política, entendida como exercício de cidadania, respeito à justiça, promoção dos direitos e guardiã do bem comum. O desenvolvimento humano integral só é bem entendido e praticado quando fundado na verdade e na caridade.

A palavra de Deus tem propriedades singulares para iluminar e fecundar os temas sociopolíticos, econômicos e tecnológicos.

Neste sentido, a Doutrina Social da Igreja Católica tem embasamentos determinantes na vivência da cidadania e nos exercícios políticos de execução e legislação. O humanismo cristão é, portanto, uma contribuição que precisa ser conhecida e praticada para favorecer as metas de um desenvolvimento sustentável no lugar de um processo depredador que acaba excluindo Deus. É grande o risco dessa tendência, ou prática da exclusão de Deus, na consideração das realidades sociais e políticas.A consequência desse caminho é um horizonte estreito e sempre sob névoas. Só o amor alarga horizontes e fecunda os critérios importantes na definição de prioridades e, particularmente, na consideração dos mais pobres e dos excluídos desta terra.

A fé que precisa ressoar na política é a vivência do amor.

Na sua Carta Encíclica, o Papa Bento XVI sublinha que o amor-caridade impele as pessoas a se comprometerem com generosidade e coragem, no campo da justiça e da paz. Esse amor tem força extraordinária de comprometimento e de lucidez na compreensão e na prática do bem porque tem origem em Deus. A revelação plena do enraizamento amoroso de Deus se dá em Jesus Cristo, aquele que testemunhou com a própria vida a caridade na verdade. Não se pode pretender encontrar a verdade sobre si e vivenciar uma plena adesão a esta verdade para ser livre. Neste sentido, compreende-se que a defesa e adesão à verdade é uma nobilíssima vivência da caridade. A caridade é tudo, recordando que “Deus é amor”. E não se pode exclui-la dos âmbitos social, político, cultural, jurídico e econômico, sob o risco de prejuízos irreparáveis. A caridade supera a justiça porque quem ama doa-se, e alarga a medida da justiça. Enquanto esta exige que se dê o que é de direito, a caridade é a capacidade de dar, generosamente, do que é seu. Quem ama o outro com caridade será justo para com ele. Por isso, a justiça deve ser inseparável da caridade, que é maior do que aquela. O desafio de amar pela força moral advinda da vivência autêntica da fé explicita a exigência de que amar é querer o bem do outro, trabalhar por ele e pelo bem comum. O bem comum, portanto, é exigência da justiça e da caridade.

Vale ressaltar que a Igreja Católica não tem soluções técnicas, como não pretende imiscuir-se nas políticas dos Estados, respeitando a laicidade que têm. Mas, a Igreja tem uma missão a cumprir, e não pode, absolutamente, abrir mão ou ser omissa em favor de uma sociedade mais justa e solidária, comprometida com o ser humano e sua dignidade.

Compreende-se a razão dessa posição, pois a Igreja tem a tarefa fundamental, e diária, de acompanhar e indicar o caminho da caridade na verdade. Ao realizar essa tarefa não mistura questões próprias da laicidade do Estado, mas fecunda uma compreensão que o Estado não pode prescindir, a visão de desenvolvimento humano integral. Ora, o Estado precisa avaliar-se permanentemente quanto ao seu poder e seu papel. A fé, pois, tem uma contribuição importante frente aos processos que mostram o crescimento da riqueza mundial e o respectivo aumento da desigualdade; a consideração da corrupção e da ilegalidade, e os desrespeitos aos direitos humanos. É óbvio que a fé tem que ressoar na política, bastando pensar o desafio de preservação e respeito que é a valorização da pessoa humana na sua integridade. Assim, a fé tem iluminação para as mais diferentes realidades, evocando e remetendo a valores próprios e determinantes na fraternidade que há de fecundar o entendimento do desenvolvimento. Quando se pensa o desenvolvimento integral, fruto da ação política que determina rumos e escolhas de prioridades, remete ao sentido e configuração de direitos e deveres. À luz da fé, sua vivência e o lidar com seus valores têm uma contribuição importante. Em jogo está o respeito à vida humana, em todas as suas etapas, comprovando que há sempre ganhos quando a fé ressoa na política.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Papa assinala a bispos do Brasil dever de emitir juízo moral em matérias políticas.

Em circunstâncias em que “os direitos fundamentais” ou “a salvação das almas” exigirem.

O Papa Bento XVI afirmou nesta quinta-feira a bispos brasileiros que “os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”, quando “os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem”. O Papa, ao discursar para bispos do Maranhão no contexto da visita ad Limina Apostolorum, afirmou que em determinados pontos “política e fé se tocam”, e que os bispos, ao defender a vida, não devem temer “a oposição e a impopularidade”.

O dever dos bispos, no trabalho por alcançar uma ordem social justa, é “contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna”.

“Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas”, afirmou o pontífice, citando a Constituição Pastoral Gaudium et Spes (n. 76).

“Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente má e incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, consequência ou circunstância.”

Segundo Bento XVI, “seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural”.

Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal?, questionou.

“Quando os projetos políticos contemplam – prosseguiu o Papa – aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases.”

“Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo", disse, citando a Evangelium Vitae (n. 82).

Catequese social

Segundo o pontífice, a melhor maneira de ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sócio-político de um modo unitário e coerente é “uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja”.

“Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum”, disse o Papa, referindo-se novamente à Gaudium et Spes (n. 75).

“Neste ponto, política e fé se tocam”, afirmou.

“A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão.”

Com efeito, prosseguiu o pontífice: “sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambiguidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana”.

“Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política", destacou o Papa, citando a encíclica Caritas in veritate (n. 56).

Leia abaixo a íntegra do discurso de Bento XVI:

‘Amados Irmãos no Episcopado,

Para vós, graça e paz da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo’ (2 Cor 1, 2). Desejo antes de mais nada agradecer a Deus pelo vosso zelo e dedicação a Cristo e à sua Igreja que cresce no Regional Nordeste 5. Nos nossos encontros, pude ouvir, de viva voz, alguns dos problemas de caráter religioso e pastoral, além de humano e social, com que deveis medir-vos diariamente. O quadro geral tem as suas sombras, mas tem também sinais de esperança, como Dom Xavier Gilles acaba de referir na saudação que me dirigiu, dando livre curso aos sentimentos de todos vós e do vosso povo.

Como sabeis, nos sucessivos encontros com os diversos Regionais da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, tenho sublinhado diferentes âmbitos e respectivos agentes do multiforme serviço evangelizador e pastoral da Igreja na vossa grande Nação; hoje, gostaria de falar-vos de como a Igreja, na sua missão de fecundar e fermentar a sociedade humana com o Evangelho, ensina ao homem a sua dignidade de filho de Deus e a sua vocação à. união com todos os homens, das quais decorrem as exigências da justiça e da paz social, conforme à sabedoria divina.

Entretanto, o dever imediato de trabalhar por uma ordem social justa é próprio dos fiéis leigos, que, como cidadãos livres e responsáveis, se empenham em contribuir para a reta configuração da vida social, no respeito da sua legítima autonomia e da ordem moral natural (cf. Deus caritas est, 29). O vosso dever como Bispos junto com o vosso clero é mediato, enquanto vos compete contribuir para a purificação da razão e o despertar das forças morais necessárias para a construção de uma sociedade justa e fraterna. Quando, porém, os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas o exigirem, os pastores têm o grave dever de emitir um juízo moral, mesmo em matérias políticas (cf. GS, 76).

Ao formular esses juízos, os pastores devem levar em conta o valor absoluto daqueles preceitos morais negativos que declaram moralmente inaceitável a escolha de uma determinada ação intrinsecamente incompatível com a dignidade da pessoa; tal escolha não pode ser resgatada pela bondade de qualquer fim, intenção, consequência ou circunstância. Portanto, seria totalmente falsa e ilusória qualquer defesa dos direitos humanos políticos, econômicos e sociais que não compreendesse a enérgica defesa do direito à vida desde a concepção até à morte natural (cf. Christifideles laici, 38). Além disso no quadro do empenho pelos mais fracos e os mais indefesos, quem é mais inerme que um nascituro ou um doente em estado vegetativo ou terminal? Quando os projetos políticos contemplam, aberta ou veladamente, a descriminalização do aborto ou da eutanásia, o ideal democrático – que só é verdadeiramente tal quando reconhece e tutela a dignidade de toda a pessoa humana – é atraiçoado nas suas bases (cf. Evangelium vita, 74). Portanto, caros Irmãos no episcopado, ao defender a vida não devemos temer a oposição e a impopularidade, recusando qualquer compromisso e ambiguidade que nos conformem com a mentalidade deste mundo’ (ibidem, 82).

Além disso, para melhor ajudar os leigos a viverem o seu empenho cristão e sociopolítico de um modo unitário e coerente, é ‘necessária – como vos disse em Aparecida – uma catequese social e uma adequada formação na doutrina social da Igreja, sendo muito útil para isso o ‘Compêndio da Doutrina Social da Igreja” (Discurso inaugurai da V conferência Geral do Episcopado Latino Americano e do Caribe, 3). Isto significa também que em determinadas ocasiões, os pastores devem mesmo lembrar a todos os cidadãos o direito, que é também um dever, de usar livremente o próprio voto para a promoção do bem comum (cf. GS, 75).

Neste ponto, política e fé se tocam. A fé tem, sem dúvida, a sua natureza específica de encontro com o Deus vivo que abre novos horizontes muito para além do âmbito próprio da razão. ‘Com efeito, sem a correção oferecida pela religião até a razão pode tornar-se vítima de ambiguidades, como acontece quando ela é manipulada pela ideologia, ou então aplicada de uma maneira parcial, sem ter em consideração plenamente a dignidade da pessoa humana’ (Viagem Apostólica ao Reino Unido, Encontro com as autoridades civis, 17-IX-2010).

Só respeitando, promovendo e ensinando incansavelmente a natureza transcendente da pessoa humana é que uma sociedade pode ser construída. Assim, Deus deve ‘encontrar lugar também na esfera pública, nomeadamente nas dimensões cultural, social, econômica e particularmente política’ (Caritas in veritate, 56). Por isso, amados Irmãos, uno a minha voz à vossa num vivo apelo a favor da educação religiosa, e mais concretamente do ensino confessional e plural da religião, na escola pública do Estado.

Queria ainda recordar que a presença de símbolos religiosos na vida pública é ao mesmo tempo lembrança da transcendência do homem e garantia do seu respeito. Eles têm um valor particular, no caso do Brasil, em que a religião católica é parte integral da sua história. Como não pensar neste momento na imagem de Jesus Cristo com os braços estendidos sobre a baia da Guanabara que representa a hospitalidade e o amor com que o Brasil sempre soube abrir seus braços a homens e mulheres perseguidos e necessitados provenientes de todo o mundo? Foi nessa presença de Jesus na vida brasileira, que eles se integraram harmonicamente na sociedade, contribuindo ao enriquecimento da cultura, ao crescimento econômico e ao espírito de solidariedade e liberdade

Amados Irmãos, confio à Mãe de Deus e nossa, invocada no Brasil sob o título de Nossa Senhora Aparecida, estes anseios da Igreja Católica na Terra de Santa Cruz e de todos os homens de boa vontade em defesa dos valores da vida humana e da sua transcendência, junto com as alegrias e esperanças, as tristezas e angústias dos homens e mulheres da província eclesiástica do Maranhão. A todos coloco sob a Sua materna proteção, e a vós e ao vosso povo concedo a minha Bênção Apostólica.’

Mapa mostra que Brasil clientelista ficou com Dilma.

O mapa com o resultado das eleições demonstra bem a origem desta oposição que se tornou maior: a mancha azul do mapa é justamente a do Brasil que abraçou o capitalismo moderno e perseguidor do em estar social, mas que paralelamente não abre mão do estado democrático de direito e dos princípios republicanos, ameaçado pelo outro Brasil da mancha vermelha, atrasado, clientelista, devorador das riquezas produzidas pelas regiões da mancha azul.

Rota dos migrantes gaúchos semeou o progresso.




45% dos brasileiros não querem saber de Lula, do PT e de Dilma

Dilma Roussef é a nova presidente, mas 45% dos brasileiros preferiram a oposição, portanto bem mais do que aqueles 3% que tanto irritam o presidente Lula, já que este seria o número de cidadãos que acham seu governo péssimo.
O governo do PT e a nova presidente do Brasil podem comemorar a vitória, sim, mas terão que respeitar os 45% dos eleitores que preferiram a oposição, se contarmos ainda os 21% de abstenções, são 66% que não votaram em Dilma.

CNBB PUBLICA NOTA SOBRE A CONCLUSÃO DAS ELEIÇÕES.

Ao final do segundo turno das eleições, ocorrido neste domingo, 31 de outubro, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB saúda todos os eleitos – deputados estaduais e federais, senadores, governadores e presidente da República -, augurando-lhes sucesso na tarefa de representar e defender o povo que os escolheu para esta missão. A CNBB cumprimenta de maneira especial a Sra. Dilma Rousseff, eleita presidente da República, a quem caberá dirigir os destinos da nação brasileira nos próximos quatro anos. Dela e dos demais eleitos se espera fidelidade no cumprimento das promessas apresentadas durante a campanha eleitoral. Passadas as eleições, o compromisso de todos é unir os esforços na construção de um Brasil com paz, justiça social e vida plena para todos. Pesa sobre os ombros de cada um dos eleitos a responsabilidade de corresponder plenamente às expectativas e à confiança, não só de seus eleitores, mas de toda a Nação brasileira. Saudamos o povo brasileiro, que protagonizou o espetáculo da cidadania e da democracia ao participar ativamente das eleições em seus dois turnos. Cabe, agora, a todos nós, brasileiros e brasileiras, a irrenunciável tarefa de acompanhar os eleitos no exercício de seu mandato, a fim de que não se percam nos caminhos do poder de que foram revestidos.


Que Deus, de quem provém toda autoridade, acompanhe cada um dos eleitos com sua graça e sua bênção. O divino Espírito Santo os ilumine e lhes conceda sabedoria a fim de que tomem sempre as decisões mais acertadas para o bem de nosso povo. Imploramos a intercessão de Nossa Senhora Aparecida para os que foram eleitos e para todo o povo brasileiro.

Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana
Presidente da CNBB

Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-presidente da CNBB

Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB