segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Senadora cita BBB para justificar casamento de pessoas do mesmo sexo.

A senadora Fátima Cleide (PT-RO-foto) saiu em defesa nesta quinta-feira (08) do capítulo do 3° Plano Nacional de Direito Humanos que trata da "garantia do respeito à livre orientação sexual e identidade de gênero" e prevê o apoio a projeto de lei que trate da união civil entre pessoas do mesmo sexo.

Para justificar sua posição, a senadora criticou a vitória do lutador Marcelo Dourado na 10ª edição do programa BBB (Big Brother Brasil), da TV Globo, a quem chamou de "síntese da homofobia".

Para justificar sua posição, a senadora criticou a vitória do lutador Marcelo Dourado na 10ª edição do programa BBB (Big Brother Brasil), da TV Globo, a quem chamou de "síntese da homofobia".

A petista ainda afirmou que outro participante Dicesar, homossexual assumido, recebeu mais de 11.000 ameaças ao deixar a casa.

Fátima Cleide disse que é importante que o governo mantenha a questão da união civil de homossexuais na proposta para incentivar a formação de uma nova cultura.

"[Dourado] expressa o machismo, a síntese do que é a homofobia. Aqui [Congresso], nós ouvimos pronunciamentos dizendo que não existe homofobia no Brasil. É preciso rever isso. Nós recebemos uma denúncia de que após a conclusão do programa, outro participante, o Dicesar já recebeu cerca de 11.000 mil ameaças de morte via vários meios de comunicação como orkut, twitter", disse.

Para a senadora, o Congresso precisa assumir a frente da luta contra a homofobia. "Isso [as ameaças] expressam o ódio que boa parte do país sente em relação aos homossexuais. Não é mais possível conviver com a omissão do Legislativo. Ninguém quer casamento, matrimonio, o que as pessoas esperam e o reconhecimento da parceira civil", disse.

Seis comissões do Senado realizaram hoje uma audiência pública com o ministro Paulo Vanucchi (Secretaria Especial dos Direitos Humanos) para tratar do 3° Plano Nacional de Direito Humanos. Um grupo de trabalho foi criado pelo governo para elaborar anteprojetos sobre os temas do plano que serão encaminhados ao Congresso.

DISCURSO DE DOM CIFUENTES A BENTO XVI.

Discurso do Bispo Emérito da Diocese de Nova Friburgo, Presidente do Regional Leste I da CNBB, Dom Rafael Llano Cifuentes ao Sumo Pontífice, Papa Bento XVI, na Visita ad Limina dos Bispos do Estado do Rio de Janeiro, na manhã deste sábado, 25 setembro, em Castel Gandolfo.
Nesta Visita ad Limina Apostolorum, que tem como ponto alto o encontro com Sua Santidade Bento XVI, estamos aqui, com júbilo e gratidão, todos os Bispos do Regional Leste I da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Este Regional compreende duas Províncias Eclesiásticas: a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro e a Arquidiocese de Niterói. Integramos 10 Dioceses e a Administração Apostólica Pessoal São João Maria Vianney, abrangendo o Estado do Rio de Janeiro.

Este Estado tem características especiais. Na Cidade do Rio de Janeiro – conhecida como a "capital cultural da Nação" – e alguns Municípios próximos, como Niterói, São Gonçalo, Alcântara, Nova Iguaçu, Duque de Caxias, e outros, se conglomeram perto de 10 milhões de habitantes.
Sendo o segundo Pólo Industrial e Comercial do Brasil, este Estado está em permanente expansão. Experimenta a afluência de uma forte migração interna que propicia o crescimento das seitas. É dotado de belezas naturais e de uma atrativa zona de praias que favorecem o turismo e a proliferação do hedonismo reinante.
Contrastando com toda a sua beleza natural, a tradição e a cultura, convivem, no entanto, a riqueza e a pobreza; as modernas construções e condomínios luxuosos ao lado de bolsões de miséria como as favelas. Existem, sem dúvida, os grandes problemas da desigualdade social, econômica e cultural, da violência e do narcotráfico, da prostituição, dos menores abandonados e dos moradores de rua. Questões estas que representam marcantes desafios para a Igreja do nosso Regional.

Em termos eclesiais, dentre as características mais notórias do Regional Leste I, há de destacar-se a assinalada unidade entre as Províncias e entre as Igrejas Particulares entre si. Esta unidade, solidificada pelos encontros periódicos entre os Bispos, tem um vigoroso denominador comum: a fidelidade ao Magistério Pontifício, especificamente nas matérias mais delicadas como a doutrina sobre a procriação, a defesa da vida em todos os seus aspectos, as normas sobre os casamentos de segunda união, a não participação na política partidarista, as últimas indicações pontifícias sobre o comportamento moral dos clérigos, etc.
Esta posição está alicerçada por uma indiscutida solidariedade à figura do Santo Padre e às diretrizes claras e firmes que vem promulgando sobre os problemas de pedofilia. Neste sentido queremos afirmar o quanto atinge também a nós a atual fase difícil por que está passando a Igreja. Saiba, Santo Padre, que estamos integral e filialmente unidos a Sua Santidade. Nossas ações, nosso trabalho pastoral e nossa oração estão intimamente ligados e direcionados ao sucessor de Pedro.

O nosso povo do Estado do Rio de Janeiro é um povo fervorosamente religioso. Nos últimos cinco anos tem aumentado sensivelmente o número dos que participam das celebrações eucarísticas, e é notável o incremento das vocações sacerdotais. Há seminários do nosso Regional que estão lotados, e alguns deles com cerca de cem seminaristas.

Agradecemos a relevante participação de Bento XVI na V Conferência do Episcopado Latino Americano e do Caribe e os imensos frutos dela decorrentes, como o desenvolvimento da Missão Continental que em muitas das nossas dioceses está em plena expansão através das missões populares. As milhares de visitas domiciliares, já realizadas, têm propiciado o incremento substancial do número de fiéis que freqüentam os meios de formação das suas paróquias.
Na alegria que sentimos neste encontro com "o Sucessor do Apóstolo Pedro" que "confirma seus irmãos na fé", estamos desejosos de receber as suas orientações paternas para comunicá-las não apenas aos nossos diocesanos, mas também a todos esses milhões de brasileiros que veneram e amam o seu Pastor Supremo.

Solicitaríamos agora a Vossa Santidade de conceder a nós, ao nosso clero, aos consagrados e às consagradas, aos seminaristas, às famílias e a todos os fiéis leigos das nossas Igrejas Particulares sua paterna Bênção Apostólica e, ao mesmo tempo, suplicamos a Nossa Senhora Aparecida, Rainha e Padroeira do povo Brasileiro, que o cubra com a sua maternal proteção.

Rio de Janeiro, 25 de setembro de 2010.
Dom Rafael Llano Cifuentes
Bispo Emérito da Diocese de Nova Friburgo
Presidente do Regional Leste I da CNBB

PAPA FALA AOS BISPOS DO RIO DE JANEIRO.

Disurso do Santo Padre aos bispos do Regional Lesti 1 da CNBB na manhã deste sábado, 25 de setembro, em Castel Gandofo.

Venerados Irmãos no Episcopado,

Dou-vos as boas-vindas, feliz por receber-vos a todos no curso da visita ad limina Apostolorum que estais fazendo em nome e a favor das vossas dioceses do Regional Leste 1, para reforçar os laços que as unem ao Sucessor de Pedro. Disto mesmo se fez eco Dom Rafael Cifuentes nas palavras de saudação que me dirigiu em vosso nome e que lhe agradeço, muito apreciando as preces que dia a dia se elevam ao Céu por mim e pela Igreja inteira das várias comunidades familiares, paroquiais, religiosas e diocesanas das províncias eclesiásticas do Rio de Janeiro e de Niterói. Sobre todos e cada um desça, radiosa, a benevolência do Senhor: Ele «faça brilhar sobre ti a sua face, e Se compadeça de ti. O Senhor volte para ti o seu rosto e te dê a paz» (Nm 6, 25-26).

Sim, amados Irmãos, o fulgor de Deus irradie de todo o vosso ser e vida, à semelhança de Moisés (cf. Ex 34, 29.35) e mais do que ele, pois agora todos nós «refletimos a glória do Senhor e, segundo esta imagem, somos transformados, de glória em glória, pelo Espírito do Senhor» (2 Cor 3, 18). Assim o sentiam os Padres conciliares quando, no fim do Vaticano II, apresentam a Igreja nestes termos: «Rica de um longo passado sempre vivo, e caminhando para a perfeição humana no tempo e para os destinos últimos da história e da vida, ela é a verdadeira juventude do mundo. (…) Olhai-a e encontrareis nela o rosto de Cristo, o verdadeiro herói, humilde e sábio, o profeta da verdade e do amor, o companheiro e o amigo dos jovens» (Mensagem do Concílio à humanidade: Aos jovens). Deixando transparecer o rosto de Cristo, a Igreja é a juventude do mundo.
Mas será muito difícil convencer alguém disso mesmo, se não se revê nela a geração jovem de hoje. Por isso, como certamente vos destes conta, um tema habitual nos meus colóquios convosco é a situação dos jovens na respectiva diocese. Confiado na providência divina que amorosamente preside aos destinos da história não cessando de preparar os tempos futuros, apraz-me ver raiar o dia de amanhã nos jovens de hoje. Já o Venerável Papa João Paulo II, vendo Roma tornar-se «jovem com os jovens» no ano 2000, saudou-os como «as sentinelas da manhã» (Carta ap. Novo millennio ineunte, 9; cf. Homilia na Vigília de Oração da XV Jornada Mundial da Juventude, 19/VIII/2000, 6), com a tarefa de despertar os seus irmãos para se fazerem ao largo no vasto oceano do terceiro milênio. E, a comprová-lo, para além do mais aflui à memória a imagem das longas filas de jovens que esperavam para se confessar no Circo Máximo e que voltaram a dar a muitos sacerdotes a confiança no sacramento da Penitência.

Como bem sabeis, amados Pastores, o núcleo da crise espiritual do nosso tempo tem as suas raízes no obscurecimento da graça do perdão. Quando este não é reconhecido como real e eficaz, tende-se a libertar a pessoa da culpa, fazendo com que as condições para a sua possibilidade nunca se verifiquem. Mas, no seu íntimo, as pessoas assim «libertadas» sabem que isso não é verdade, que o pecado existe e que elas mesmas são pecadoras. E, embora algumas linhas da psicologia sintam grande dificuldade em admitir que, entre os sentidos de culpa, possa haver também os devidos a uma verdadeira culpa, quem for tão frio que não prove sentimentos de culpa nem sequer quando deve, procure por todos os meios recuperá-los, porque no ordenamento espiritual são necessários para a saúde da alma. De fato Jesus veio salvar, não aqueles que já se libertaram por si mesmos pensando que não têm necessidade d’Ele, mas quantos sentem que são pecadores e precisam d’Ele (cf. Lc 5, 31-32).

A verdade é que todos nós temos necessidade d’Ele, como Escultor divino que remove as incrustações de pó e lixo que se pousaram sobre a imagem de Deus inscrita em nós. Precisamos do perdão, que constitui o cerne de toda a verdadeira reforma: refazendo a pessoa no seu íntimo, torna-se também o centro da renovação da comunidade. Com efeito, se forem retirados o pó e o lixo que tornam irreconhecível em mim a imagem de Deus, torno-me verdadeiramente semelhante ao outro, que é também imagem de Deus, e sobretudo torno-me semelhante a Cristo, que é a imagem de Deus sem defeito nem limite algum, o modelo segundo o qual todos nós fomos criados. São Paulo exprime isto de modo muito concreto: «Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim» (Gl 2, 20). Sou arrancado ao meu isolamento e acolhido numa nova comunidade-sujeito; o meu «eu» é inserido no «eu» de Cristo e assim é unido ao de todos os meus irmãos. Somente a partir desta profundidade de renovação do indivíduo é que nasce a Igreja, nasce a comunidade que une e sustenta na vida e na morte. Ela é uma companhia na subida, na realização daquela purificação que nos torna capazes da verdadeira altura do ser homens, da companhia com Deus. À medida que se realiza a purificação, também a subida – que no princípio é árdua – vai-se tornando cada vez mais jubilosa. Esta alegria deve transparecer cada vez mais da Igreja, contagiando o mundo, porque ela é a juventude do mundo.

Venerados irmãos, uma tal obra não pode ser realizada com as nossas forças, mas são necessárias a luz e a graça que provêm do Espírito de Deus e agem no íntimo dos corações e das consciências. Que elas vos amparem a vós e às vossas dioceses na formação das mentes e dos corações. Levai a minha saudação afetuosa aos vossos jovens e respectivos animadores sacerdotais, religiosos e laicais. Ergam o olhar para a Imaculada Conceição, Nossa Senhora Aparecida, a cuja proteção vos entrego, e de coração concedo-vos, extensiva a todos os vossos fiéis diocesanos, a Bênção Apostólica.

Evangélicos e Católicos pedem que fiéis que não votem em candidatos do PT, por serem ‘favoráveis ao aborto’.

Replicando o discurso de parte da Igreja Católica, o pastor evangélico Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, pediu aos fiéis, durante um culto de domingo no final de setembro, que não votem em candidatos do PT.

O pedido, que foi divulgado no Youtube e exibido mais de 2 milhões de vezes, teve como base o posicionamento do partido sobre o aborto, o projeto de lei pela criminalização da homofobia e o divórcio, entre outros tópicos.

"Há um partido político que fechou questão sobre esses temas, que é o PT. [...] Ou seja: se um deputado, se um senador do PT votar contra, de acordo com sua consciência, qualquer uma dessas leis, ele é expulso do partido", disse Piragine.

O pastor citou o caso de dois deputados federais petistas que se posicionaram contra o aborto e, por causa disso, foram punidos pelo PT --Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), atualmente filiados ao PV.

"A igreja católica, então, emitiu nota pública dizendo: 'Não votem em ninguém do PT'. Eu diria para você a mesma coisa", disse ele, referindo-se à carta de um bispo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pregando o voto contra o PT, em julho deste ano.

O pastor fez ainda críticas ao PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos), encampado pelo governo federal e que, segundo ele, tem as mesmas propostas defendidas pelo PT.

"Se você olhar [no PNDH], você vai ver como a máquina estatal está mobilizada. 'Isso aqui é responsabilidade de pressão do Ministério da Justiça, do Ministério da Saúde...' E se os ministros de Estado que estão ligados a esse governo não trabalharem assim, perdem o seu cargo", disse o pastor.

À Folha, Piragine afirmou que estudou os estatutos de PT e PV, mas chegou à conclusão que apenas o PT impede o parlamentar de se posicionar contra tópicos aprovados em congresso partidário. Ainda segundo o pastor, este é o posicionamento apenas dele, e não da igreja.

O presidente do PT-PR, Ênio Verri, negou que o PT expulse ou puna os parlamentares que se posicionem contra o aborto ou qualquer dos tópicos abordados. "Não existe isso. Eu tenho essa posição contra o aborto e sou o presidente do partido. É [questão de] foro íntimo", disse.

Segundo ele, os deputados Bassuma e Afonso foram punidos pela forma como se manifestaram sobre a questão, sem levá-la para discussão com o partido, e não pelo posicionamento em si.

Verri lembrou que vários pastores e evangélicos são filiados ao PT. "Há o respeito e isso é histórico no PT."

ARCEBISPO TAMBÉM SE MANIFESTOU CONTRA PT:

O arcebispo de Belém (PA), dom Alberto Taveira Corrêa, divulgou carta com um manifesto antipetista que recomenda a "todos os cidadãos e cidadãs brasileiros" que, nas próximas eleições, "deem seu voto somente a candidatos e partidos contrários à descriminalização do aborto".

A carta reproduz o documento "Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras", elaborado no 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida, realizado em julho pela Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), com sede em São Paulo.

O documento lista nove pontos que mostram que o PT ou o governo do presidente Lula defenderam a descriminalização do aborto e cita indiretamente a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff.

O texto relata, por exemplo, que no 4º Congresso Nacional, em fevereiro, o PT apoiou o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, "assinado pelo presidente e pela ministra da Casa Civil [cargo ocupado por Dilma até abril]", no qual reafirmou a defesa da descriminalização do aborto.

Procurado pela reportagem, o arcebispo de Belém não quis comentar a carta.

No final de agosto, os bispos da Regional Sul 1 referendaram o documento e recomendaram sua divulgação.

O coordenador da Comissão em Defesa da Vida, da Regional Sul 1, padre Berardo Graz, disse que a posição da regional poderá ser defendida em missas ou em reuniões das pastorais.

Segundo ele, o PT "cometeu o pecado" de incluir a descriminalização do aborto em seu programa e por isso foi citado no documento. Outros partidos, como o PV e o PSOL, reúnem candidatos com diversos posicionamentos sobre o aborto.

A CNBB informou, por meio de sua assessoria, em Brasília, que sua posição sobre as eleições foi explicitada na "Declaração sobre o Momento Político Nacional", divulgada em maio, em que incentiva que sejam eleitas "pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida", ente outros pontos.


segunda-feira, 20 de setembro de 2010

A DOR E A ESPERANÇA.

Na semana passada celebramos a Festa da Exaltação da Santa Cruz e a memória de Nossa Senhora das Dores. São sinais eloquentes de situações concretas que hoje vivemos e que são iluminadas pela Palavra de Deus, que comemoramos neste mês de setembro (mês da Bíblia). Maria sempre nos acompanha em nossa reflexão, pois a Igreja nela encontra a inspiração e exemplo: “ela é saudada como membro supereminente e absolutamente singular da Igreja, e também como seu protótipo e modelo acabado da mesma, na fé e na caridade” (LG 53).

Maria, a mãe do Salvador, foi, sem dúvida, a pessoa que mais participou da paixão e morte do Senhor. Ela ouviu cada uma de suas palavras na Cruz. Ele, por sua vez, olha para a mãe com compaixão. Ela está em pé aos pés da Cruz e com dor profunda esteve atenta à agonia do seu Filho.O Redentor confia sua mãe ao discípulo e dá-la como mãe. Nesse momento, a maternidade de Maria atinge cada um de nós. Aos pés da Cruz é que o homem conhece a Mãe da Humanidade, Maria!

“E daquela hora o discípulo a levou para sua casa” (Jo 19,27).

Esse discípulo, por sua vez, assume o papel de filho, e, certamente, tem como resposta um amor de mãe.A liturgia para a celebração de Nossa Senhora das Dores, segundo algumas tradições, é de origem alemã. Em 1423, o Arcebispo de Colônia reúne o povo para fazer reparações ao coração de Maria, pois hereges haviam violado suas imagens na Diocese, em que Maria apresenta-se ao pé da Cruz. Em 1727, o Papa Bento XIII aprova os textos dessas celebrações de Colônia e a devoção se espalha rapidamente pela Igreja. Embora a devoção tenha sido divulgada após o século XV, a dor da Virgem, no entanto, foi sempre tida desde o início da Igreja como grande fonte de piedade mariana. Recorda-nos o texto bíblico quando Simeão diz a ela: “uma espada transpassará a sua alma” (Lc 2, 34-35).

Espada penetrante que Maria sofrerá. Dolorosa espada que será símbolo do caminho da Virgem, e que mais tarde a piedade tomará como sinal plástico das dores sofridas pela mãe do Redentor. A jornada de fé de Maria foi acompanhada pela dor: a fuga para o Egito (Mt 2, 13-14); o caso da perda do seu Filho no caminho de Jerusalém e a busca ansiosa para reencontrá-Lo (Lc 2, 43ss) são alguns exemplos, mas é evidente que na Cruz encontramos o cume desse caminho de sofrimento e dores.

Não podemos deixar de lembrar também o evento que foi retratado por grandes escultores e pintores: quando da entrega para o túmulo do corpo sem vida de seu Filho (Jo 19, 40-42). Devido a esta participação plena e amorosa, Maria torna-se para nós mãe na ordem da graça. Maria também expressa o modelo de perfeita união com Jesus na cruz. Ficar perto da cruz é uma tarefa desafiadora para ela e para todos os cristãos, que exige se alegrar com os que se alegram (Rm 12,15) e chorar com os que choram (Jo 19,25), como nos ensina a palavra de Deus.

Como em todas as festas marianas, também na de Nossa Senhora das Dores o pedido nos é claro: a perfeita participação de Maria na paixão de Cristo, pois Ele é o centro de toda liturgia mariana e de nossa vida.Com a sua paixão, Cristo quer libertar o homem, apontando-lhe o caminho, compartilhando com esse mesmo homem as alegrias e sofrimentos, a morte e a vida.

Esta paixão, porém, não é um fim em si mesmo, mas é para a vida: “Se o grão de trigo não cair na terra e não morrer, ele fica só, mas se morre, produz muito fruto” (Jo 12, 24), e a vida é interminável: “Nós sofremos com Ele para sermos também glorificados (II Tm 2,11).

Esta é a tensão escatológica da vida de cada existência cristã, tal como foi também para Maria, sendo para ela antecipada a glorificação. E esta esperança é que deve sustentar a Igreja. A dor de Maria foi o culminar de um longo sofrimento, permeado pelo silêncio. O seu olhar foi um olhar consolador de todas as dores. E ela se torna, para nós, uma peregrina terrena do sofrimento humano. Maria é aquela que sempre permaneceu fiel, humilde e amorosa em meio à humilhação, ela que tida como a mãe de um executado na cruz. Assim, ela se associa imensamente à redenção de seu Filho. Maria foi ouvida na dor de seu Filho quando, mesmo pregado na cruz e com extremo sofrimento, lembra-se dela, entregando-a ao discípulo amado.

A Igreja a invoca com vários títulos, mas aqui nós a veneramos na experiência do sofrimento. Com esta invocação, todos aqueles que passam pelas dores podem contemplar no cume do Gólgota a cruz com Cristo e Maria das Dores aos seus pés. Ao mesmo tempo em que estamos unidos a ela também experimentamos a sua proximidade para nos compreender nas nossas aflições. Há aqui uma enorme solidariedade do lamento humano da dor. Nas abadias e mosteiros cistercienses, ao final do dia ilumina-se com um feixe de luz a imagem, ou ao menos o rosto, de Nossa Senhora, e canta-se sempre a Salve Rainha – é o entregar o dia e a vida vivida no silêncio da noite nas mãos da mãe, nossa doçura e esperança enquanto aqui caminhamos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas.Maria Santíssima, Nossa Senhora das Dores, rogai por todos nós, especialmente por aqueles que são testados pela dor e pelo sofrimento, pela doença e pela falta de dignidade para viver!

Lembrai-vos de nós, ó piíssima Virgem Maria, pois nunca se ouviu dizer que pedindo à mãe o filho não atenda. Que nestes dias de dor e de angústia, quando vemos tantos e tantos de nossos irmãos e irmãs sofrendo desilusão, remorso, uma chaga de alma, eles possam sentir, querida mãe, o mesmo consolo e coragem manifestada no alto do Calvário. Que eles possam sentir logo a alegria da ressurreição e da glorificação experimentada com os apóstolos reunidos no cenáculo.

† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

O TEMPO PARA CONVERSÃO
Escutamos nesses domingos proclamações da Palavra que nos convidam a refletir sobre a nossa conversão concreta neste espaço de tempo que temos, que é a nossa vida. Na primeira leitura do 26º domingo (Am 6, 1ª.4-7) o profeta Amós nos apresenta uma denúncia contra os gananciosos que se sentem seguros e confiantes diante do poder e das riquezas, sem se preocuparem com os necessitados, esquecendo-se dos pobres e vivendo em abundância, em festas e orgias, continuando o tema do 25º domingo (Am 8, 4-7).

O mesmo contraste aparece também na parábola contada por Jesus, lida no 26º domingo: o homem rico e Lázaro (Lc 16, 19-31), formando esta um todo orgânico sobre o tema da justiça social, junto com a parábola do administrador desonesto, que lemos no 25º domingo (Lc 16, 1-13).

Na parábola do administrador desonesto, porém esperto, e na parábola do Pai misericordioso, do 24º domingo (Lc 15, 1-32), assim como na relação entre o rico e Lázaro, percebemos a importância do tempo para a reflexão e conversão que o Senhor nos concede. O filho mais novo que saiu de casa e com o tempo e os acontecimentos decidiu voltar, também o administrador que diz: “já sei o que fazer para que haja quem me receba em sua casa quando eu for despedido do emprego”: este também reflete para o tempo que ainda lhe resta.

Na parábola do homem rico e Lázaro, o tempo de conversão já passou e é isso que acontece ao homem cheio de bens, que foi em vida tão indiferente aos pobres, simbolizado pelo próprio Lázaro que ficou deitado ao lado de sua porta. Não havia mais tempo para apelar a Abraão. Ambos morreram – o pobre morreu e o rico também morreu (ninguém escapa da morte).

Mas, enquanto o rico estava na morada dos mortos, no meio dos tormentos, Lázaro foi levado para junto de Abraão e os Patriarcas para compartilhar com eles o banquete do reino.A parábola mostra-nos que o que condenou o rico foi a sua indiferença, como aparece na denúncia do profeta Amós. Entre eles há um abismo intransponível, razão pelo qual Abraão não pode enviar Lázaro para os injustos mudarem de vida enquanto têm tempo. São João Crisóstomo, comentando este evangelho, nos diz que o rico não pode ser desculpado pela ignorância, pois não pode dizer que não viu o pobre, já que este esteve à beira de sua porta.

O homem rico é acusado de orgulho. Sentiu-se melhor sendo rico, do que sendo sensível e aberto ao outro, assim nos explica Santo Agostinho. O seu arrependimento foi tardio e o seu pedido insólito, já que seus parentes também estavam fechados em sua própria riqueza, mantinham o mesmo estilo de vida.“Eles têm Moisés e os profetas, que os ouçam”. A lei de Moisés mandava amparar os pobres, e os profetas pediam a partilha com os indigentes. Recordamos novamente a leitura de Amós. Aqui é impossível não ter presente o mês da Bíblia: a Palavra de Deus já nos esclarece e ilumina nosso caminhar!

Interessante a resposta de Abraão: se não ouvem a Moisés, mesmo que ressuscite alguém dentre os mortos, eles não irão se convencer. E aqui recordamos com muita clareza que nem todos acreditaram, e até hoje não acreditam, mesmo tendo ocorrido a Ressurreição de Jesus. Na história da aparição de Jesus ressuscitado aos discípulos de Emaús, São Lucas volta ao tema do reconhecimento: quando Jesus é reencontrado por eles na mesa do pão e na sua distribuição, ou seja, no partilhar o pão. Lázaro é Jesus, coberto de chagas, deitado agora sobre a cruz (Santo Agostinho), e os seus próprios discípulos não o reconhecem, não o encontram, porque não são verdadeiros discípulos, não lhes queima o coração quando Ele mesmo nos fala através de Sua Igreja.

Não o reconhecemos, pois não partilhamos, não nos compadecemos com o outro. Entre nós está e não o reconhecemos! Todo o trabalho social que fazemos se baseia em reconhecer Jesus no outro, pois quando ocorre O encontramos no pobre e excluído. Tudo o que fizerdes ao menor dos meus irmãos é a mim que fazeis, nos recorda Jesus. O tempo que utilizamos para essa missão é de encontro com o Senhor. Ainda hoje, num mundo marcado por ganâncias, violências, falta de respeito à vida, disputas de poder, por intrigas, por fofocas, por busca desenfreada de prestígio e de posições, nós devemos viver um tempo forte de penitência, de conversão e de mudança de vida.

Ainda hoje tantos são os homens e mulheres de boa vontade que teimam em não reconhecer Jesus!Nestes dias, ocorre em paróquias e grupos específicos de nossa arquidiocese a “Campanha Daniel” de Jejum e Orações (Dn 10, 2-3) durante 21 dias, movimentando milhares de pessoas buscando vida de conversão e fidelidade!

São muitas iniciativas que a cada dia acontecem, demonstrando a ação do Espírito Santo na vida da Igreja.Voltemos, porém, ao tema do tempo de reflexão que nos é apresentado. Peçamos ao Senhor que reconheçamos esse tempo da graça de Deus na oração e na caridade, para assim podermos aceitar e reconhecer o Senhor em nossas vidas e colocar o dinheiro no seu devido lugar: a serviço da caridade, do amor e da construção de uma sociedade mais justa e fraterna. Aproveitemos nosso tempo para fazer o bem, partilhando o que temos e encontrando-nos com o Senhor!
† Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

PT: Partido ou Religião?

1. Existe algum partido da Igreja Católica?

A Igreja, justamente por ser católica, isto é, universal, não pode estar confinada a um partido político. Ela “não se confunde de modo algum com a comunidade política”[1] e admite que os cidadãos tenham “opiniões legítimas, mas discordantes entre si, sobre a organização da realidade temporal”[2].

2. Então os fiéis católicos podem-se filiar a qualquer partido?
Não. Há partidos que abusam da pluralidade de opinião para defender atentados contra a lei moral, como o aborto e o casamento de pessoas do mesmo sexo. “Faz parte da missão da Igreja emitir juízo moral também sobre as realidades que dizem respeito à ordem política, quando o exijam os direitos fundamentais da pessoa ou a salvação das almas”[3].

3. O Partido dos Trabalhadores (PT) defende algum atentado contra a lei moral?
Sim. No 3º Congresso do PT, ocorrido entre agosto e setembro de 2007, foi aprovada a resolução “Por um Brasil de mulheres e homens livres e iguais”, que inclui a “defesa da autodeterminação das mulheres, da descriminalização do aborto e regulamentação do atendimento a todos os casos no serviço público”[4].

4. Todo político filiado ao PT é obrigado a acatar essa resolução?
Sim. Para ser candidato pelo PT é obrigatória a assinatura do Compromisso do Candidato Petista, que “indicará que o candidato está previamente de acordo com as normas e resoluções do Partido, em relação tanto à campanha como ao exercício do mandato” (Estatuto do PT, art. 128, §1º[5]).

5. Que ocorre se o político contrariar uma resolução do Partido como essa, que apoia o aborto?
Em tal caso, ele “será passível de punição, que poderá ir da simples advertência até o desligamento do Partido com renúncia obrigatória ao mandato” (Estatuto do PT, art. 128, §2º). Em 17 de setembro de 2009, dois deputados foram punidos pelo Diretório Nacional. O motivo alegado é que eles “infringiram a ética-partidária ao ‘militarem’ contra resolução do 3º Congresso Nacional do PT a respeito da descriminalização do aborto”[6].

6. O PT agiu mal ao punir esses dois deputados?
Agiu mal, mas agiu coerentemente. Sendo um partido abortista, o PT é coerente ao não tolerar defensores da vida em seu meio. A mesma coerência devem ter os cristãos não votando no PT.

7. Mas eu conheço abortistas que pertencem a outros partidos, como o PSDB, o PMDB, o DEM...
Os políticos que pertencem a esses partidos podem ser abortistas por opção própria, mas não por obrigação partidária. Ao contrário, todo político filiado ao PT está comprometido com o aborto.

8. Talvez haja algum político que se tenha filiado ao PT sem prestar atenção ao compromisso pró-aborto que estava assinando...
Nesse caso, é dever do político pró-vida desfiliar-se do PT, após ter verificado o engano cometido.

9. Houve políticos que deixaram o PT e se filiaram ao Partido Verde (PV). Os cristãos podem votar neles?
Infelizmente não. Ao deixarem o PT e se filiarem ao PV, eles trocaram o seis pela meia dúzia. O PV é outro partido que exige de seus filiados a adesão à causa abortista. Seu estatuto diz: “São deveres dos filiados ao PV: obedecer ao Programa e ao Estatuto” (art. 12, a )[7]. E o Programa do PV, ao qual todo filiado deve obedecer, defende a “legalização da interrupção voluntária da gravidez”[8].

10. Que falta comete um cristão que vota em um candidato de um partido abortista, como o PT?
Se o cristão vota no PT consciente de tudo quanto foi dito acima, comete pecado grave, porque coopera conscientemente com um pecado grave.

O Catecismo da Igreja Católica (n. 1868) ensina sobre a cooperação com o pecado de outra pessoa: “O pecado é um ato pessoal. Além disso, temos responsabilidade nos pecados cometidos por outros, quando neles cooperamos: participando neles direta e voluntariamente; mandando, aconselhando, louvando ou aprovando esses pecados; não os revelando ou não os impedindo, quando a isso somos obrigados; protegendo os que fazem o mal.”

Ora, quem vota no PT, de fato aprova, ou seja, contribui com seu voto para que possa ser praticado o que constitui um pecado grave.

PT: Partido ou Religião?
Quando um cidadão encontra o Partido dos Trabalhadores, encontra um tesouro. Vale a pena vender tudo para comprar o campo onde o tesouro está enterrado. O PT não é o melhor dos partidos políticos. É o único partido verdadeiro. Os outros são simulacros de partido.
A alegria de ter encontrado a verdade, faz com que o cidadão, para filiar-se ao PT, renuncie a tudo. Uma vez filiado, ele não terá mais direito de escolher seus candidatos.
Seu dever será “votar nos candidatos indicados” pelo Partido.
(Estatuto do Partido dos Trabalhadores, aprovado em 05/10/2007, art. 14, inciso VI).

Se for candidato a um mandato parlamentar, deverá reconhecer expressamente que o mandato não é seu, mas que “pertence ao partido” (art. 69, inciso I). A obediência ao Partido é sagrada. Está acima de tudo: de suas opiniões pessoais, de suas convicções, das reivindicações dos eleitores. Só em casos extremamente excepcionais, o parlamentar poderá ser dispensado de cumprir as ordens do alto, para seguir sua consciência ou o clamor dos que nele votaram (art. 67 § 2º).

Com alegria o filiado pagará anualmente uma contribuição proporcional ao seu rendimento (art. 170). Se ocupar um cargo executivo ou legislativo, a contribuição não será anual, mas mensal, obedecendo a uma tabela progressiva (art. 171 e 173). Mas a alegria de ser filho do verdadeiro Partido faz com que todas essas imposições pareçam leves.

Dentro do Partido, zela-se não só pela unidade (“que todos sejam um”), mas pela uniformidade. Frações, públicas ou internas ao Partido, são expressamente proibidas (art. 233 §4º). No entanto, os filiados podem organizar-se em “tendências” (art. 233). Estas, porém, estão submissas às decisões partidárias e ao encaminhamento prático do Partido (art. 238). Nenhum filiado poderia, por exemplo, organizar uma tendência para combater o “casamento” de homossexuais ou a legalização do aborto, que são bandeiras do Partido.

As tendências não podem ter sedes próprias (art. 235 “caput”), não podem reunir-se com não-filiados (art. 235 §3º) e não podem difundir suas posições fora do Partido (art. 236 §1º). Mesmo que uma tendência deseje publicar documentos seus contendo posições oficiais do Partido, está proibida de fazê-lo (art. 236 §2º). O petista submete-se a todo este mecanismo de controle, ciente de que o Partido sabe o que faz.

Se sou vereador e o Partido me proíbe de propor um projeto de lei pró-vida, não tenho motivo para reclamar. O Partido deve ter suas razões. Se sou senador e cabe a mim a tarefa de emitir um relatório sobre um projeto de aborto, eu, por fidelidade ao PT, não posso manifestar-me contra a proposta. Devo agradecer ao Partido por ele, benignamente, permitir que eu passe o encargo de relator a um colega abortista. Se sou deputado federal e o Partido manda que eu me ausente de uma sessão deliberativa, onde meu voto, contrário ao aborto, atrapalhará a aprovação de um projeto, a resignação será minha melhor atitude.

Tudo isso e muito mais vale a pena. Pois todos os outros partidos são comprometidos com as oligarquias, com o neoliberalismo, com a classe dos opressores, e não dão importância aos pobres, aos excluídos, aos marginalizados, aos explorados, aos sem voz e sem vez. Pertencer ao PT é uma glória tão grande que justifica qualquer custo.

Se sou petista, pouco me importa que Lula e Fidel Castro tenham fundado em 1990 o Foro de São Paulo para fortalecer a ditadura cubana, após a queda da União Soviética.

Se sou petista, não quero saber por que durante anos nenhum parlamentar petista, desde a mais humilde Câmara Municipal até o Senado Federal, ousou propor um projeto de lei antiabortista. Nem me interessa questionar a punição de dois deputados que ousaram apresentar propostas legislativas pró-vida.

Se sou petista, pouco me importa que Dilma Rousseff defenda a legalização do aborto como “questão de saúde pública”[9].

Muito menos que Dilma e Lula tenham assinado em dezembro de 2009, o 3º Programa Nacional de Direitos Humanos, que defende a descriminalização do aborto, o reconhecimento da prostituição como uma profissão, a união civil de pessoas do mesmo sexo e a adoção de crianças por duplas homossexuais[10].

Aliás, o bom petista jamais chegaria até esta linha do artigo. Muito antes já teria parado a leitura por considerá-la perigosa à fé que ele tem no Partido.
Agora, uma pergunta final, com vistas às eleições de outubro: pode um cristão votar no PT? Só há um jeito: trocar sua Certidão de Batismo pela Certidão de Petismo. Duas religiões antagônicas não podem coexistir num mesmo fiel.

Um cristão não pode apoiar com seu voto um candidato comprometido com o aborto:

– ou pela pertença a um partido que obriga o candidato a esse compromisso (é o caso do PT);

– ou por opção pessoal.

Anápolis, 12 de julho de 2010.
Pe. Luiz Carlos Lodi da Cruz.

[1] Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, n. 76.

[2] Concílio Vaticano II, Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, n. 75.

[3] Catecismo da Igreja Católica, n. 2246, citando “Gaudium et Spes, n. 76.

[4] Resoluções do 3º Congresso do PT, p. 80. in:
http://old.pt.org.br/portalpt/images/stories/arquivos/livro%20de%20resolucoes%20final.pdf

[5] Estatuto do Partido dos Trabalhadores, Versão II, aprovada pelo Diretório Nacional em 5 out. 2007, in: http://www.pt.org.br/portalpt/dados/bancoimg/c091003181315estatutopt.pdf

[6] DN suspende direitos partidários de Luiz Bassuma e Henrique Afonso. Notícias. 17 set. 2009, in: http://www.pt.org.br/portalpt/documentos/dn-suspende-direitos-partidarios-de-luiz-bassuma-e-henrique-afonso-254.html

[7] http://www.pv.org.br/download/estatuto_web.pdf

[8] Programa: 7 - Reprodução Humana e Cidadania Feminina, in: http://www.pv.org.br/download/programa_web.pdf.

[9] Dilma Rousseff defende legalização do aborto. 28 mar. 2009, Diário do Nordeste, in: http://diariodonordeste.globo.com/materia.asp?codigo=626312

[10] http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Decreto/D7037.htm.

Ajoelhar-se na Missa ajuda a vencer idolatria, explica perito em liturgia‏.

O perito em liturgia e arte sacra, Monsenhor Marco Agostini, assegurou que ajoelhar-se na Missa é uma boa maneira de vencer a idolatria pois é uma resposta do homem à "Epifania de Cristo".

Mons. Agostini, oficial da segunda seção da secretaria de Estado e um dos mestres de cerimônia pontifícios, escreveu no jornal L'Osservatore Romano, que os formosos pavimentos de muitas igrejas antigas foram "feitos para os joelhos dos fiéis" como um "tapete perene de pedras" para a oração e a humildade.

"Hoje os genuflexórios desapareceram em muitas igrejas e se tende a remover os balaustres diante dos quais alguém podia se aproximar da comunhão de joelhos", sustenta o perito segundo uma tradução do texto divulgada pelo vaticanista Sandro Magister.

"Entretanto no Novo Testamento o gesto de ajoelhar-se apresenta cada vez que se apresenta a divindade de Cristo a alguém: pense-se por exemplo nos Magos, o cego de nascimento, a unção de Betânia, a Madalena no jardim na manhã de Páscoa", acrescenta Mons. Agostini.

O perito recorda que "Jesus mesmo disse a Satanás, que queria impor-lhe uma genuflexão equivocada, pois só a Deus se deve dobrar o joelho. Satanás pede ainda hoje que se escolha entre Deus ou o poder, Deus ou a riqueza, e trata ainda mais profundamente. Mas assim não se dará glória a Deus de maneira nenhuma; os joelhos se dobrarão para aqueles que o poder lhes favoreceu, para aqueles aos quais se tem o coração unido através de um ato".

"Voltar a ajoelhar-se na Missa é um bom exercício de treinamento para vencer a idolatria na vida, além de ser um dos modos da 'actuosa participatio' dos que fala o último Concílio.

A prática é útil também para perceber a beleza dos pavimentos (ao menos dos antigos) de nossas igrejas. Frente a alguns dá vontade de tirar os sapatos como fez Moisés diante de Deus que lhe falava da sarça ardente", assinala.

Para Magister, "ajoelhar-se hoje –especialmente sobre o piso– caiu em desuso. Tanto é assim que suscita surpresa o desejo de Bento XVI de dar a comunhão aos fiéis na boca e de joelhos".

"Mas mais que de uma novidade, se trata de um retorno à tradição. As outras são o crucifixo ao centro do altar, 'para que todos na missa olhem para Cristo e não para uns aos outros', e o uso freqüente do latim 'para sublinhar a universalidade da fé e a continuidade da Igreja'", explica Magister.

O vaticanista sustenta que "perdeu-se de vista também o sentido da pavimentação das igrejas. Tradicionalmente muitas delas foram ornamentadas precisamente para servir de fundamento e guia à grandeza e profundidade dos mistérios celebrados".

"Hoje poucos são os que advertem que pavimentos tão formosos e preciosos são feitos também para os joelhos dos fiéis: um tapete de pedra sobre o qual prostrar-se diante do esplendor da epifania divina", acrescenta.

Bispos advertem eleitores sobre o PT.

Bispos advertem sobre o PT

Ontem, 14 de setembro, festa da Exaltação da Santa Cruz, lembrei-me da inteção de Lula e Dilma de retirar as imagens de Cristo crucificado das repartições públicas (talvez para substituí-las por estrelas vermelhas com cinco pontas...).

Hoje, 15 de setembro, memória de Nossa Senhora das Dores, lembrei-me do quanto Ela sofreu por nós junto com seu Filho e pedi pelo Brasil. Há exatamente 21 anos eu me consagrava a Ela na qualidade de escravo, segundo o método de São Luís Maria Grignion de Montfort.

A perseverança na oração é a chave de tudo. Enquanto não desistirmos de rezar, teremos segurança.Encaminho dois documentos importantes. O primeiro é de autoria dos Bispos do Regional Sul 1 (Estado de São Paulo) "dando nome aos bois" ao orientar os eleitores. O segundo é do Bispo Emérito de Anápolis Dom Manoel Pestana, referindo-se a José Serra, não como o "menor mau", mas como um "incêndio limitado" comparado à "catástrofe incontrolável" de Dilma-PT. A orientação de Dom Pestana é importante para aqueles que, inconformados com todos os candidatos, pensam em anular seu voto.

Bispos advertem eleitores sobre o PT

(e pedem ampla divulgação de seu apelo)

Dom Luiz Gonzaga Bergonzini, Bispo de Guarulhos (SP), não está sozinho em sua recomendação de não votar em Dilma Roussef[1]. Desta vez o Regional Sul 1 da CNBB (que inclui todas as dioceses do Estado de São Paulo) aprovou e recomendou a “ampla difusão” do documento “Apelo a todos os brasileiros e brasileiras”. O texto recomenda que os cidadãos “deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalização do aborto”. Antes, porém, em seus vários “considerando”, o documento relata vários fatos que comprovam a ligação entre o Partido dos Trabalhadores (PT) e sua candidata com a causa pró-aborto.

O Arcebispo de Belém do Pará Dom Alberto Taveira Correia em 27/08/2010 resolveu divulgar o texto do Regional Sul 1 “sugerindo que muitas outras pessoas o façam”[2].

NOTA DA COMISSÃO EPISCOPAL REPRESENTATIVA DO CONSELHO EPISCOPAL REGIONAL SUL 1 – CNBB[3]

A Presidência e a Comissão Representativa dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, em sua Reunião ordinária, tendo já dado orientações e critérios claros para VOTAR BEM, acolhem e recomendam a ampla difusão do APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS elaborado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 que pode ser encontrado no seguinte endereço eletrônico www.cnbbsul1.org.br.

São Paulo, 26 de Agosto de 2010.

Dom Nelson Westrupp, scj
Presidente doCONSER-SUL 1

Dom Benedito Beni dos Santos
Vice-presidente doCONSER-SUL 1

Dom Airton José dos Santos
Secretário Geral doCONSER-SUL 1

APELO A TODOS OS BRASILEIROS E BRASILEIRAS

Nós, participantes do 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida (CDDVs), organizado pela Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB e realizado em S. André no dia 03 de julho de 2010,

- considerando que, em abril de 2005, no IIº Relatório do Brasil sobre o Tratado de Direitos Civis e Políticos, apresentado ao Comitê de Direitos Humanos da ONU (nº 45) o atual governo comprometeu-se a legalizar o aborto,

- considerando que, em agosto de 2005, o atual governo entregou ao Comitê da ONU para a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (CEDAW) documento no qual reconhece o aborto como Direito Humano da Mulher,

- considerando que, em setembro de 2005, através da Secretaria Especial de Política das Mulheres, o atual governo apresentou ao Congresso um substitutivo do PL 1135/91, como resultado do trabalho da Comissão Tripartite, no qual é proposta a descriminalização do aborto até o nono mês de gravidez e por qualquer motivo, pois com a eliminação de todos os artigos do Código Penal, que o criminalizam, o aborto, em todos os casos, deixaria de ser crime,

- considerando que, em setembro de 2006, no plano de governo do 2º mandato do atual Presidente, ele reafirma, embora com linguagem velada, o compromisso de legalizar o aborto,

- considerando que, em setembro de 2007, no seu IIIº Congresso, o PT assumiu a descriminalização do aborto e o atendimento de todos os casos no serviço público como programa de partido, sendo o primeiro partido no Brasil a assumir este programa,

- considerando que, em setembro de 2009, o PT puniu os dois deputados Luiz Bassuma e Henrique Afonso por serem contrários à legalização do aborto,

- considerando como, com todas estas decisões a favor do aborto, o PT e o atual governo tornaram-se ativos colaboradores do Imperialismo Demográfico que está sendo imposto em nível mundial por Fundações Internacionais, as quais, sob o falacioso pretexto da defesa dos direitos reprodutivos e sexuais da mulher, e usando o falso rótulo de “aborto - problema de saúde pública”, estão implantando o controle demográfico mundial como moderna estratégia do capitalismo internacional,

- considerando que, em fevereiro de 2010, o IVº Congresso Nacional do PT manifestou apoio incondicional ao 3º Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH3), decreto nº 7.037/09 de 21 de dezembro de 2009, assinado pelo atual Presidente e pela ministra da Casa Civil, no qual se reafirmou a descriminalização do aborto, dando assim continuidade e levando às últimas consequências esta política antinatalista de controle populacional, desumana, antissocial e contrária ao verdadeiro progresso do nosso País,

- considerando que este mesmo Congresso aclamou a própria ministra da Casa Civil como candidata oficial do Partido dos Trabalhadores para a Presidência da República,

- considerando enfim que, em junho de 2010, para impedir a investigação das origens do financiamento por parte de organizações internacionais para a legalização e a promoção do aborto no Brasil, o PT e as lideranças partidárias da base aliada boicotaram a criação da CPI do aborto que investigaria o assunto,

RECOMENDAMOS encarecidamente a todos os cidadãos e cidadãs brasileiros e brasileiras, em consonância com o art. 5º da Constituição Federal, que defende a inviolabilidade da vida humana e, conforme o Pacto de S. José da Costa Rica, desde a concepção, independentemente de sua convicções ideológicas ou religiosas, que, nas próximas eleições, deem seu voto somente a candidatos ou candidatas e partidos contrários à descriminalizacão do aborto.

Convidamos, outrossim, a todos para lerem o documento “Votar Bem” aprovado pela 73ª Assembléia dos Bispos do Regional Sul 1 da CNBB, reunidos em Aparecida no dia 29 de junho de 2010 e verificarem as provas do que acima foi exposto no texto “A Contextualização da Defesa da Vida no Brasil” (http://www.cnbbsul1.org.br/arquivos/defesavidabrasil.pdf), elaborado pelas Comissões em Defesa da Vida das Dioceses de Guarulhos e Taubaté, ligadas à Comissão em Defesa da Vida do Regional Sul 1 da CNBB, ambos disponíveis no site desse mesmo Regional.COMISSÃO EM DEFESA DA VIDA DO REGIONAL SUL 1 DA CNBB

Serra, um “incêndio limitado”

Neste momento, muitos perguntam em quem votar para Presidente da República. Dilma Roussef (PT) e Marina Silva (PV) pertencem a partidos explicitamente comprometidos com o aborto. O partido de José Serra (PSDB) não é abortista, mas o candidato assinou, em novembro de 1998, quando era Ministro da Saúde, uma Norma Técnica que instituiu a prática do aborto no Sistema Único de Saúde em nível federal, para crianças de até cinco meses supostamente concebidas em um estupro.

A introdução oficial do financiamento do aborto pelo SUS é uma mancha no histórico de Serra que escandaliza muitos eleitores.

Sem negar a gravidade do ato praticado pelo então Ministro, o Bispo Emérito de Anápolis Dom Manoel Pestana Filho afirma que votar em Serra seria escolher um “incêndio limitado” em vez de uma “catástrofe incontrolável”. O Bispo acredita que as raízes cristãs de Serra – que já foi simpatizante da Juventude Universitária Católica (JUC) – não o deixarão “ir tão longe e tão fundo”. Crê ainda que haja esperança de conversão para esse candidato, esperança essa que absolutamente não existe para Dilma e Lula.

De fato, Serra nunca foi um “militante” abortista. A Norma por ele assinada, por abominável que seja, não foi de sua autoria. Já estava elaborada por militantes pró-aborto quando ele assumiu o Ministério da Saúde. Como Ministro, ele deixou-se enganar pela falácia de que no Brasil o aborto é “legal” quando a gravidez resulta de estupro, confundindo assim a não aplicação da pena (“não se pune...”) com a licitude da conduta (art. 128,II, CP). Nada disso justifica o que ele fez, mas serve como atenuante. Ao contrário, não encontramos nada de atenuante na política “furiosamente abortista” dos dois governos Lula.

Leiamos a mensagem de 25/08/2010 enviada por Dom Pestana a José Serra com o título sugestivo “Carta de apoio eleitoral”:

Caro Serra,

Conheci o Sr. jovem ainda, simpatizante da JUC, num encontro em SP. Parecia-me inclinado à esquerda, um pouco deslumbrado, mas confiável. Acima de tudo com raízes cristãs. Lá estava também, se bem me lembro, o Plínio de Arruda Sampaio.

Eu era uma figura discreta, de batina preta, sonhando no inicio do sacerdócio com dedicar-me ao trabalho de formação de líderes cristãos, capazes de pesar positivamente no futuro da Igreja e da Pátria. Tempo de belos sonhos, ainda muito ingênuos mas decididos.

Mais tarde, encontrei-o poucas vezes, antes de vê-lo em Brasília, no Ministério da Saúde, quando protestava contra a sua Portaria que abria a porta ao aborto “legal” (!)[4].

Pudemos nos ver em Anápolis, na inauguração da Universidade de Goiás, quando ameaçou, em alta voz, prender o Pe. Lodi na sua campanha heróica.

Agora estamos diante de uma encruzilhada trágica, entre o PT, furiosamente abortista e desabridamente amoral, e a sua posição também sanguinária, mas por enquanto mais comedida, porque creio que a sua história e as suas raízes não o deixarão ir tão longe e tão fundo.

Agora não se trata de escolher o menor mal, mas entre uma catástrofe incontrolável e um incêndio limitado.

Penso que os responsáveis entre nós por essa avalanche continental da esquerda revanchista, pelo menos rezem (Oxalá ainda se lembrem de rezar!), para que o Serra se converta porque com Dilma e Lula não creio haver a mínima esperança de conversão.

Assim, ao menos a maldição do aborto não se perpetue com o desmantelamento da moral e possamos voltar a tempos melhores, que não me parece que mereçamos, devido ao nosso arrefecimento religioso e à busca desenfreada e imoral de vantagens, com toda espécie de capitulações traidoras.

Resolvi escrever estas linhas devido à minha preocupação pelo futuro desta Pátria tão cheia de maravilhas, talvez um gigante ainda adormecido em berço esplêndido, mas que poderá conhecer dias melhores se tiver filhos dignos, que saibam defender a vida em todos os momentos.

Dom Manoel Pestana Filho
Bispo Emérito de Anápolis – Goiás

[1] Cf. “Dai a César o que é de César e a Deus o que é de Deus”, 29 jul. 2010, in: http://www.diocesedeguarulhos.org.br/miolo.asp?fs=menu&seq=701&gid=10

[2] Cf. http://blog.cancaonova.com/felipeaquino/2010/08/30/em-defesa-da-vida-humana/

[3] Cf. http://www.cnbbsul1.org.br/index.php?link=news/read.php&id=5742

[4] Foi em 09/11/2001, na “Marcha contra o terror no SUS”, por ocasião do terceiro aniversário da Norma Técnica do aborto.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Revista Época revela o lado obscuro da biografia de Dilma Roussef.

Entre 1967 e 1970, a estudante Dilma Rousseff combateu a ditadura militar. O que os processos da justiça militar revelam sobre a jovem que se tornou líder de uma das organizações que pegaram em armas contra o governo Leandro Loyola, Eumano Silva e Leonel Rocha.

Em outubro de 1968, o Serviço Nacional de Informações (SNI) produziu um documento de 140 páginas sobre o estado da guerra revolucionária no país. Quatro anos após o golpe que instalou a ditadura militar no Brasil, grupos de esquerda promoviam ações armadas contra o regime. O relatório lista assaltos a bancos, atentados e mortes. Em Minas Gerais, o SNI se preocupava com um grupo dissidente da organização chamada Polop (Política Operária). O texto afirma que reuniões do grupo ocorriam em um apartamento na Rua João Pinheiro, 82, em Belo Horizonte, onde vivia Cláudio Galeno Linhares. Entre os militantes aparece Dilma Vana Rousseff Linhares, descrita como esposa de Cláudio Galeno de Magalhães Linhares (Lobato). É estudante da Faculdade de Ciências Econômicas e seus antecedentes estão sendo levantados. Dilma e a máquina repressiva da ditadura começavam a se conhecer.

Durante os cinco anos em que essa máquina funcionou com maior intensidade, de 1967 a 1972, a militante Dilma Vana Rousseff (ou Estela, ou Wanda, ou Luiza, ou Marina, ou Maria Lúcia) viveu mais experiências do que a maioria das pessoas terá em toda a vida. Ela se casou duas vezes, militou em duas organizações clandestinas que defendiam e praticavam a luta armada, mudou de casa frequentemente para fugir da perseguição da polícia e do Exército, esteve em São Paulo, Minas Gerais, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul, adotou cinco nomes falsos, usou documentos falsos, manteve encontros secretos dignos de filmes de espionagem, transportou armas e dinheiro obtido em assaltos, aprendeu a atirar, deu aulas de marxismo, participou de discussões ideológicas trancada por dias a fio em aparelhos, foi presa, torturada, processada e encarou 28 meses de cadeia.
Hoje candidata do PT à Presidência da República, Dilma fala pouco sobre esse período. ÉPOCA pediu, em várias ocasiões nos últimos meses, uma entrevista a Dilma para esclarecer as dúvidas que ainda existem sobre o assunto (leia algumas delas no quadro da última página). Todos os pedidos foram negados.

Na última sexta-feira, a assessoria de imprensa da campanha de Dilma enviou uma nota à revista em que diz que a candidata do PT nunca participou de ação armada. Dilma não participou, não foi interrogada sobre o assunto e sequer denunciada por participação em qualquer ação armada, não sendo nem julgada e nem condenada por isso. Dilma foi presa, torturada e condenada a dois anos e um mês de prisão pela Lei de Segurança Nacional, por subversão, numa época em que fazer oposição aos governos militares era ser subversivo, diz a nota.

Dilma foi denunciada por chefiar greves e assessorar assaltos a banco.

A trajetória de Dilma na luta contra a ditadura pode ser conhecida pela leitura de mais de 5 mil páginas de três processos penais conduzidos pelo Superior Tribunal Militar nas décadas de 1960 e 1970. Eles estão no acervo do projeto Brasil: Nunca Mais, à disposição na sala Marco Aurélio Garcia (homenagem ao assessor internacional da Presidência) no arquivo Edgard Leuenroth, que funciona em um prédio no campus da Universidade de Campinas, em São Paulo, e em outros arquivos oficiais. A leitura de relatórios, depoimentos e recursos burocráticos permite conhecer um período da vida de uma pessoa que mergulhou no ritmo alucinante de um tempo intenso.
O contexto internacional dos anos 1960, de um mundo dividido entre direita e esquerda, em blocos de países capitalistas e comunistas, propiciava opções radicais. O golpe militar de 1964 instaurou no Brasil um regime ditatorial que sufocou as liberdades no país e reprimiu oposições. Milhares de pessoas foram presas por se opor ao regime, centenas foram assassinadas após sessões de tortura promovidas por uma horda de agentes públicos mantidos ocultos ou fugiram para o exílio para escapar da repressão.

Dilma Rousseff foi um desses jovens marxistas que, influenciados pelo sucesso da revolução em Cuba liderada por Fidel Castro nos anos 50, se engajaram em organizações de luta armada com a convicção de que derrubariam a ditadura e instaurariam um regime socialista no Brasil.
Dilma está entre os sobreviventes da guerra travada entre o regime militar e essas organizações. Filha de um búlgaro e uma brasileira, estudante do tradicional colégio Sion, de Belo Horizonte, a vida de classe média alta de Dilma mudou a partir do casamento com o jornalista Cláudio Galeno Magalhães Linhares, em 1967. (Dilma) Ingressou nas atividades subversivas em 1967, levada por Galeno Magalhães Linhares, então seu noivo, afirma um relatório de 1970 da 1a Auditoria Militar. As primeiras menções a Dilma em documentos oficiais a citam como integrante de uma dissidência da Polop. Esse grupo adotou o nome de Organização. Com novas adesões de militantes que abandonaram o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), a Organização se transformou em Colina (Comando de Libertação Nacional). Em seu documento básico, o Colina aderiu às ideias de Régis Debray, autor francês que, inspirado na experiência cubana de Fidel Castro, defendia a propagação de revoluções socialistas a partir de focos guerrilheiros. A doutrina de Debray ficou conhecida como foquismo. Ex-contemporâneos de prisão citam o apartamento de Dilma da Rua João Pinheiro, em Belo Horizonte, como um dos principais pontos de reuniões da organização. Em depoimento prestado no dia 4 de março de 1969, o militante do Colina Ângelo Pezzutti afirma que encontrou-se (com outro militante) algumas vezes no apartamento 1.001, Condomínio Solar, residência de Galeno e Dilma. Dilma é citada como responsável por ministrar aulas de marxismo, comandar uma célula na universidade para atrair novos militantes para a causa. Em princípios de 1968, o declarante, por recomendação de Carlos Alberto, coordenou uma célula política, na qual tomaram parte Dilma, estudante de economia, cujo nome de guerra é Estela, Erwin e Oscar (nomes de outros dois militantes), diz o depoimento de outro militante, Jorge Raimundo Nahas.

O objetivo principal dessa célula era trabalhar o meio estudantil. Um dos universitários recrutados foi Fernando Damata Pimentel, de 17 anos. Ex-prefeito de Belo Horizonte, Pimentel é candidato ao Senado pelo PT e é um dos coordenadores da campanha de Dilma. De acordo com os depoimentos, nas reuniões muitas realizadas no apartamento de Dilma o grupo decidia suas ações.

Em seu depoimento, Nahas afirmou que parte do Colina, com o decorrer do tempo, passou a acreditar que a organização deveria ter um caráter mais militar. Foram criados setores de ex-propriação, levantamento de áreas, sabotagem e inteligência e informações. Dilma e Oscar permaneceram no setor estudantil, diz Nahas.

Essa decisão marca um ponto de inflexão na curta história do Colina. O grupo passou a fazer ações armadas. O historiador Jacob Gorender, que esteve preso com Dilma no presídio Tiradentes, em São Paulo, é autor de Combate nas trevas, o mais completo relato da luta armada contra a ditadura militar. Ele afirma que o Colina foi uma das poucas organizações a fazer a pregação explícita do terrorismo. De acordo com Gorender, em 1968, o Colina já aderira à luta armada. Segundo ele, no dia 1o de julho de 1968, o Colina matou por engano o oficial militar alemão Otto Maximilian von Westernhagen, que fazia um curso no Rio de Janeiro. A intenção do Colina era eliminar o militar boliviano Gary Prado, que estava no mesmo curso. Prado fora o responsável pela prisão de Che Guevara, o célebre líder da revolução cubana. O Colina ajudou a promover greves, assaltou bancos, roubou carros e matou policiais em confrontos em Minas e no Rio (leia o quadro na página ao lado).

Na denúncia encaminhada à Justiça Militar em 1970, o juiz auditor José Paulo Paiva afirma que, no Colina, Dilma chefiou greves e assessorou assaltos a bancos. Não há registro de que Dilma tenha participado diretamente das ações armadas do Colina algo que ela sempre negou.
A série de roubos a banco, no final de 1968, pôs a polícia no encalço dos militantes. Um deles, Pezzutti, foi preso ou, no jargão da militância, caiu no dia 14 de janeiro de 1969. Torturado, Pezzutti deu informações que levaram a polícia a três aparelhos, como eram chamados os locais onde viviam e se reuniam os militantes, do Colina. Na noite de 29 de janeiro de 1969, a polícia atacou três casas em Belo Horizonte: na Rua Itacarambu, na Rua Itaí e na Rua 34. Na Itacarambu houve confronto. Quando os policiais entraram na casa, Murilo Pinto da Silva, então com 22 anos, e outro militante reagiram com rajadas de metralhadora. Os tiros mataram o inspetor Cecildes Moreira de Faria e um guarda civil chamado José Antunes Ferreira e feriram outro policial. Na Rua Itaí, a polícia achou documentos. Na Rua 34, encontrou armas e bombas. Na Rua Itacarambu foram apreendidos pistolas, revólveres, um fuzil e metralhadoras Thompson e INA, explosivos e uniformes da polícia. Banido do país em 1971, Pezzutti passou pelo exílio no Chile e depois morreu em um acidente de moto na França, em 1975. A partir das prisões, a situação do Colina ficou difícil. Dilma e Cláudio Galeno abandonaram o apartamento da Rua João Pinheiro. A Justiça Militar abriu um Inquérito Policial Militar (IPM), conduzido pelo então coronel Otávio Aguiar de Medeiros uma década depois, promovido a general, Medeiros seria o poderoso chefe do SNI no governo João Figueiredo. No dia 11 de março de 1969, à frente do IPM que investigava o Colina, Medeiros assinou o despacho número três. O texto, de cinco linhas, ordena uma operação de busca e apreensão no apartamento de Dilma e Galeno. Eles só encontraram cadernos, documentos pessoais e livros como Revolução brasileira, de Caio Prado Júnior, e Revolução e o Estado, de Fidel Castro. Dilma e Galeno já estavam na clandestinidade.

Em depoimento prestado à Justiça Militar em 21 de outubro de 1970, Dilma afirma que o casal fugiu de Belo Horizonte com Cr$ 6.500 (cruzeiros) mais ou menos e se mantinham com esse dinheiro. Segundo o depoimento, eles passaram um mês no Hotel Familiar Baia, no Rio de Janeiro, depois foram para um apartamento na Rua Santa Clara, em Copacabana. O casal também passou alguns dias na casa de uma tia de Dilma, sob o pretexto de que estava de férias, segundo Dilma conta em depoimento. Com o dinheiro da organização, militantes como Dilma alugavam casas, dormiam no chão para não ter de comprar móveis, se sustentavam e compravam carros e armas.

Com dinheiro fornecido pela VAR Palmares, Dilma comprou um Fusca 66Em meados de 1969, os militantes do Colina começaram a discutir uma fusão com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Liderada pelo ex-capitão do Exército Carlos Lamarca, a VPR era uma das organizações mais importantes da luta armada. Lamarca abandonara o Exército ao fugir do quartel de Quitaúna, em Osasco, com um caminhão com armas e munições. Em abril de 1969, Colina e VPR realizaram um Congresso em Mongaguá, no Litoral Sul de São Paulo. Pela VPR estavam Carlos Lamarca, Antonio Espinosa, Cláudio de Souza Ribeiro, Fernando Mesquita Sampaio e Chizuo Ozawa, cujo codinome era Mário Japa.

Pelo Colina estavam Dilma, seu segundo marido, Carlos Franklin de Araújo, Carlos Alberto de Freitas (codinome Breno), Maria do Carmo Brito e Herbert Eustáquio de Carvalho (ou Daniel). No meio das discussões, segundo Espinosa, Dilma e Carlos Alberto de Freitas lembraram que tinham de consultar as bases da Colina. As conversas foram interrompidas e retomadas em julho, no mesmo local. Ao final, as duas organizações se fundiram para formar a Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR Palmares). Dilma e Breno temiam que a VPR fosse excessivamente militarista, afirma Antonio Espinosa. Ele veio da VPR e se tornou um dos comandantes da VAR Palmares. Ao mesmo tempo, Lamarca e Cláudio temiam que o pessoal do Colina fosse muito assembleísta, estudantil. A desconfiança era recíproca, mas não era discutida abertamente. De acordo com os ex-militantes Espinosa e Darcy Rodrigues, a VAR Palmares teve cerca de 700 integrantes ativos em todo o Brasil. Cerca de 200 eram armados. No total, incluídos simpatizantes e apoiadores, a VAR Palmares reunia cerca de 2 mil pessoas espalhadas pelo país. A VAR Palmares durou apenas três meses, mas marcou época com a mais rumorosa ação do período.

Em depoimento em abril de 1970, o militante Edmur Péricles de Camargo afirma que, um ano antes, soube da localização de um cofre com dinheiro do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros após uma conversa com um de seus contatos, Gustavo Buarque Schiller, sobrinho de Ana Capriglione, amante de Adhemar. Morto em março de 1969, Adhemar de Barros tinha a fama de ser um dos políticos mais corruptos do país.

Em 18 de julho de 1969, 13 militantes da VAR Palmares, liderados por Darcy Rodrigues, invadiram a casa de Ana Capriglione e retiraram o cofre. Os US$ 2,5 milhões em dinheiro vivo, expropriados do cofre do Adhemar, garantiram tranquilidade financeira à VAR Palmares, que não precisou mais fazer assaltos para se sustentar.

Na terminologia da esquerda dos anos 60, expropriação significava roubo justificado, como forma de justiça social. Metade do dinheiro de Adhemar ficou com o marido de Dilma, Carlos Franklin de Araújo. Não há registros de que Dilma tenha participado diretamente do assalto. Ela sempre disse que alusões a seu envolvimento na ação são fantasiosas a nota que sua assessoria enviou a ÉPOCA repete isso.

Na VAR Palmares, a importância de Dilma cresceu. Em várias partes do processo, ela é elogiada por sua capacidade intelectual. Ela tinha uma formação acima da maioria dos militantes, afirma Espinosa.

Uma das provas da importância de Dilma é sua presença constante nos depoimentos de colegas presos. Dilma é tão citada que, em dado momento do processo, o juiz afirma que não há (necessi-dade) de especificar sua ação, pois tudo o que foi feito no setor teve a sua atuação direta.Dilma se destacava sobretudo na parte financeira da VAR Palmares.

Em seu depoimento prestado ao Departamento de Ordem Política e Social (Dops), em 26 de fevereiro de 1970, Dilma afirma que recebeu NCr$ 25.000 (cruzeiros novos) para custeio das despesas iniciais da regional (da VAR) em São Paulo.

Em depoimento, a militante Sônia Lacerda Macedo diz que entregara Cr$ 8.000 (cruzeiros) a Dilma num encontro na Avenida Ipiranga, no centro de São Paulo. Num relatório, o procurador Eudo Guedes Pereira afirma que Dilma teria recebido, no total, Cr$ 49.000 da VAR Palmares de seu marido, Carlos Franklin de Araújo, conhecido como Max. Ela era do comando nacional. Era responsável por distribuir o dinheiro, diz Espinosa.

Com NCr$ 7.000 e um documento falso (hoje recorremos as noticias de sigilos quebrados por conta de documentos falsos) em nome de Maria Lúcia Santos, Dilma comprou um Fusca 1966 bege, segundo ela. Os valores citados nos depoimentos são confusos, devido à situação econômica do período. A inflação, em alta no final da década de 1960, fez com que o governo cortasse três zeros no cruzeiro em fevereiro de 1967. A moeda passou a se chamar cruzeiro novo. Em maio de 1970, como a inflação não era controlada, o governo novamente cortou três zeros e a moeda voltou a se chamar cruzeiro. Os valores citados nos depoimentos são de operações feitas pelas organizações entre 1967 e 1970. Assim, todas são em cruzeiros novos.

Como muitos depoimentos foram tomados depois de maio de 1970, os militares fizeram a conversão dos valores. A VAR Palmares dispunha de um setor de falsificações de documentos (de novo), pois até documentos falsos recebeu, disse Dilma em depoimento ao Dops. Como ela não sabia dirigir, quem conduzia o carro eram colegas como Antonio de Pádua Perosa. Perosa foi preso com Dilma num bar no centro de São Paulo.

Em seu depoimento, ele afirmou que chegou a receber dinheiro roubado de Dilma. Dilma afirma em depoimento que deu NCr$ 4.000 para Perosa manter o setor de Imprensa. O militante José Olavo Leite Ribeiro afirmou que viu Dilma entregar Cr$ 800 a um casal de militantes para pagar aluguel de um aparelho. Dilma disse ainda que entregou NCr$ 1.000 a Leite Ribeiro para manutenção do setor de Inteligência da VAR Palmares.

A VAR Palmares durou apenas três meses. Rachou por divergências de orientação. A aventura da VAR Palmares acabou rápido. Em setembro de 1969, a organização fez um congresso em Teresópolis, região serrana do Rio de Janeiro. Foi montada uma estrutura de segurança para o congresso, realizado no mesmo período em que a polícia procurava os sequestradores do embaixador dos Estados Unidos, Charles Elbrick. Segundo Espinosa, 36 delegados da organização, procuradíssimos pela polícia, se reuniram. Além deles, haveria 14 pessoas encarregadas da guarda na casa e cinco na cozinha. Na estrada de acesso, havia mais militantes em pontos com metralhadoras e radiocomunicadores. A maioria nem sabia onde estava, afirma Espinosa. Era praxe das organizações levar os militantes com óculos escuros vedados para manter em segredo a localização de aparelhos. O esquema em Teresópolis foi mantido durante os 26 dias do congresso. As discussões começavam às 8 horas da manhã e iam até a noite, diz Espinosa. Depois, os grupos de trabalho elaboravam textos. As discordâncias entre os foquistas, que defendiam a luta armada, e os massistas, que defendiam a mobilização das massas, (grupo a que Dilma pertencia) levaram ao racha.

Um grupo ligado a Lamarca preferiu sair e reativar a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). A maioria ficou na nova organização, agora chamada apenas VAR (Vanguarda Armada Revolucionária). Na saída de Teresópolis, os remanescentes da VAR, cerca de 40 pessoas, foram para um apartamento no Leblon enorme, coisa da alta burguesia, segundo Espinosa.

Nesse apartamento, foi eleita a nova direção da VAR. Éramos eu, Breno, a Dilma, o Max e o Loyola, afirma Espinosa. Espinosa caiu em novembro. Por pouco tempo, sua posição de liderança foi exercida por Dilma. Ela acabou presa dois meses depois, quando outro militante da VAR, José Olavo Leite Ribeiro, foi levado pelos militares para cumprir seus pontos. Um deles era com Dilma e Antonio de Pádua Perosa. Dilma foi presa com documentos falsos (de novo), Cr$ 200 na carteira e o Fusca.

Ribeiro afirmou, em entrevista a Luiz Maklouf Carvalho, autor do livro Mulheres que foram à luta armada (Editora Globo), que Dilma estava armada. Seria natural que alguém em sua posição de liderança portasse uma arma e Dilma sabia atirar. Carregávamos cápsulas de cianeto para tomar em caso de prisão, diz Espinosa. O auto de apreensão elaborado pelo delegado do Dops Fábio Lessa de Souza Camargo, em 26 de fevereiro de 1970, não menciona nenhuma arma entre o material apreendido com Dilma. Nenhum dos outros documentos do processo faz menção ao fato.

No depoimento prestado à Justiça Militar, Dilma afirma que foi torturada por 22 dias. Um depoimento mais extenso, de 19 páginas, foi prestado por Dilma em 26 de fevereiro de 1970, no Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Acuada pela tortura, Dilma deu informações (e ainda é dedo duro) que levaram à captura de quatro colegas: João Ruaro, Maria Joana Teles Cubas, Carlos Savério Ferrante e José Vicente Correa, conhecido como Miguel. Eles foram pegos quando os militares levaram Dilma a locais marcados para encontros (pontos). Dilma também foi levada pelos militares a aparelhos da VAR. Dilma bateu à porta da residência do denunciado conhecido como Miguel, diz o militar Waldevir Martins Ferreira em depoimento prestado em 9 de março de 1971. Quando Ferreira se identificou, Miguel tentou fechar a porta e atirou. Ferreira foi ferido no braço. Miguel e outro militante foram presos.

Nos depoimentos posteriores prestados à Justiça Militar, após meses na prisão, Dilma negou a maior parte do que dissera no Dops após as sessões de tortura. Afirma que foi torturada por 22 dias e cita nominalmente o capitão Maurício Lopes Lima, da Operação Bandeirante, como um de seus algozes.
Perseguida, presa e condenada pelos militares há 40 anos, Dilma hoje goza de tratamento especial da Justiça Militar.

Recentemente, seu ex-colega Antonio Espinosa foi ao Superior Tribunal Militar (STM), em Brasília. Devido a uma polêmica causada por uma entrevista, ele requereu acesso a seu processo por sua militância na VAR Palmares.

Ele e Dilma fazem parte do mesmo processo. Por isso, a peça com milhares de páginas faz centenas de menções a Dilma. Espinosa pediu cópias de cerca de 400 páginas. Elas vieram com o nome da Dilma coberto por tinta preta, afirma Espinosa.

De acordo com a lei, apenas os próprios réus, ou pessoas com uma procuração assinada por eles, podem ter acesso aos processos no STM. Mas apenas o nome de Dilma, entre os nomes de dezenas de outros militantes, foi ocultado das páginas copiadas a pedido de Espinosa. Recentemente, o processo de Dilma foi separado dos demais dentro do STM. Ele está guardado em um armário específico. Os funcionários têm ordens expressas para não fornecê-lo a ninguém. É uma ironia. Aos olhos dos militares que governavam o Brasil na época, os militantes que optaram pela luta armada nas décadas de 1960 e 1970 podiam ser confundidos com bandidos comuns. Eles assaltaram bancos, lojas e quartéis para obter armas. Também executaram militares e civis.

Derrotada na luta armada contra a ditadura, Dilma hoje lidera as pesquisas para as eleições presidenciais e pode ser considerada vencedora numa história difícil de avaliar. No final dos anos 60, a democracia ainda estava longe de ser um valor apreciado na América Latina. A revolução cubana exercia grande apelo entre a juventude e a opção pela luta armada soava legítima para alguns. Lutei para ajudar o Brasil a mudar, e mudei com ele, costuma dizer Dilma.

Militantes que pegaram em armas hoje são políticos que exercem o jogo democrático em diversos partidos diferentes.

Ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), outra organização de luta armada, Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) é candidato ao Senado por São Paulo.

Fernando Gabeira (PV), um dos sequestradores do embaixador dos Estados Unidos Charles Elbrick é candidato a governador do Rio.

A vida de Dilma, deles e de muitos outros é uma prova de que o Brasil, depois de muito sofrimento, "melhorou". (?)

Época 15/08 - - Dilma na luta armada
http://oleoclipping.blogspot.com/2010/08/istoe-1508-dilma-na-luta-armada.html

2 comentários:
Anônimo disse...
Se Dilma vencer as eleições não teremos mais ex detentos. Afinal, assim afirmam em Brasília, banqueiros, construtoras, etc. estão bancando a candidata PT. Todos estarão (ex detentos por assassinado, assaltos, etc.) empregados nos bancos, construtoras etc. Serão, aliás, os preferidos, terão um 'plus' no curriculum. Se o Brasil pode ter Dilma como presidente, para que essa confusão toda quando alguém é aprovado em concurso público - querem a ficha criminal para papel higiênico? - 23 de agosto de 2010 10:25

Anônimo disse...
E alguém acha que ela mudou de lado?Certamente não. Nem o PT. Basta ver quem são seus ídolos e aliados no Mundo. Fidel, Chaves, Morales, Almadinejah, Farc dão guarida a terrorristas. E ainda tem quem vote nela. Só podem estar desejando que o Brasil seja levado para uma ditadura totalitária alinhada a esses camaradas, jamais conduzirão o Brasil ao seu destino de País livre e soberano. - 23 de agosto de 2010 17:37

Pesquisas eleitorais.

Em ano de eleição, as pesquisas de intenção de voto orientam estratégias partidárias, determinam os rumos das campanhas políticas e despertam grande interesse no eleitor.
A VEJA.com consultou dois dos principais institutos de pesquisa brasileiros, Datafolha e Ibope, para entender como são feitos os levantamentos e quais dados podem realmente refletir a realidade do eleitorado. Saiba como funcionam as sondagens:

1. Como é feita uma pesquisa de intenção de voto?

2. Como é definida a amostra de uma pesquisa?

3. Por que eu nunca respondi a uma pesquisa?

4. Nas eleições municipais, as pesquisas são realizadas em todas as cidades do país? Como elas são escolhidas?

5. Existe uma quantidade mínima de pessoas que têm que ser entrevistadas em cada cidade?

6. Qual é o número mínimo de entrevistados para uma pesquisa de eleição presidencial?

7. Existe alguma diferença entre as pesquisas para eleições municipais e as para eleições presidenciais?

8. Como funciona o cálculo da margem de erro das pesquisas eleitorais?

9. Qual tipo de intenção de voto é mais importante numa reta final de eleição: a espontânea ou a estimulada?

10. Qual é o intervalo de tempo necessário para um determinado fato refletir-se no resultado da pesquisa?

11. Que fatores garantem a credibilidade de uma pesquisa?

12. Que fatores podem comprometer a credibilidade de uma pesquisa?

1. Como é feita uma pesquisa de intenção de voto?

Uma vez contratada a pesquisa, define-se seu foco, prazos, conteúdo, abrangência, identificação da amostra (tamanho, técnica de amostragem, seleção da amostra). Depois são estabelecidos os instrumentos de pesquisa (questionário, cartões, planilhas), o treinamento dos pesquisadores, a coleta dos dados, checagem, processamento e análise dos dados. A última etapa é a divulgação dos resultados e acompanhamento de seus desdobramentos.

2. Como é definida a amostra de uma pesquisa?

Várias técnicas amostrais podem ser utilizadas em pesquisas eleitorais. Nos levantamentos nacionais ou estaduais, em geral os grandes institutos trabalham da seguinte forma: num primeiro estágio, são sorteados ou escolhidos os municípios que farão parte do levantamento; depois, os bairros e pontos onde serão aplicadas as entrevistas. Por fim, os entrevistados são selecionados aleatoriamente de acordo sexo, faixa etária e grau de instrução. Os dados utilizados para composição da amostra são obtidos junto ao IBGE, Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e Tribunais Regionais Eleitorais (TREs).

3. Por que eu nunca respondi a uma pesquisa?

As pesquisas têm amostras médias de 2.500 entrevistas e no país há mais de 127 milhões de eleitores, segundo o TSE. Assim, em um levantamento nacional, apenas um eleitor em cada grupo de aproximadamente 50.000 é entrevistado, ou seja, seriam necessários 50.000 levantamentos com essa amostra para atingir o total do eleitorado, sem que nenhum indivíduo seja pesquisado mais de uma vez.

4. Nas eleições municipais, as pesquisas são realizadas em todas as cidades do país? Como elas são escolhidas?

Não. Segundo o Ibope, as pesquisas são realizadas apenas nos municípios determinados pelo órgão de imprensa, entidade, empresa ou partido que contrata a pesquisa. Assim, nem todas as 5.563 cidades do Brasil têm essas informações.

5. Existe uma quantidade mínima de pessoas que têm que ser entrevistadas em cada cidade?

Usualmente a amostra mínima é de 300 pessoas. Entretanto, o tamanho depende do grau de segmentação e de precisão desejados nos resultados. Para as pesquisas municipais, o Ibope faz a seleção em dois estágios: no primeiro, escolhe-se os bairros; depois os entrevistados. Na segunda fase a seleção é feita por cotas proporcionais, de sexo, idade, grau de instrução e setor de dependência econômica. As proporções são feitas com base em dados do IBGE.

6. Qual é o número mínimo de entrevistados para uma pesquisa de eleição presidencial?

Segundo o Datafolha, as amostras nacionais têm entre 2.000 e 2.500 entrevistas, mas não há tamanho mínimo ou ideal para uma amostra eleitoral. O mais importante é a sua representatividade, ou seja, como são selecionados os entrevistados. Da mesma forma, para o Ibope o mais importante é o grau de similaridade da pesquisa com o universo pesquisado. O tamanho é calculado com base no grau de precisão que se deseja, no nível de detalhamento na análise dos resultados e dependendo do tempo e recursos disponíveis. Costuma-se utilizar amostras entre 2.000 e 3.000 entrevistados.

7. Existe alguma diferença entre as pesquisas para eleições municipais e as para eleições presidenciais?

Na elaboração dos levantamentos as diferenças são poucas, mas, de maneira geral, os resultados das pesquisas municipais e federais podem ter características distintas. Segundo o Ibope, percebe-se que as mulheres são mais críticas nas questões relacionadas ao município, pois os assuntos debatidos durante a campanha estão mais presentes em seu dia-a-dia, como questões relativas à educação e saúde dos filhos.

8. Como funciona o cálculo da margem de erro das pesquisas eleitorais?

Todas as pesquisas, por elas utilizarem amostra probabilística, têm margem de erro amostral. Esse erro é calculado em função do tamanho e da heterogeneidade da amostra e dos resultados obtidos. A margem de erro normalmente divulgada refere-se a uma estimativa de erro máxima para uma amostra aleatória simples. Assim, considerando o erro amostral, fica estabelecido um intervalo de confiança -- limites para mais e para menos em relação ao valor obtido.

9. Qual tipo de intenção de voto é mais importante numa reta final de eleição: a espontânea ou a estimulada?

Segundo o Instituto Datafolha, o ideal é observar conjuntamente os resultados. As taxas obtidas na intenção de voto espontânea podem indicar o grau de consolidação do voto em um candidato, mas os resultados da pergunta estimulada são mais utilizados pelos analistas, pois apresentam menor taxa de indecisão e quanto mais próxima a eleição, maior é a tendência de que se aproximem dos resultados apurados. De acordo com o Ibope, os dois tipos de respostas são importantes: a espontânea mostra quem já está "firme com cada candidato" e a estimulada mostra como o eleitor se comportaria se tivesse de decidir naquele momento da entrevista.

10. Qual é o intervalo de tempo necessário para um determinado fato refletir-se no resultado da pesquisa?

Não há regra para determinar tal intervalo, pois depende de fatores como o grau de importância que o eleitor atribui ao fato, o destaque que ele terá no noticiário, o grau de conhecimento que o eleitor terá sobre o fato, entre outros. Existem fatos que podem alterar o resultado da intenção de voto muito rapidamente, até mesmo na véspera das eleições, e outros que levam mais tempo.

11. Que fatores garantem a credibilidade de uma pesquisa?

Pesquisas dependem das técnicas utilizadas e da eficácia com que são aplicadas, questionários e amostras bem elaborados, entrevistadores treinados e análises isentas dos resultados e identificação do contratante. Também asseguram a qualidade da pesquisa o modo de apresentação e divulgação dos resultados. E no caso de eleições, há regras importantes, como o registro no TRE ou no TSE.

12. Que fatores podem comprometer a credibilidade de uma pesquisa?

Amostras e questionários não muito claros, divulgação parcial dos resultados, divulgação dos resultados muito tempo depois do levantamento, divulgações malfeitas dos resultados pelos veículos de comunicação e a falta de registro no TSE ou TRE.

domingo, 12 de setembro de 2010

DOM ORANI: PERDÃO E RECONCILIAÇÃO.

Daí que o tema da reconciliação é conjunto com o tema do arrependimento e também com o tema da humildade. Temos uma grande riqueza em nossa Igreja Católica que são a prática e possibilidade da confissão e da penitência como sinal da conversão e arrependimento.
As contestações de hoje são muitas devido às transformações religiosas e culturais vindo sempre com a célebre pergunta: “porque preciso me confessar, ou ainda mais, porque com uma pessoa igual a mim?”. Isso demonstra a dificuldade que encontramos hoje em viver a reconciliação.
Reconciliar é re-unir, é um trazer de volta a harmonia perdida.

É uma cura à divisão, à separação, à ruptura. Mal maior da humanidade: a divisão.

A vida de Jesus foi o grande anúncio da reconciliação. A Igreja, insistimos, é símbolo da reconciliação. Daí o termo “embaixadores” pregado por São Paulo. A reconciliação é um novo momento de graça e um excelente momento de conscientização sobre o nosso pecado pessoal e social também. Chama-nos a lembrar de nosso compromisso no batismo, a nossa vida confirmada no Espírito, e a nossa unidade com o povo eucarístico.

A parábola do filho pródigo ensina-nos, claramente, que o pecado é um distanciar-se. Distanciar-se da harmonia com o Pai, e com a atitude do filho mais velho, é um recusar-se à compaixão e à misericórdia. A nossa base de relacionamento deve ser em primeiro lugar com Deus: relação pai/filho na parábola. A linguagem do sacramento da confissão é esta mesma: resposta ao apelo para vivermos constantemente essa relação. Por isso seria muito importante nos perguntar se temos a prática de nos achegarmos ao sacramento da penitência. Ligado ao mesmo assunto, buscando o crescimento espiritual, será que temos também procurado o diretor espiritual?

Em nossas comunidades temos facilidade de acesso dos fiéis ao sacramento da reconciliação? Teríamos que ter um horário determinado para atendimento da confissão de nossos fiéis em todas as paróquias e em todas as regiões nas comunidades mais centrais alguns plantões para atendimento do nosso povo. Em minhas reuniões com as foranias tenho procurado detectar esses locais e incentivar essa prática. Digo isso levado também por uma importante palavra do nosso Papa Bento XVI:

“O Sínodo lembrou que é dever pastoral do bispo promover na sua diocese uma decisiva recuperação da pedagogia da conversão que nasce da Eucaristia e favorecer entre os fiéis a confissão freqüente. Todos os sacerdotes se dediquem com generosidade, empenho e competência à administração do sacramento da Reconciliação. A propósito, procure-se que, nas nossas igrejas, os confessionários sejam bem visíveis e expressivos do significado deste sacramento. Peço aos pastores que vigiem atentamente sobre a celebração do sacramento da Reconciliação, limitando a prática da absolvição geral exclusivamente aos casos previstos, permanecendo como forma ordinária de absolvição apenas a pessoal.” (Cf. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, n. 21).

Nosso Senhor Jesus Cristo, queridos irmãos e irmãs, é a presença viva da reconciliação de Deus. Bendito seja o homem que encontrou Cristo, porque ele encontrou a Deus que perdoa. Deus, em Cristo, vive perto de nós. Façamos o tema da reconciliação algo de concreto em nossa vida: tive fome e me alimentou; tive sede e me destes de beber; estive doente e me visitastes; estive preso e me acolhestes. Testemunhemos o exercício caritativo e purificador da reconciliação no cotidiano de nossas vidas, e o mundo perceberá não em teoria apenas, mas em verdade, o que Jesus nos pede uma vida santa e reconciliada para viver a via ordinária da santidade!

† Orani João Tempesta, O. Cist.Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.