quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

PAPA: QUEM NÃO ACOLHE JESUS COM CORAÇÃO DE CRIANÇA NÃO COMPREENDE O MISTÉRIO DO NATAL.

Jesus Menino é o Deus-Amor "inerme", que não vem para conquistar o mundo "externamente", mas "para ser acolhido pelo homem na liberdade". Está nisso o significado espiritual do Natal: Bento XVI dedicou à iminente festa da Natividade a audiência geral desta manhã na Sala Paulo VI, no Vaticano. O papa centralizou a catequese, em particular, na antiga tradição natalina do presépio de Greccio, que São Francisco de Assis idealizou quase 800 anos atrás.

A cena assistida pelos habitantes de uma pequena localidade do alto Lácio, na noite de Natal de 1223, mudou para sempre a percepção da Natividade na sensibilidade dos cristãos que haveriam de vir.

O presépio vivo montado por São Francisco na simplicidade de uma estrebaria de Greccio deu pela primeira vez uma imagem "viva e tocante" do nascimento de Jesus. Com São Francisco o Natal se abre a "uma nova dimensão" – afirmou com clareza Bento XVI:

"De fato, a noite de Greccio deu ao cristianismo a intensidade e a beleza da festa do Natal, e educou o Povo de Deus a acolher nela a mensagem mais autêntica, o calor particular, e a amar e adorar a humanidade de Cristo (...) Com São Francisco e o seu presépio foram evidenciados o amor inerme de Deus, a sua humildade e a sua benignidade, que na Encarnação do Verbo se manifesta aos homens para ensinar um novo modo de viver e de amar."

O pontífice ressaltou que o Santo de Assis sempre alimentou o desejo de "experimentar de modo concreto, vivo e atual a humildade e a grandeza do evento do nascimento". E essa percepção se faz ainda mais importante se considerarmos que "a festa mais antiga do cristianismo" não é o Natal, mas a Páscoa – recordou o papa.

Bento XVI explicou que o 25 de dezembro como data da Natividade remonta aproximadamente ao ano 204 e se deve a Hipólito de Roma, enquanto a celebração do Natal se afirma numa "forma definida" mais tarde, no Séc. IV, quando toma o lugar da festa pagã do "Sol invictus", o sol invencível.

O Santo Padre observou que se com a Páscoa se "havia concentrado a atenção no poder de Deus que vence a morte", com o Natal "colocou-se desse modo em evidência que o nascimento de Cristo é a vitória da verdadeira luz sobre as trevas do mal e do pecado. Todavia, a particular e intensa atmosfera espiritual que circunda o Natal se desenvolveu na Idade Média graças a São Francisco de Assis, que era profundamente apaixonado pelo homem Jesus, pelo Deus-conosco".

"Graças a São Francisco o povo cristão pôde perceber que no Natal Deus verdadeiramente se tornou o "Emanuel", o Deus-conosco, de quem nenhuma barreira e nenhuma distância nos separa. Naquele Menino, Deus tornou-se tão próximo de cada um de nós, tão próximo, que podemos chamá-lo de você e manter com ele uma relação confidencial de profundo afeto, assim como fazemos com um recém-nascido."

E é naquele Menino que se manifesta a condição "pobre e desconcertante" do Deus-Amor:

"Deus vem sem armas, sem a força, porque não pretende conquistar, por assim dizer, externamente, mas pretende, sobretudo, ser acolhido pelo homem na liberdade; Deus se faz menino inerme para vencer a soberba, a violência, a sede de posse do homem."

O papa concluiu afirmando que o próprio Jesus nos ensina no Evangelho o modo como "podemos encontrar Deus e gozar de Sua presença", ou seja, o converter-se e tornar-se como crianças:

"Quem não acolhe Jesus com coração de criança não pode entrar no reino dos céus: isso foi o que Francisco quis recordar ao cristianismo de seu tempo e de todos os tempos, até hoje. Peçamos ao Pai que conceda ao nosso coração aquela simplicidade que reconhece no Menino o Senhor, justamente como fez Francisco em Greccio (...) São os votos que faço com afeto a tocos vocês, às suas famílias e a todos que lhes são caros. Bom Natal para todos vocês!"

Como de costume neste período, ressoaram na Sala Paulo VI algumas melodias natalinas. E o pensamento do Natal iminente inspirou também as tradicionais saudações do papa no final da audiência:

"Que o amor que Deus manifesta à humanidade no nascimento de Cristo possa fazer crescer em vocês, caros jovens, o desejo de servir generosamente os irmãos. Seja para vocês, caros irmãos enfermos, fonte de conforto e de serenidade. Inspire vocês, caros recém-casados, a consolidarem a sua promessa de amor e de recíproca fidelidade."

Por fim o Santo Padre fez, em várias línguas, um resumo de sua catequese, com uma saudação aos diversos grupos presentes.
Eis o que disse em português:

"Queridos irmãos e irmãs, a tradição natalícia mais bela, que é o presépio, foi criada por São Francisco de Assis, para recordar a todos como Deus Se revela nos ternos braços dum Menino. A sua condição de criança indica-nos como podemos encontrar Deus e gozar da sua presença. É à luz do Natal que melhor se compreendem estas palavras do Senhor: «Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no reino dos Céus». Amados peregrinos de língua portuguesa, a todos desejo um Santo Natal, portador das consolações e graças do Deus Menino, a quem vos encomendo ao dar-vos a minha Bênção".

UM MENINO NOS FOI DADO, FELIZ NATAL!!!

É Natal ! "Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado" (Is 9,5). Essas palavras do profeta realizaram-se no Natal do Senhor Jesus Cristo. Recebemos como «dom» um menino. O menino nos veio da ação criadora do Espírito, que o gerou no seio puríssimo de Maria sempre virgem. Nascendo de uma virgem pela ação do Espírito, fica claro que ele é um verdadeiro «presente» de Deus à humanidade, um presente que a humanidade jamais poderia dar-se a si mesma. Ele veio do alto. Nasceu de uma mulher porque é plenamente humano. Mas nasceu de uma virgem para significar que sua morada entre nós supera radicalmente as nossas possibilidades ou as nossas forças e mesmo as nossas expectativas.

O mistério de Deus é grande, é por demais profundo! Nossas pobres palavras podem apenas balbuciá-lo. «Senhor, estupendas são as vossas obras! E quão profundos os vossos desígnios!» (Sl 91,6). Ele veio restaurar a criação e levá-la à plenitude do Reino de Deus. Veio libertar-nos do pecado e da morte e de todos os males e garantir-nos a vida verdadeira. Veio apontar-nos o caminho para a comunhão de vida com o próprio Deus, Trindade Santíssima, fonte de toda felicidade e paz. A verdadeira comunhão com Deus gera e sustenta em nós a autêntica comunhão com nossos semelhantes e com toda a criação.

No mistério do menino, é Deus mesmo quem visita seu povo. A celebração do Natal deve levar-nos à contemplação piedosa da extraordinária caridade manifestada no nascimento de Belém. O Todo-Poderoso se faz uma frágil e indefesa criança; o Imenso, que nada pode conter, é reclinado numa manjedoura; Aquele que com seu braço forte rege o universo inteiro é acolhido e conduzido pelas mãos humanas; o Todo se esconde no fragmento; o Invisível se mostra visivelmente; Aquele que habita uma luz inacessível coloca-se ao nosso alcance! Ele é o “rosto humano de Deus”!
Como não reconhecer que estas coisas extraordinárias aconteceram porque Deus ama «loucamente» e sem medidas a sua criatura, a cada um de nós em particular?

A contemplação do mistério de Deus, manifestado no nascimento do menino, não pode deixar-nos indiferentes. Se Deus nos ama tanto, como não amá-lo também? O amor, ensina São Paulo, é o «vínculo da perfeição» (Cl 3,14). Deus nos ama por primeiro (cf. IJo 4,19). Recebendo o seu amor em nossa vida, somos purificados e renovados para amá-Lo como convém e, n’Ele, amar nosso próximo com verdadeiro «amor-doação». O amor vence nosso orgulho e nos abre para a infinitude da Verdade, do Bem e da Beleza, o que enche de alegria nossa vida e dá sentido a nosso caminho.
Sendo mistério de caridade, o Natal deve suscitar em nós o amor que renova todas as coisas. Só no amor podemos construir, pois o amor é positivo. Ao celebrarmos o Natal, tendo os olhos fixos no Menino-Deus, podemos exclamar com as palavras de São João: «Deus é amor» (1Jo 4,8)!

É importante que celebremos com nossas comunidades esse Mistério da Encarnação para que, verdadeiramente, possamos celebrar como cristãos o Natal do Senhor! Que a nossa participação na liturgia seja consciente, piedosa e repleta de admiração pelo mistério celebrado! Que em nossa vida, aquilo que de Deus recebemos seja compartilhado com nossos irmãos! A todos um santo e feliz Natal!

+ Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Magistério da Igreja - Papa condena outra vez a Teologia da Libertação‏.

VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM" DEGLI ECC.MI PRESULI DELLA CONFERENZA EPISCOPALE DEL BRASILE (REGIONE SUL 3 E SUL 4) , 05.12.2009

VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM" DEGLI ECC.MI PRESULI DELLA CONFERENZA EPISCOPALE DEL BRASILE (REGIONE SUL 3 E SUL 4)
Alle ore 12.00 di oggi, nella Sala del Concistoro, il Santo Padre Benedetto XVI incontra gli Ecc.mi Presuli della Conferenza Episcopale del Brasile (Regione SUL 3 e SUL 4), ricevuti in questi giorni, in separate udienze, per la Visita "ad Limina Apostolorum" e rivolge loro il discorso che pubblichiamo di seguito:

DISCORSO DEL SANTO PADRE

Venerados Irmãos no Episcopado,
Dou as boas-vindas e saúdo a todos e cada um de vós, ao receber-vos colegialmente no quadro da vossa visita ad limina. Agradeço a Dom Murilo Krieger as expressões de devotada estima que me dirigiu em nome de todos vós e do povo confiado aos vossos cuidados pastorais nos Regionais Sul 3 e 4, expondo também os seus desafios e esperanças. Ouvindo estas coisas, sinto elevarem-se do meu coração ações de graças ao Senhor pelo dom da fé misericordiosamente concedido às vossas comunidades eclesiais e por elas zelosamente conservado e arduamente transmitido, em obediência ao mandato que Jesus nos deixou de levar a sua Boa Nova a toda a criatura, procurando impregnar de humanismo cristão a cultura atual.
Referindo-me à cultura, o pensamento dirige-se para dois lugares clássicos onde a mesma se forma e comunica – a universidade e a escola –, fixando a atenção principalmente nas comunidades acadêmicas que nasceram à sombra do humanismo cristão e nele se inspiram, honrando-se do nome «católicas».
Ora é precisamente na referência explícita e compartilhada de todos os membros da comunidade escolar – embora em graus diversos – à visão cristã que a escola é "católica", já que nela os princípios evangélicos tornam-se normas educativas, motivações interiores e metas finais (Congr. para a Educação Católica, Doc. A escola católica, n. 34).
Possa ela, numa convicta sinergia com as famílias e com a comunidade eclesial, promover aquela unidade entre fé, cultura e vida que constitui a finalidade fundamental da educação cristã.
Entretanto também as escolas estatais, segundo diversas formas e modos, podem ser ajudadas na sua tarefa educativa pela presença de professores crentes – em primeiro lugar, mas não exclusivamente, os professores de religião católica – e de alunos formados cristãmente, assim como pela colaboração das famílias e pela própria comunidade cristã. Com efeito, uma sadia laicidade da escola não implica a negação da transcendência, nem uma mera neutralidade face àqueles requisitos e valores morais que se encontram na base de uma autêntica formação da pessoa, incluindo a educação religiosa.
A escola católica não pode ser pensada nem vive separada das outras instituições educativas. Está ao serviço da sociedade: desempenha uma função pública e um serviço de pública utilidade, não reservado apenas aos católicos, mas aberto a todos os que queiram usufruir de uma proposta educativa qualificada. O problema da sua paridade jurídica e econômica com a escola estatal só poderá ser corretamente impostado se partirmos do reconhecimento do papel primário das famílias e subsidiário das outras instituições educativas. Lê-se no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: «Os pais têm direito de prioridade na escolha do gênero de educação a ser ministrada aos próprios filhos». O empenho plurissecular da escola católica situa-se nesta direção, impelido por uma força ainda mais radical, ou seja, a força que faz de Cristo o centro do processo educativo.
Este processo, que tem início nas escolas primária e secundária, realiza-se de modo mais alto e especializado nas universidades. A Igreja foi sempre solidária com a universidade e com a sua vocação de conduzir o homem aos mais altos níveis do conhecimento da verdade e do domínio do mundo em todos os seus aspectos. Apraz-me tributar aqui a mais viva gratidão eclesial às diversas congregações religiosas que entre vós fundaram e suportam renomadas universidades, lembrando-lhes, porém, que estas não são uma propriedade de quem as fundou ou de quem as freqüenta, mas expressão da Igreja e do seu patrimônio de fé.

Neste sentido, amados Irmãos, vale a pena lembrar que em agosto passado, completou 25 anos a Instrução Libertatis nuntius da Congregação da Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, nela sublinhando o perigo que comportava a assunção acrítica, feita por alguns teólogos de teses e metodologias provenientes do marxismo. As suas seqüelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas. Suplico a quantos de algum modo se sentiram atraídos, envolvidos e atingidos no seu íntimo por certos princípios enganadores da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece de mão estendida; a todos recordo que «a regra suprema da fé [da Igreja] provém efetivamente da unidade que o Espírito estabeleceu entre a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, numa reciprocidade tal que os três não podem subsistir de maneira independente» (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 55). Que, no âmbito dos entes e comunidades eclesiais, o perdão oferecido e acolhido em nome e por amor da Santíssima Trindade, que adoramos em nossos corações, ponha fim à tribulação da querida Igreja que peregrina nas Terras de Santa Cruz.
Venerados Irmãos no episcopado, na união a Cristo precede-nos e guia-nos a Virgem Maria, tão amada e venerada nas vossas dioceses e por todo o Brasil. Nela encontramos, pura e não deformada, a verdadeira essência da Igreja e assim, através dela, aprendemos a conhecer e a amar o mistério da Igreja que vive na história, sentimo-nos profundamente uma parte dela, tornamo-nos por nossa vez «almas eclesiais», aprendendo a resistir àquela «secularização interna» que ameaça a Igreja e os seus ensinamentos.
Enquanto peço ao Senhor que derrame a abundância da sua luz sobre todo o mundo brasileiro da escola, confio os seus protagonistas à proteção da Virgem Santíssima e concedo a vós, aos vossos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, aos leigos empenhados, e a todos os fiéis das vossas dioceses paterna Bênção Apostólica.
[01811-06.01] [Texto original: Português]


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

FREI CANTALAMESSA: ATIVISMO FRENÉTICO, HERESIA DOS NOSSOS TEMPOS.

Evitar o perigo da heresia dos nossos tempos, o ativismo frenético, para dar lugar às prioridades absolutas: a oração, a relação viva com Jesus, a Palavra.
Foi o convite dirigido aos presbíteros, neste Ano Sacerdotal, pelo padre capuchinho, Frei Raneiro Cantalamessa, em sua primeira pregação do Advento, feita na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, na presença do papa e da família pontifícia.
Frei Cantalamessa recordou que os sacerdotes são, de modo particular, "servos e amigos de Jesus" e o serviço essencial que devem desempenhar "é continuar a sua obra no mundo... revelar aos homens a vontade salvífica e o amor misericordioso do Pai".

"Ser no mundo continuador da obra de Cristo significa fazer sua essa atitude de fundo, de amor, de vontade de salvar mais do que de julgar. Não julgar, mas salvar. Mas em que sentido podemos falar dos sacerdotes como continuadores da obra de Cristo? Em toda instituição humana, como era naquele tempo o império romano, os sucessores continuam a obra, mas não a pessoa do fundador. Com a Igreja não é assim. Jesus não tem sucessores porque não morreu: está vivo!
A morte não tem mais poder sobre ele. Qual é então a tarefa de seus ministros? Sua tarefa é representá-Lo, isto é, torná-Lo presente, dar forma visível à sua presença invisível."

Jesus disse: "não vos chamo de servos, mas amigos". Por isso – acrescentou o pregador da Casa Pontifícia – os sacerdotes são chamados a cultivar de modo especial "uma relação pessoal, repleta de confiança e de amizade" com Cristo:

"O amor por Jesus é o que faz a diferença entre o sacerdote funcionário e administrador – e existem desse tipo – e o sacerdote servo de Cristo e amigo de Jesus. Se conhecêssemos, veneráveis padres e irmãos – eu por primeiro! – como o Senhor Ressuscitado nos é próximo como o mais solícito dos amigos! Como deseja permanecer e trabalhar com o sacerdote, como está pronto a ajudá-lo, a aconselhá-lo, a perdoá-lo – a vida do sacerdote seria aventura, mesmo humanamente, mais interessante: e seríamos os mais felizes entre os homens!"

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

BENTO XVI: EXPERIÊNCIA DO SOFRIMENTO PODE TORNAR-SE ESCOLA DE ESPERANÇA.

"O sofrimento humano adquire sentido e plenitude de luz no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo", é o que escreve o papa na Mensagem para o 18º Dia Mundial do Enfermo, que será celebrado em 11 de fevereiro próximo, dia no qual a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora de Lourdes.
No documento, publicado esta manhã, Bento XVI recorda o 25º aniversário de instituição do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde e exorta os cristãos a viverem concretamente a parábola do Bom Samaritano.
O serviço pastoral no vasto mundo da saúde é parte integrante da missão da Igreja – escreve Bento XVI – "porque se inscreve no alvéolo da própria missão salvífica de Cristo".
Em seguida, o pontífice faz votos de que o Dia Mundial do Enfermo "seja ocasião para um mais generoso impulso apostólico a serviço dos enfermos e daqueles que cuidam deles".
"Todo cristão é chamado a reviver, em contextos diferentes e sempre novos, a parábola do Bom Samaritano" – lê-se na mensagem.
Também hoje, como no fim da parábola – ressalta o Santo Padre – Jesus nos exorta "a inclinar-nos para curar as feridas do corpo e do espírito de muitos nossos irmãos e irmãs que encontramos nos caminhos do mundo".
O papa convida os fiéis "a compreenderem que, com a graça de Deus acolhida e vivida em cada dia, a experiência da doença e do sofrimento pode tornar-se escola de esperança". Em seguida, fazendo recordar a encíclica "Spe salvi" (Salvos pela esperança), ressalta que não é evitando o sofrimento, fugindo diante da dor, que o homem sara, mas tendo a capacidade de aceitar a tribulação e nela, a capacidade de amadurecer, de encontrar sentido mediante a união com Cristo.
A ação humanitária e espiritual da Igreja em prol dos enfermos e dos sofredores – recorda o pontífice – expressa-se em múltiplas formas e estruturas sanitárias também de caráter institucional.
Bento XVI ressalta que a criação do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde se insere justamente "em tal solicitude eclesial pelo mundo da saúde".
O papa constata que no atual momento histórico-cultural "percebe-se também mais a urgência de uma presença eclesial atenta e capilar junto aos enfermos". Percebe-se "a urgência de uma presença na sociedade capaz de transmitir os valores evangélicos, de modo eficaz, em favor da tutela da vida humana em todas as suas fases, da concepção até seu fim natural". No Ano Sacerdotal, o papa lembra os sacerdotes "ministros dos enfermos", "sinal e instrumento da compaixão de Cristo, que deve alcançar todo homem marcado pelo sofrimento".
Bento XVI reitera que "o tempo transcorrido junto a quem se encontra na provação se revela fecundo de graças para todas as outras dimensões da pastoral".
Por fim, o pontífice pede aos enfermos que rezem e ofereçam seus sofrimentos em favor dos sacerdotes, "a fim de que possam manter-se fiéis à sua vocação e o seu ministério seja rico de frutos espirituais, para o bem de toda a Igreja".

Prece em agradecimento pelas propinas recebidas gera reação de dom Dimas, secretário-geral da CNBB.

"Lamento que a religião esteja tão banalizada".
A declaração, em tom de lástima, foi feita ontem pelo secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, ao ser informado de que deputados do Distrito Federal acusados de participar de esquema de corrupção filmados pela Polícia Federal fazendo uma oração de agradecimento pelas propinas que estariam recebendo.
Inconformado, ele disse que, se tivesse visto a cena, exibida no vídeo e na TV, se sentiria, naturalmente, "revoltado".
A declaração de Dom Dimas Barbosa, divulgada ontem pela Assessoria de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi feita durante uma entrevista ao lado do presidente nacional da OAB, Cezar Britto, em Brasília. A entidade aceitou e referendou a proposta feita pela OAB-DF de entrar com pedido de impeachment do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e seu vice, Paulo Octávio, após a divulgação das investigações feitas pela Polícia Federal ao longo da Operação Caixa de Pandora.
Cezar Britto recorreu ao apoio do secretário-geral da CNBB tendo em vista a longa parceria da Igreja com a entidade em questões sociais consideradas de importância para a manutenção da ética na política.
No caso, levando em consideração que o governador do Distrito Federal teria respaldo da Câmara em rechaçar o pedido – José Roberto Arruda teria, pelo menos até agora, 60% de apoio – a OAB nacional articula uma marcha cívica em Brasília.
A "oração da propina" foi feita pelo presidente da Câmara Legislativa, deputado Leonardo Prudente (DEM), e pelo corregedor da Casa, deputado Júnior Brunelli (PSC), agradecendo a Deus "a bênção" que representava para eles Durval Barbosa, o responsável pela distribuição de propinas e agora exonerado do cargo de Secretário de Relações Institucionais do governador, acusado de chefiar o esquema de corrupção.
Depois de contar que não viu a cena da oração com a qual teria ficado horrorizado, o bispo Dom Dimas Barbosa voltou a acrescentar que lamentava profundamente o fato de a religião estar tão banalizada.

"A tal ponto de as pessoas não a verem mais como serviço a Deus e ao próximo, mas em como servir-se da fé e do próximo. Isso é uma inversão total de valores. Estamos perplexos com o que já vimos neste caso e queremos que as investigações sejam ágeis e que o quanto antes a ética possa prevalecer, e os fatos possam ser esclarecidos".

Obs: Pena que o Lula (o semi deus) não pense assim na sua declaração feita minimizando o escandalo dizendo "imagens não provam nada", querendo até fugir das criticas onde já faz campanha para Dilma Russef nas eleições presidenciais em 2010. Só temos que lamentar tal fatos.



quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

PAPA: NÃO É POSSÍVEL CONHECER DEUS SEM AMÁ-LO.

Esta quarta-feira, Bento XVI recebeu milhares de peregrinos e turistas, na Praça S. Pedro, para a Audiência Geral. Em sua catequese, o papa falou de Guilherme de Saint-Thierry, abade nascido em Lieja por volta do ano 1080.
Dotado de grande inteligência e de um amor inato pelo estudo, freqüentou uma das escolas mais famosas de seu tempo, como a de sua cidade natal, Reims, na França. Amigo e biógrafo de São Bernardo de Claraval, Guilherme de Saint-Thierry, após ter sido abade em um mosteiro beneditino, decidiu fazer-se cisterciense, dedicando-se à contemplação orante dos mistérios de Deus e à composição de escritos de literatura espiritual. Para o papa, podemos considerá-lo como o "Cantor do amor, da caridade", pois, segundo ele, a força principal que move o espírito humano é o amor. A natureza humana, na sua mais profunda essência, é feita para amar, recordou Bento XVI.
Porém, o homem só consegue realizar este objetivo, sincera, autêntica e gratuitamente, aprendendo na escola de Deus, que é Amor.

"A vocação do homem é tornar-se como Deus, que o criou a sua imagem e semelhança. Por sua vez, o amor ilumina a inteligência e permite conhecer melhor e de um modo mais profundo a Deus e, em Deus, as pessoas e os acontecimentos. Assim, nós conhecemos realmente apenas as pessoas e as coisas que amamos. A Deus, O conheceremos se O amarmos" - afirmou.

Após a catequese, o papa recordou que hoje se celebram os 25 anos da promulgação da Exortação Apostólica Reconciliatio et paenitentia, que chamou à atenção a importância do sacramento da penitência na vida da Igreja. Nesta significativa data, Bento XVI citou algumas figuras extraordinárias de "apóstolos do confessionário", incansáveis dispensadores da misericórdia divina: São João Maria Vianney, São José Cafasso, São Leopoldo Mandić, São Pio da Pietrelcina.

"Que o testemunho de fé e de caridade encoraje vocês, caros jovens, a fugirem do pecado e a projetarem seu futuro como um generoso serviço a Deus e ao próximo. Que ajude vocês, queridos enfermos, a experimentarem no sofrimento a misericórdia de Cristo crucificado. E peço a vocês, queridos noivos, a criarem na família um clima constante de fé e de recíproca compreensão" – afirmou o pontífice.

Por fim, aos sacerdotes, especialmente neste Ano Sacerdotal, o papa faz votos de que o exemplo desses santos, seja para eles e para todos os cristãos um convite a confiar sempre na bondade de Deus, aproximando-se e celebrando com confiança o Sacramento da Reconciliação.

BENTO XVI: SEM SENTIR-SE PEQUENO NÃO É POSSÍVEL NENHUMA COMPREENSÃO SOBRE DEUS.

O verdadeiro teólogo é alguém que não cede à tentação de com a sua inteligência medir o mistério de Deus, mas é alguém que tem consciência da própria limitação, como muitos grandes santos reconhecidos também como grandes mestres. Foi esse, em síntese, o pensamento expresso por Bento XVI na homilia da missa celebrada esta manhã com os membros da Comissão Teológica Internacional, desde ontem, segunda-feira, reunidos no Vaticano em sua plenária anual.Bento XVI vê nos antigos escribas que indicam aos Magos o caminho para Belém, para o Senhor Deus Menino, o protótipo do teólogo presunçoso que estuda a Sagrada Escritura como certos cientistas estudam a natureza, ou seja, com uma frieza acadêmica que pretende secionar o mistério e ignora a centelha do transcendente.
De fato – observou o papa – os antigos escribas são "grandes especialistas: podem dizer onde nasce o Messias", mas "não se sentem convidados" a visitá-lo. A notícia "não atinge as suas vidas, permanecem fora. Podem dar informações, mas a informação não se torna formação da própria vida":"E assim também em nosso tempo, nos últimos duzentos anos, observamos a mesma coisa. Existem grandes doutos, grandes especialistas, grandes teólogos, mestres da fé que nos ensinaram muitas coisas. Conheceram os detalhes da Sagrada Escritura, da história da salvação. Mas não conseguiram ver o próprio mistério, o verdadeiro núcleo: que este Jesus era realmente Filho de Deus (...)
Poder-se-ia citar grandes nomes da história da teologia destes duzentos anos, dos quais aprendemos muito, mas os olhos de seu coração não se abriram ao mistério.
"O Santo Padre mostra-se severo com esse modo de fazer teologia, com esse modo que – afirma o pontífice – "se coloca acima de Deus". Como é igualmente severo com os cientistas que adotam um método no qual "Deus não entra" e, portanto, "não existe" – disse.
Mostra-se ainda mais severo com uma certa teologia que mortifica o divino. Com uma imagem eficaz, o papa explica os defeitos dessa teologia:
"Também na teologia se pesca nas águas da Sagrada Escritura com uma rede que permite somente uma certa medida para os peixes, e quando se vai além dessa medida não entra na rede e, portanto, não pode existir. E assim o grande mistério de Jesus, do Filho que se fez homem, se reduz a um Jesus histórico, realmente uma figura trágica, um fantasma sem carne e osso, que ficou no sepulcro, corrompido, realmente morto.
"Todavia – observou o pontífice, a história da Igreja é rica de homens e mulheres capazes de reconhecer a sua pequenez diante da grandeza de Deus, capazes de humildade e, portanto, de alcançar a verdade. O papa citou alguns nomes desses homens e mulheres:
"De Bernadete Soubirous a Santa Teresa de Lisieux com uma nova leitura da Sagrada Escritura, não científica, mas entrando no coração da Sagrada Escritura, até os santos e bem-aventurados do nosso tempo: irmã Bakhita, madre Teresa, Damião de Veuster. Poderíamos citar tantos deles.
"Eis – prosseguiu Bento XVI – uma categoria de "pequenos que são também doutos", modelos aos quais inspirar-se para que nos ajudem "a sermos verdadeiros teólogos que podem anunciar o seu mistério porque tocados na profundidade de seus corações". Como o foram a Virgem Maria, São João, ou centurião aos pés da Cruz. Também São Paulo, que em suas vicissitudes contempla de modo emblemático a parábola da passagem da falsa à verdadeira sabedoria:
"E assim também após a sua ressurreição o Senhor, na estrada de Damasco, toca o coração de Saulo, que é um dos doutos que não veem. Ele mesmo, na primeira carta a Timóteo, se chama ignorante naquele tempo, apesar da sua ciência. Mas o ressuscitado o toca. Torna-se cego e depois realmente passa a ver. E o grande douto torna-se pequeno e justamente assim vê a loucura de Deus que é sabedoria, sabedoria maior do que todas as sabedorias humanas.
"Os trabalhos da Comissão Teológica Internacional, presidida pelo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal William Josef Levada, prosseguirão no Vaticano até a próxima sexta-feira, dia 4.
Nesta primeira sessão do novo quinquênio, a Comissão decidirá os temas a serem tratados nos próximos cinco anos e a organização concreta dos trabalhos.
Entre os temas a serem considerados figura a questão da metodologia teológica.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

"Não compete à Igreja intervir diretamente na política..." diz o PAPA Bento 16.

O Objetivo principal de quem atua na caridade é fazer conhecer a Face misericordiosa de Deus que quer salvar o homem em todas as suas dimensões – terrenas e espirituais – é defender os verdadeiros direitos humanos e despertar as consciências, foi o que ressaltou o pontífice, esta manhã, recebendo, na Sala do Consistório, no Vaticano, os participantes da plenária do Pontifício Conselho "Cor Unum", que está se realizando nestes dias com o tema "Percursos formativos para os agentes da caridade". O pensamento do papa dirigiu-se, em primeiro lugar, aos numerosos fiéis que "em todas as partes do mundo, doam, com generosidade e dedicação, o seu tempo e as suas energias a testemunhar o amor de Cristo, Bom Samaritano, que se inclina sobre os necessitados no corpo e no espírito".
Em seguida, recordando que "a caridade pertence à própria natureza da Igreja", ressaltou que ela "em seu anúncio salvífico, não pode prescindir das condições concretas de vida dos homens, aos quais é enviada".

"O agir para melhorar essas condições concretas de vida diz respeito à sua própria vida e à sua missão, porque a salvação de Cristo é integral e concerne ao homem em todas as suas dimensões: física, espiritual, social e cultural, terrena e celeste. Justamente dessa consciência nasceram, ao longo dos séculos, muitas obras e estruturas eclesiais finalizadas à promoção das pessoas e dos povos, que deram e continuam oferecendo uma contribuição insubstituível para o crescimento, o desenvolvimento harmônico e integral do ser humano. E faz parte do "testemunho da caridade de Cristo" contribuir "para construir uma ordem justa na sociedade" como fazem muitos fiéis desenvolvendo "uma profícua ação no campo econômico, social e legislativo e cultural" e "participando em primeira pessoa da vida pública" em vista do bem comum.

"Certamente, não compete à Igreja intervir diretamente na política dos Estados ou na construção de estruturas ou políticas adequadas. A Igreja, com o anúncio do Evangelho, abre o coração para Deus e para o próximo e desperta as consciências. Com a força de seu anúncio defende os verdadeiros direitos humanos e se empenha pela justiça. A fé é uma força espiritual que purifica a razão na busca de uma ordem justa, libertando-a do risco sempre presente de ser "ofuscada" pelo egoísmo, pelo interesse e pelo poder."

"Na realidade, como mostra a experiência – acrescentou o pontífice – também nas sociedades mais evoluídas do ponto de vista social, a caritas permanece sendo necessária: "O serviço do amor jamais se torna supérfluo, não somente porque a alma humana sempre precisa, além das coisas materiais, também do amor, também porque permanecem situações de sofrimento, de solidão, de necessidade, que requerem dedicação pessoal e ajudas concretas."

"O principal objetivo de quem "presta o seu serviço em organismos eclesiais que administram iniciativas e obras de caridade" deve ser o seguinte: "Fazer conhecer e experimentar a Face misericordiosa do Pai celeste, porque no coração de Deus Amor está a resposta às verdadeiras expectativas mais íntimas de todo coração humano. Como é necessário para os cristãos manter o olhar fixo na Face de Cristo! Somente n'Ele, plenamente Deus e plenamente homem, podemos contemplar o Pai (cfr Jo 17, 9) e experimentar a sua infinita misericórdia!".

A verdadeira liberdade religiosa não é a liberdade da religião.

A verdadeira liberdade religiosa não é a liberdade da religião, afirma o historiador Martin Kugler, em resposta à decisão do Tribunal Europeu para os Direitos Humanos de eliminar os crucifixos das salas de aula das escolas italianas.
Kugler, diretor da rede de defesa dos direitos humanos Christianophobia.eu, com sede em Viena, ofereceu 12 teses que mostram o pensamento equivocado do tribunal que decidiu a favor de uma mãe ateia que protestou pelos crucifixos pendurados na escola dos seus filhos.

“O direito à liberdade religiosa pode significar somente seu exercício, não a liberdade de confrontar; o significado de ‘liberdade de religião’ não tem nada a ver com a criação de uma sociedade ‘livre da religião’”, explica.

“Eliminar à força o símbolo da cruz é uma violação, como seria obrigar os ateus a pendurarem este símbolo.”

“A parede branca também é uma declaração ideológica, especialmente se nos primeiros séculos não podia estar vazia”, afirma.

“Um Estado neutro com relação aos valores é uma ficção frequentemente utilizada com um objetivo de propaganda.”

Para Kugler, decisões como a do tribunal europeu atacam realmente a religião, ao invés de lutar contra a intolerância religiosa.

“Não se pode combater os problemas políticos lutando contra a religião – indica. O fundamentalismo antirreligioso se torna cúmplice do fundamentalismo religioso quando provoca com a intolerância.”

“A maior parte das pessoas afetadas gostaria de manter a cruz – declara. É também um problema de política democrática, dando descaradamente prioridade aos interesses individuais.”

Retomando os argumentos propostos pelo governo italiano em defesa dos crucifixos nas salas de aula, Kugler indica que “a cruz é o Logos da Europa; é um símbolo religioso, mas também muito mais que isso”.

Uma miragem

Em um debate com Die Presse, Kugler destaca outros dois elementos do debate Igreja-Estado.
Falar de um “Estado neutro na confrontação dos valores” é “simplesmente ingênuo, e o resultado é uma miragem. É como uma brincadeira”.

“Um Estado neutro quanto aos valores? Contra a fraude e a corrupção? Contra a xenofobia e a discriminação? Diante dos pecados contra o meio ambiente e as conquistas sexuais no trabalho?” – pergunta-se. E continua: “Um Estado que abençoa os neonazistas, permite a pornografia, favorece certas formas de ajuda ao desenvolvimento e outras não... tudo por valores neutros? Alguém está tentando nos enganar”.

O especialista também destaca um segundo ponto que merece mais atenção: a ideia segundo a qual uma esfera pública sem presença alguma da vida religiosa ou dos símbolos religiosos seria mais “tolerante” ou mais apropriada para a liberdade de consciência que uma que permite ou inclusive fomenta declarações de crença religiosa.

“Obviamente, os pais ateus podem sentir que seu filho é molestado pela cruz na sala de aula, mas é inevitável”, explica e continua: "Pode me incomodar também, ao entrar em uma agência dos correios, ver uma fotografia do presidente federal no qual não votei. A influência, os sinais ideológicos, as presenças visuais – inclusive sexistas – existirão sempre e em todos os lugares. A única pergunta é como e o que contêm.”

Neste sentido, Kugler afirma que o Estado “deve intervir somente de maneira muito moderada e, se o faz, não deve ser somente com proibições que reduzam a religião a um gueto”.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

PAPA EM BRESCIA: "DIÁLOGO ENTRE IGREJA E HUMANIDADE ESTAVA NO CORAÇÃO DE PAULO VI".

Bento XVI realizou, neste domingo, sua visita pastoral a Brescia e Concesio, norte da Itália, lugares que testemunharam o nascimento e a formação de Giovanni Battista Montini, Papa Paulo VI. O pontífice chegou esta manhã ao aeroporto Ghedi de Brescia e dali foi visitar a igreja de Botticino Sera, onde venerou as relíquias de Santo Arcangelo Tadini. Durante a santa missa celebrada na Praça Paulo VI, o Santo Padre saudou as autoridades civis e militares, além do bispo de Brescia, Dom Luciano Monari, sacerdotes, religiosos e leigos, e especialmente os enfermos presentes na cerimônia. Em sua homilia o papa ressaltou o gesto generoso da pobre viúva que depositou duas moedas no Tesouro do Templo.

"Um gesto que, graças ao olhar atencioso de Jesus, tornou-se proverbial: o óbolo da viúva é sinônimo da generosidade de quem doa sem restrições o pouco que tem" – frisou o papa.

"Também a nós, como naquele dia aos discípulos, Jesus diz: Atenção! Olhem bem o que faz aquela viúva, porque o seu gesto contém um grande ensinamento; este, na verdade, expressa a característica fundamental daqueles que são 'pedras vivas' deste novo Templo, ou seja, o dom total de si ao Senhor e ao próximo. É este o significado perene da oferta da pobre viúva que Jesus exalta, porque ela doou mais do que os ricos que oferecem parte de seu supérfluo, enquanto ela ofereceu tudo o possuía para viver" – sublinhou Bento XVI.

A partir desse episódio do Evangelho o Bento XVI meditou sobre o mistério da Igreja a fim de homenagear o grande Papa Paulo VI, que a ela consagrou toda a sua vida.
"A Igreja é um organismo espiritual concreto que prolonga no espaço e no tempo a oblação do Filho de Deus, um sacrifício aparentemente insignificante em relação às dimensões do mundo e da história, mas decisivo aos olhos de Deus" – ressaltou o papa.

O Santo Padre frisou ainda que "a Deus foi suficiente o sacrifício de Jesus oferecido uma vez por todas para salvar o mundo inteiro, porque naquela única oblação está condensado todo o Amor Divino, como no gesto da viúva está concentrado todo o amor daquela mulher a Deus e aos irmãos".

"A Igreja, que incessantemente nasce da Eucaristia, é a continuação deste dom, desta superabundância que se expressa na pobreza, de tudo que se oferece na fração. É o Corpo de Cristo que se doa inteiramente, Corpo partido e partilhado, em constante adesão à vontade de Cristo, Cabeça da Igreja" – sublinhou o papa.

O pontífice disse ainda que esta é a Igreja que o servo de Deus Paolo VI tanto amou não obstante a sua humana e imperfeita consistência, suas amarguras e sofrimentos, suas fraquezas e misérias de muitos de seus filhos, mas também seu esforço perene de fidelidade, de amor, de perfeição e de caridade. Bento XVI frisou que para conseguir falar hoje à humanidade, a Igreja deve ser pobre e livre como a pobre viúva.

"O encontro e o diálogo da Igreja com a humanidade deste nosso tempo estavam particularmente no coração de Giovanni Battista Montini, em todas as etapas de sua vida, desde os primeiros anos de sacerdócio até o pontificado. Ele dedicou suas energias a serviço de uma Igreja conforme ao seu Senhor Jesus Cristo, de maneira que, encontrando-a, o homem contemporâneo possa encontrá-lo, porque d'Ele tem necessidade absoluta. Este é o anseio do Concílio Vaticano II, ao qual corresponde a reflexão do Papa Paulo VI sobre a Igreja" – ressaltou o Santo Padre.

Em sua primeira encíclica, Ecclesiam suam, de 06 de agosto de 1964, Paulo VI explica a importância da Igreja para a salvação da humanidade e, ao mesmo tempo, a necessidade de estabelecer uma relação mútua de conhecimento e amor entre comunidade eclesial e sociedade.

"Que dom inestimável para a Igreja a lição do Servo de Deus Paulo VI" – sublinhou Bento XVI.

Acrescentando que neste Ano Sacerdotal esta lição envolve particularmente os sacerdotes que o Papa Montini dedicou sempre uma atenção especial. O papa lembrou também Santo Arcangelo Tadini e todos os leigos que em Brescia testemunharam sua fé, sublinhando que "nos ensinamentos de Paolo VI, queridos amigos de Brescia, vocês podem encontrar indicações sempre preciosas para enfrentar os desafios atuais, como a crise econômica, a imigração, a educação dos jovens. Ao mesmo tempo, o Papa Montini não perdia ocasião para sublinhar a primazia da dimensão contemplativa, ou seja, a primazia de Deus na experiência humana. E por isso não se cansava nunca de promover a vida consagrada, na variedade de seus aspectos. Ele amou intensamente a multiforme beleza da Igreja, reconhecendo nela o reflexo da infinita beleza de Deus, que resplandece no rosto de Cristo".
Bento XVI concluiu sua homilia pedindo a intercessão de Maria, Mãe da Igreja, "a fim de que o esplendor da beleza divina brilhe em cada comunidade e na Igreja e seja um sinal luminoso de esperança para a humanidade do terceiro milênio".

PUBLICADA CONSTITUIÇÃO APOSTÓLICA "ANGLICANORUM COETIBUS".

Um documento que abre uma nova estrada para a promoção da unidade dos cristãos, reconhecendo, ao mesmo tempo, a legítima diversidade na expressão da nossa fé comum, em síntese, esse é o autêntico significado da Constituição apostólica Anglicanorum Coetibus, que responde às numerosas solicitações de anglicanos de diversas partes do mundo que pedem para entrar em plena comunhão com a Igreja Católica.
O documento, publicado nesta segunda-feira, foi assinado pelo Papa na última quarta-feira, dia 4, memória de São Carlos Borromeu. Consta de 13 artigos e é acompanhado de uma série de Normas complementares, estipuladas pela Congregação para a Doutrina da Fé.
A Constituição apostólica Anglicanorum Coetibus ressalta uma nota da Sala de Imprensa da Santa Sé mediante a instituição de Ordinariatos Pessoais, responde aos numerosos pedidos que chegaram à Santa Sé por parte de grupos de ministros e fiéis anglicanos desejosos de entrar na plena e visível comunhão com a Igreja Católica.
Portanto, não se trata de uma iniciativa que tenha tido origem na Santa Sé, mas de uma resposta generosa do papa à legítima aspiração de tais grupos anglicanos.
A instituição dessa nova estrutura – prossegue a nota – se coloca em plena harmonia com o compromisso com o diálogo ecumênico, que continua sendo uma prioridade da Igreja Católica. Ademais, os Ordinariatos Pessoais permitirão a tais grupos de anglicanos entrar em plena comunhão com a Igreja Católica, conservando, ao mesmo tempo, elementos do específico patrimônio espiritual e litúrgico anglicano.
A nota ressalta ainda que a possibilidade prevista pela Constituição "Anglicanorum Coetibus" da presença de alguns clérigos casados nos Ordinariatos Pessoais não significa de forma alguma uma mudança na disciplina da Igreja no que tange ao celibato sacerdotal que, como afirma o Concílio Vaticano II, é sinal e, ao mesmo tempo, estímulo da caridade pastoral e anuncia o Reino de Deus de modo radiante.
A Constituição apostólica estabelece, em primeiro lugar, a instituição de Ordinariatos Pessoais para os anglicanos que entram na plena comunhão com a Igreja Católica. Esses Ordinariatos – prevê o artigo introdutório da "Anglicanorum Coetibus" – são criados pela Congregação para a Doutrina da Fé dentro dos limites territoriais de uma determinada Conferência episcopal.
Têm personalidade jurídica e são formados por fiéis leigos, clérigos e religiosos, "originariamente pertencentes à Comunhão Anglicana e agora em plena comunhão com a Igreja católica" (Art. 1). Após ter reiterado que o Ordinariato está submetido à Congregação para a Doutrina da fé e aos outros organismos vaticanos segundo as suas competências (art. 2), a Constituição se detém sobre as celebrações litúrgicas.
O Ordinariato – estabelece-se – tem a faculdade de celebrar a Eucaristia e os outros sacramentos segundo os livros litúrgicos próprios da tradição anglicana aprovados pela Santa Sé, de modo a manter vivas as tradições espirituais, litúrgicas e pastorais da Comunhão Anglicana (art. 3). O Ordinariato Pessoal é confiado ao cuidado pastoral de um Ordinário nomeado pelo papa e o Ordinário tem o poder ordinário, vicário e pessoal (art. 4-5).
Em seguida, a Constituição estabelece que aqueles que exerceram o ministério de diáconos, presbíteros ou bispos anglicanos podem ser aceitos pelo Ordinário como candidatos às Ordens Sagradas na Igreja Católica. Para os ministros casados devem ser observadas as normas da encíclica "Sacerdotalis coelibatus" e da Declaração "In June". Os ministros não casados devem, por sua vez, observar a norma do celibato sacerdotal.
Por outro lado, o Ordinário aceitará para a ordem do presbiterato somente homens celibatários, ao tempo em que poderá dirigir petição ao pontífice, em derrogação ao cânone 277, parágrafo 1, a admitir caso por caso, à Ordem sagrada do presbiterato, também homens casados, segundo critérios objetivos aprovados pela Santa Sé. Além disso, os candidatos às Ordens Sagradas num Ordinariato serão formados junto aos outros seminaristas, especialmente nos âmbitos doutrinal e pastoral. Ao mesmo tempo, o Ordinário, com a aprovação da Santa Sé, pode erigir novos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica (art. 6-7).
A Constituição prevê que, sentido o parecer do bispo diocesano do lugar e com o consenso da Santa Sé, possa "erigir paróquias pessoais para o cuidado pastoral dos fiéis pertencentes ao Ordinariato.
Os párocos gozam de todos os direitos e devem observar todas as obrigações previstas pelo Código de direito canônico (art. 8). Estabelece-se, ademais, que fiéis leigos e religiosos que desejam fazer parte do Ordinariato Pessoal devem manifestar essa vontade por escrito (art. 9).
O Ordinário – prossegue o "Anglicanorum Coetibus" – é assistido por um Conselho de governo, regulado por Estatutos aprovados pelo Ordinário e confirmados pela Santa Sé. Tal Conselho é presidido pelo Ordinário e exerce, entre outros, as funções estabelecidas no Código de direito canônico para o Conselho presbiteral (art. 10). O Ordinário deve vir a Roma a cada 5 anos para a visita ad Limina e deve apresentar ao papa um relatório sobre a situação do Ordinariato (art. 11)Por fim, a Constituição estabelece que para as causas judiciais o tribunal competente é o tribunal da diocese em que uma das partes tem o domicílio, desde que o Ordinariato não tenha constituído um tribunal próprio (art. 12).O último artigo prevê que o decreto que erige um Ordinariato determinará o lugar da sede do próprio Ordinariato. (art. 13).

domingo, 8 de novembro de 2009

Bento XVI: “teologia do coração”, mais que “teologia da razão”.

Queridos irmãos e irmãs:
Na última catequese, apresentei as principais características da teologia monástica e da teologia escolástica do século XII, que poderíamos chamar, de certa forma, respectivamente, de “teologia do coração” e “teologia da razão”.
Entre os representantes de uma e de outra corrente teológica houve um amplo debate, às vezes intenso, simbolicamente apresentado pela controvérsia entre São Bernardo de Claraval e Abelardo.
Para compreender esta confrontação entre os dois grandes mestres, é bom recordar que a teologia é a busca de uma compreensão racional, enquanto for possível, do mistério da Revelação cristã, que acreditamos pela fé: fides quaerens intellectum – a fé busca a inteligibilidade –, por citar uma definição tradicional, concisa e eficaz.
Pois bem, enquanto São Bernardo, típico representante da teologia monástica, enfatiza a primeira parte da definição, isto é, a fides (a fé), Abelardo, que é um escolástico, incide sobre a segunda parte, isto é, sobre o intellectus, sobre a compreensão por meio da razão.
Para Bernardo, a própria fé está dotada de uma íntima certeza, fundada no testemunho da Escritura e no ensinamento dos Padres da Igreja. A fé, além disso, reforça-se pelo testemunho dos santos e pela inspiração do Espírito Santo na alma de cada crente. Nos casos de dúvida e de ambiguidade, a fé deve ser protegida e iluminada pelo exercício do Magistério eclesial.
Assim, para Bernardo, era difícil estar de acordo com Abelardo, e mais em geral com aqueles que submetiam as verdades da fé ao exame crítico da razão; um exame que comportava, em sua opinião, uma grave perigo, o intelectualismo, a relativização da verdade, a discussão das próprias verdades da fé.
Nesta forma de proceder, Bernardo via uma audácia levada até a falta de escrúpulos, fruto do orgulho da inteligência humana, que pretende “capturar” o mistério de Deus. Em uma de suas cartas, com muita dor, ele escreve:

“A criatividade humana se apodera de tudo, não deixando nada para a fé. Enfrenta o que está acima dela, escruta o que lhe é superior, irrompe no mundo de Deus, altera os mistérios da fé, mais do que os ilumina; não abre o que está fechado e selado, mas o erradica; e o que não acha viável, considera como nada e rejeita crer nisso” (Epístola CLXXXVIII,1: PL 182, I, 353).

Para Bernardo, a teologia tem um único fim: o de promover a experiência viva e íntima de Deus. A teologia é, portanto, uma ajuda para amar cada vez mais e melhor o Senhor, como recita o título do tratado sobre o Dever de amar a Deus (De diligendo Deo). Neste caminho, há diversos graus, que Bernardo descreve detalhadamente, até o cume, quando a alma do crente se embriaga nas alturas do amor. A alma humana pode alcançar, já na terra, essa união mística com o Verbo divino, união que o Doutor Melífluo descreve como “bodas espirituais”. O Verbo divino a visita, elimina as últimas resistências, ilumina-a, inflama-a e a transforma. Nesta união mística, a alma goza de uma grande serenidade e doçura, e canta ao seu Esposo um hino de alegria.

Como recordei na catequese dedicada à vida e à doutrina de São Bernardo, a teologia para ele não pode senão nutrir-se da oração contemplativa; em outras palavras, da união afetiva do coração e da mente com Deus.
Abelardo, que, por sua vez, é precisamente quem introduziu o termo “teologia” no sentido que entendemos hoje, coloca-se em uma perspectiva diversa. Nascido em Bretanha, na França, este famoso professor do século XII estava dotado de uma inteligência vivíssima e sua vocação era o estudo. Ele se dedicou primeiro à filosofia e depois aplicou os resultados alcançados nesta disciplina à teologia, da qual foi professor na cidade mais culta da época, Paris, e sucessivamente nos mosteiros em que viveu.
Era um orador brilhante: suas aulas eram acompanhadas por verdadeiras massas de estudantes. De espírito religioso, mas personalidade inquieta, sua existência foi rica em golpes de cena: rebateu seus professores, teve um filho com uma mulher culta e inteligente, Eloísa; esteve frequentemente em polêmica com seus colegas teólogos; sofreu também condenações eclesiásticas, ainda que tenha morrido em plena comunhão com a Igreja, a cuja autoridade se submeteu com espírito de fé.
Precisamente São Bernardo contribuiu para a condenação de algumas doutrinas de Abelardo no sínodo provincial de Sens em 1140, e solicitou também a intervenção do papa Inocêncio II. O abade de Claraval rejeitava, como recordamos, o método intelectualista demais de Abelardo, que a seu ver reduzia a fé a uma simples opinião desvinculada da verdade revelada.
Os temores de Bernardo não eram infundados, mas compartilhados pelos demais, por outros grandes pensadores da sua época. Efetivamente, um uso excessivo da filosofia tornou perigosamente frágil a doutrina trinitária de Abelardo e, consequentemente, sua ideia de Deus.
No campo moral, seu ensinamento não estava privado de ambiguidade: ele insistia em considerar a intenção do sujeito como única fonte para descrever a bondade ou a malícia dos atos morais, descuidando, assim, do significado objetivo e do valor moral das ações: um subjetivismo perigoso.
Este é, como sabemos, um aspecto importante para a nossa época, na qual a cultura aparece frequentemente marcada por uma tendência crescente ao relativismo ético: só o “eu” decide o que é bom para mim, neste momento. Não podemos nos esquecer, contudo, dos grandes méritos de Abelardo, que teve muitíssimos discípulos e que contribuiu para o desenvolvimento da teologia escolástica, destinada a expressar-se de forma mais madura e fecunda no século seguinte. Não devem ser desvalorizadas algumas das suas intuições, como, por exemplo, quando afirma que nas tradições religiosas não-cristãs já há uma preparação para a acolhida de Cristo, Verbo divino.
O que nós podemos aprender hoje da confrontação, frequentemente intensa, entre Bernardo e Abelardo e, em geral, entre a teologia monástica e a escolástica?
Antes de mais nada, penso que mostra a utilidade e a necessidade de uma discussão teológica sadia na Igreja, sobretudo quando as questões debatidas não foram definidas pelo Magistério, que continua sendo, contudo, um ponto de referência iniludível. São Bernardo, mas também o próprio Abelardo, reconheceram sempre sua autoridade. Além disso, as condenações que este último sofreu nos recordam que no campo teológico deve haver um equilíbrio entre os que poderíamos chamar de princípios arquitetônicos, que nos foram dados pela Revelação e que conservam por isso sempre uma importância prioritária, e os interpretativos, sugeridos pela filosofia, isto é, pela razão, e que têm uma função importante, mas só instrumental. Quando este equilíbrio entre a arquitetura e os instrumentos de interpretação diminui, a reflexão teológica corre o risco de contaminar-se com erros, e corresponde então ao Magistério o exercício desse necessário serviço à verdade, que lhe é próprio.

Além disso, é preciso sublinhar que, entre as motivações que induziram Bernardo a colocar-se contra Abelardo e a solicitar a intervenção do Magistério, estava também a preocupação por salvaguardar os crentes simples e humildes, aqueles a quem é preciso defender quando correm o risco de ser confundidos ou desviados por opiniões muito pessoais e por argumentações teológicas sem escrúpulos, que poderiam colocar sua fé em perigo.
Eu gostaria de recordar, finalmente, que a confrontação teológica entre Bernardo e Abelardo concluiu com uma plena reconciliação entre eles, graças à mediação de um amigo comum, o abade de Cluny, Pedro o Venerável, de quem falei em uma das catequeses anteriores. Abelardo mostrou humildade em reconhecer seus erros. Bernardo usou de grande benevolência. Em ambos, prevaleceu o que deve estar verdadeiramente no coração quando nasce uma controversa teológica, isto é, salvaguardar a fé da Igreja e fazer a verdade triunfar na caridade. Que esta seja também hoje a atitude nas confrontações na Igreja, tendo sempre como meta a busca da verdade.

Obs: Amém.

Jovens adultos sem-igreja.

A forma de atrair os jovens para o cristianismo é uma questão estudada por quase todos os líderes da Igreja atualmente. Não é nenhum segredo que um grande número de jovens adultos não pertence a nenhuma igreja, mas isso não significa que eles são insensíveis à religião, de acordo com um recente livro.
Em "Lost and Found: The Younger Unchurched and the Churches That Reach Them," (B and H Publishing Group), Ed Stezzer, Richie Stanley e Jason Hayes olham para os jovens com “vinte e tantos anos” e analisam como algumas igrejas estão se esforçando para fazer contato com uma geração notoriamente relutante em comprometer-se com a religião institucional.
Em seu estudo, eles olharam para os jovens ‘sem igreja’, dividindo-os em várias categorias. Havia alguns que nunca estiveram envolvidos com qualquer igreja, aqueles que deixaram a prática da religião após a infância, e aqueles que são amigáveis ou hostis às igrejas. Não é um estudo baseado em determinada igreja cristã, mas um olhar para analisar como jovens adultos interagem com o cristianismo.

Os dados colhidos para o livro vêm de várias pesquisas realizadas de 2006 a 2008.
Havia uma divisão de idades de 40% a 60% entre os de 20-24 anos e os de 25-29.
Mais de metade havia se graduado e oito em cada nove tinham pós-graduação.

1 - Como em outros estudos, os jovens entrevistados responderam muitas vezes que tinham espiritualidade, mas nem sempre eram religiosos;

2 - Assim, 43% dos ‘sem igreja’ disseram que cultivavam espiritualidade;

3 - 31% afirmaram ser tanto espiritualizados e religiosos, apesar de não estarem regularmente presentes em uma igreja específica.

4 - Análises também revelaram que mais de 60% dos jovens relataram frequentar a igreja semanalmente, durante a fase de crescimento.

O livro, em seguida, procura detalhar algumas das crenças dos sem-igreja. Concluiu que, quatro em cada cinco jovens acreditavam na existência um ser supremo e três em cada quatro afirmavam que a existência de Deus faz ou faria um impacto nas suas vidas. Esta constatação inicial, no entanto, precisa ser esclarecida para se entender em que tipo de Deus as pessoas que não frequentam a Igreja acreditam.

Enquanto a maioria respondeu acreditar no Deus descrito na Bíblia, ao mesmo tempo, 58% responderam também que o Deus bíblico não é diferente dos deuses ou seres espirituais adorados por outras religiões como o islamismo e o budismo. Na verdade, a área com o maior acordo entre os jovens espiritualizados ou não foi que o Deus da Bíblia não era diferente de outros deuses.

"Espiritualizada ou não, a maioria concorda na existência de um Deus", observaram os autores.

"Simplificando, uma abundância de confusão espiritual permeia o sistema de crenças dos jovens que não frequentam a Igreja."

Sob um olhar mais atento
Quando se faz uma análise no campo étnico:

1 - 98% dos jovens afro-americanos que não frequentam a Igreja concordaram que Deus existe;

2 - Enquanto 84% dos hispânicos também possuem a mesma opinião;

3 - compara-se ao número de 76% dos sem-igreja anglo-saxões que acreditam em Deus.

Resultados mais interessantes aparecem quando se olham os efeitos da educação sobre as crenças. Aqueles que possuem uma educação superior eram menos propensos a acreditar na existência de Deus:

1 – 79% em comparação com 94% das pessoas formadas até o ensino médio ou menos;

2 - Com base nos dados, apenas 53% dos escolarizados acreditam no Deus Uno da Bíblia;

3 - enquanto esse número é de 85% entre os menos instruídos. Menor grau educativo também leva a um consentimento mais forte de que a existência de Deus afetou sua vida.

O estudo, em seguida, passou a analisar o que pensam sobre Jesus.
Foram feitas duas perguntas:
1 - Se eles acreditavam na ressurreição;
2 - Se acreditar em Jesus traz mudanças positivas na vida das pessoas.

Cerca de dois terços dos jovens que não frequentam a Igreja concordou que Jesus morreu e voltou à vida, e 77% tiveram uma opinião afirmativa à segunda questão. Assim, concluíram os pesquisadores, os jovens não estão longe da Igreja devido à ausência da crença em Deus ou em Jesus. Quando vieram as opiniões sobre a Igreja, as reações não foram tão favoráveis.
Enquanto 73% concordam que a Igreja cristã, em geral, é algo positivo para a sociedade, cerca de dois terços acusam os frequentadores de igrejas de serem hipócritas, e 90% afirmaram que poderiam ter um bom relacionamento com Deus, sem estar envolvido em uma igreja.
Não é de surpreender que os sem-igreja sejam hostis quando o assunto é a Igreja, os autores observam, mas os exames revelaram que a maioria deles está disposta a escutar seus amigos falarem sobre o cristianismo.

De fato, 89% declararam que estavam dispostos a deixar que alguém lhes falasse sobre o cristianismo. Além disso, pouco menos da metade dos sem-igreja disse que, se um amigo se tornasse um cristão, isso teria um efeito positivo em seu relacionamento. Porém nem tudo é positivo, já que 46% concordaram com a afirmação de que "os cristãos me dão nos nervos".

Fazendo contato
A última parte do livro examina o que algumas igrejas estão fazendo a fim de atrair os sem-igreja. Os autores identificaram nove características comuns nestas atividades.

1 - Criação de uma comunidade mais profunda por meio de um sistema pequeno, o qual permite que as pessoas se conectem com outras;

2 - Permitindo-lhes fazer a diferença, levando os jovens a servir aos outros através de atividades voluntárias;

3 - Oferecendo oportunidades de culto que reflitam a cultura e também a reverência a Deus.

4 - Estabelecendo a comunicação eficaz, que varia no estilo, mas é mais dialogal do que a pregação;

5 - Apoiando a vontade de usar a linguagem da tecnologia familiar para os jovens adultos;

6- Construir relações entre gerações, ligando os jovens a adultos mais velhos, desafiando-os a amadurecer;

7 - Uma liderança que seja honesta e autêntica;

8 - O apreço pela transparência e o senso de humanidade;

9 - Tomando uma abordagem de equipe para o ministério.

Explicando mais detalhadamente sobre o ponto de dar às pessoas a oportunidade de fazer o trabalho voluntário, os autores comentam que, através de tais atividades beneficentes, não se ajuda apenas o destinatário da ação, mas se muda a vida de quem faz caridade. Os jovens de hoje têm um forte desejo de mudar o mundo e querem fazer parte de projetos. Muitos dos recém-chegados à Igreja tomaram o caminho das atividades de voluntariado.

Comunicando

Os autores também entraram em mais detalhes sobre o uso de modernas tecnologias de comunicação para atrair os jovens adultos. Eles argumentam que até recentemente, poucas igrejas tinham avaliado o impacto das mudanças nas comunicações.
A presença online pode mudar a maneira como as pessoas pensam sobre a Igreja, desfazendo mitos e levando-os a participar. Os vídeos, redes sociais e outros instrumentos muitas vezes permitem que as pessoas vejam fiéis autênticos, seu testemunho de vida e papel social.
A tecnologia deve ser um servo do Evangelho, os autores alertam, por isso precisa ser usada para transmitir uma mensagem e não ser uma ferramenta para seu próprio bem. Em conclusão, os autores solicitam um esforço maior para ligar os jovens adultos a Deus e à Igreja. Se este resultado for alcançado, então o mundo pode ser mudado. Os jovens estão buscando respostas que podem ser encontradas no cristianismo, por isso temos de encontrar uma maneira de familiarizá-los com a Igreja.

Obs: Nota-se que há sim uma confusão na cabeça de muitos jovens, muitas das vezes por nos mesmos que frequentamos Igreja e professamos nossa fé. Não quero aqui dizer que não fazemos nossa lição de cristão, mais há muitos sem noção que dão falso testemunho, muita politica na Igreja, uma pobre preparação dos leigos engajados em pastorais e coordenação e , o que eu acho o mais provavel, muitos inimigos da Igreja estão em faculdades, são escritores, cineastas, arqueologos, axologos, livres pensadores, pessoas comuns que tem mais abertura na midia escrita falada e escrita, e eles fazem a teologia contra a fé, contra a Igreja, contra o cristianismo, muitas das vezes baseados em mentiras, e quem está de fora acredita e vira com isso inimigo da Igreja. E eu tive uma conversa com um rapaz nesta faixa de idade e foi isso que eu pude constatar, ele esta fora de Igreja e ainda não é batisado e está fazendo sabe o que, HISTÓRIA, sem comentários né.
Que o Espirito Santo que assiste a Igreja nos inspire para atrairmos os jovens ao encontro pessoal com Deus.
Salve Maria.

sábado, 7 de novembro de 2009

Pastores fundadores da Igreja Cristã Contemporânea "casarão".

No próximo sábado (20/11), os pastores Marcos Gladstone, 33, e Fábio Inácio, 30, que já foi pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, se casarão no Rio de Janeiro.
Os noivos são fundadores da Igreja Cristã Contemporânea, uma denominação evangélica que abraça a comunidade LGBT. Segundo os noivos, "a Igreja Cristã Contemporânea nasceu e cresceu por sobre o amor de dois homossexuais, por isso é a igreja que ama realmente a todos sem preconceitos."
Em virtude da união entre pessoas do mesmo sexo ainda não ser reconhecida legalmente no Brasil, os noivos assinarão um contrato de união homoafetiva durante a cerimônia. A cerimônia para 300 convidados ocorrerá em uma sofisticada casa de eventos no Alto da Boa Vista, e será oficializada por um dos pastores da própria Igreja.
Fundada há 3 anos, a Igreja Cristã Contemporânea tem hoje mais de 500 membros. Atualmente a sede da igreja, no centro do Rio, ocupa nos cultos dominicais noturnos um grande teatro na Cinelândia.
O pastor Marcos Gladstone é autor do livro "A Bíblia sem preconceitos", onde faz uma releitura dos textos utilizados para condenação dos homossexuais, mostrando inclusive erros nas traduções de algumas passagens da Bíblia. Fundadores da Igreja Cristã Contemporânea, uma denominação evangélica que abraça a comunidade LGBT.

Obs: É com grande pesar que venho publicar essa noticia, um escandalo para o evangelho. E o que me espanta é a mesma ladainha de sempre de preconceito, e pior por se tratar de 02 homens que foram ordenados pastores. Lamentavel!!!

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

A Doutrina do Purgatório.

Do Livro ´O que são as Indulgências´ do prof. Felipe Aquino

Desde os primórdios a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Mt 28,20; Jo 14,15.25; 16,12.13), acredita na purificação das almas após a morte, e chama este estado, não lugar, de Purgatório.
Ao nos ensinar sobre esta matéria, diz o nosso Catecismo: “Aqueles que morrem na graça e na amizade de Deus, mas imperfeitamente purificados, estão certos da sua salvação eterna, todavia sofrem uma purificação após a morte, afim de obter a santidade necessária para entrar na alegria do céu.” (CIC, §1030)
Logo, as almas do Purgatório “estão certas da sua salvação eterna” e isto lhes dá grande paz e alegria. Falando sobre isso, disse o Papa João Paulo II: “Mesmo que a alma tenha de sujeitar´se, naquela passagem para o Céu, à purificação das últimas escórias, mediante o Purgatório, ela já está cheia de luz , de certeza, de alegria, porque sabe que pertence para sempre ao seu Deus.”( Alocução de 03 de julho de 1991; LR n. 27 de 07/7/91).

O Catecismo ensina que: “A Igreja chama de purgatório esta purificação final dos eleitos, purificação esta que é totalmente diversa da punição dos condenados. A Igreja formulou a doutrina da fé relativa ao Purgatório principalmente nos Concílios de Florença (1438´1445) e de Trento (1545´1563)”. (§ 1031) Portanto, o sofrimento purificador do purgatório é diferente daquele do inferno. “Este ensinamento baseia-se também sobre a prática da oração pelos defundos de que já fala a Escritura Sagrada: ‘Eis porque Judas Macabeus mandou oferecer este sacrifício expiatório em prol dos mortos, a fim de que fossem purificados de seu pecado’ (2 Mac 12,46).

Desde os primeiros tempos a Igreja honrou a memória dos defuntos e ofereceu sufrágios em favor dos mesmos, particularmente o sacrifício eucarístico, a fim de que, purificados, possam chegar à visão beatífica de Deus. A Igreja recomenda também as esmolas, as indulgências e as obras de penitência em favor dos defuntos”(§1032).

Devemos notar que o ensinamento sobre o Purgatório tem raízes já na crença dos próprios judeus, cerca de 200 anos antes de Cristo, quando ocorreu o episódio de Judas Macabeus. Narra-se aí que alguns soldados judeus foram encontrados mortos num campo de batalha, tendo debaixo de suas roupas alguns objetos consagrados aos ídolos, o que era proibido pela Lei de Moisés. Então Judas Macabeus mandou fazer uma coleta para que fosse oferecido em Jerusalém um sacrifício pelos pecados desses soldados. O autor sagrado, inspirado pelo Espírito Santo, louva a ação de Judas: “Se ele não esperasse que os mortos que haviam sucumbido iriam ressuscitar, seria supérfluo e tolo rezar pelos mortos. Mas, se considerasse que uma belíssima recompensa está reservada para os que adormeceram piedosamente, então era santo e piedoso o seu modo de pensar. Eis porque ele mandou oferecer esse sacrifício expiatório pelos que haviam morrido, afim de que fossem absolvidos do seu pecado”. (2 Mac 12,44s)
Neste caso, vemos pessoas que morreram na amizade de Deus, mas com uma incoerência, que não foi a negação da fé, já que estavam combatendo no exército do povo de Deus contra os inimigos da fé. Todo homem foi criado para participar da felicidade plena de Deus (cf. CIC, §1), e gozar de sua visão face´a´face. Mas, como Deus é “Três vezes Santo”, como disse o Papa Paulo VI, e como viu o profeta Isaías (Is 6,8), não pode entrar em comunhão perfeita com Ele quem ainda tem resquícios de pecado na alma. A Carta aos Hebreus diz que: “sem a santidade ninguém pode ver a Deus” (Hb 12, 14). Então, a misericórdia de Deus dá-nos a oportunidade de purificação mesmo após a morte. Entenda, então, que o Purgatório, longe de ser castigo de Deus, é graça da sua misericórdia paterna. O ser humano carrega consigo uma certa desordem interior, que deveria extirpar nesta vida; mas quando não consegue, isto leva-o a cair novamente nas mesmas faltas. Ao confessar recebemos o perdão dos pecados; mas, infelizmente, para a maioria, a contrição ainda encontra resistência em seu íntimo, de modo que a desordem, a verdadeira raíz do pecado, não é totalmente extirpada. No purgatório essa desordem interior é totalmente destruída, e a alma chega à santidade perfeita, podendo entrar na comunhão plena com Deus, pois, com amor intenso a Ele, rejeita todo pecado.

Com base nos ensinamentos de São Paulo, a Igreja entendeu também a realidade do Purgatório. Em 1Cor 3,10, ele fala de pessoas que construíram sobre o fundamento que é Jesus Cristo, utilizando uns, material precioso, resistente ao fogo (ouro, prata, pedras preciosas) e, outros, materiais que não resistem ao fogo ( palha, madeira). São todos fiéis a Cristo, mas uns com muito zelo e fervor, e outros com tibieza e relutância. E Paulo apresenta o juízo de Deus sob a imagem do fogo a provar as obras de cada um. Se a obra resistir, o seu autor “receberá uma recompensa”; mas, se não resistir, o seu autor “sofrerá detrimento”, isto é, uma pena; que não será a condenação; pois o texto diz explicitamente que o trabalhador “se salvará, mas como que através do fogo”, isto é, com sofrimentos. O fogo neste texto tem sentido metafórico e representa o juízo de Deus (cf. Sl 78, 5; 88, 47; 96,3).

O purgatório não é de fogo, já que a alma, sendo espiritual, não pode ser atingida pelo fogo terreno. No purgatório a alma vê com toda clareza a sua vida tíbia na terra, o seu amor insuficiente a Deus, e rejeita agora toda a incoerência a esse amor, vencendo assim as paixões que neste mundo se opuseram à vontade santa de Deus. Neste estado, a alma se arrepende até o extremo de suas negligências durante esta vida; e o amor a Deus extingue nela os afetos desregrados, de modo que ela se purifica. Desta forma, a alma sofre por ter sido negligente, e por atrasar assim, por culpa própria, o seu encontro definitivo com Deus. É um sofrimento nobre e espontâneo, inspirado pelo amor de Deus e horror ao pecado.

São Gregório Magno (540-604), Papa e Doutor da Igreja, já no século VI ensinava a possiblidade do perdão na outra vida: “No que concerne a certas faltas leves, deve´se crer que existe antes do juízo um fogo purificador, segundo afirma Aquele que é a Verdade, dizendo que se alguém tiver pronunciado uma blasfêmia contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado nem no presente século nem no século futuro (Mt 12,31). Desta afirmação podemos deduzir que certas faltas podem ser perdoadas no século presente, ao passo que outras, no século futuro.” (CIC, § 1031)

O grande doutor da Igreja, São Francisco de Sales (1567´1655), tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na idade média, que é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do Purgatório.
Eis o que ele nos diz:

1 - As almas alí vivem uma contínua união com Deus.

2 - Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar´se no inferno a apresentar´se manchadas diante de Deus.

3 - Purificam´se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4 - Querem permanecer na forma que agradar a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5 - São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6 - Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado. 7 - São consoladas pelos anjos.

8 - Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9 - As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10 - Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama´lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11 - O Purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.” (Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão, 4a. ed. Editora Rosário, Curitiba, 1981.)

AS ORAÇÕES PELOS MORTOSO:
Papa João Paulo II, no dia de finados de 1997, na Alocução mariana, disse:

“A tradição da Igreja exortou sempre a rezar pelos mortos. O fundamento da oração de sufrágio encontra´se na comunhão do Corpo Místico. Por conseguinte, recomenda a visita aos cemitérios, o adorno dos sepulcros e o sufrágio, como testemunho de esperança confiante, apesar dos sofrimentos pela separação dos entes queridos.” (LR, n. 45, de 10/11/91)

O Catecismo ensina que: “Reconhecendo cabalmente esta comunhão de todo o corpo místico de Jesus Cristo, a Igreja terrestre, desde os tempos primevos da religião cristã, venerou com grande piedade a memória dos defuntos...”(CIC, § 958)

São João Crisóstomo (349-407), que foi patriarca de Constantinopla, doutor da Igreja, ensina a necessidade de rezar pelos mortos:
“Levemos-lhes socorro e celebremos a sua memória. Se os filhos de Jó foram purificados pelo sacrifício de seu pai (Jó 1,5), porque duvidar que as nossas oferendas em favor dos mortos lhes leva alguma consolação? Não hesitemos em socorrer aos que partiram e em oferecer as nossas orações por eles” (CIC, §1032; In I Cor 41,5 PG 61,361).
O mesmo São João Crisóstomo afirma que “os Apóstolos instituíram a oração pelos mortos e que esta lhes presta grande auxílio e real utilidade” ( In Philipp. III 4, PG 62, 204, citado na Revista Pergunte e Responderemos n. 264, 1982, pp. 50´51).

É interessante notar que S. Paulo pede “que o Senhor conceda a Onesíforo encontrar misericórdia da parte do Senhor naquele dia!”( 2 Tm 1, 18). É uma oração por um defunto.

No início do século III, encontramos as Atas de Santa Perpétua de Cartago, na África, onde a mártir aparece orando por seu irmão Dinócrate, o qual morrera jovem: pedia que ele fosse transferido do lugar de padecimento em que se achava, para um “lugar de refrigério, de saciedade e de alegria”.
Finalmente, viu Dinócrate, de coração puro, revestido de bela túnica, a gozar de refrigério, saciedade e alegria, como uma criancinha que sai da água e se dispõe a brincar. ( Passio, S. Perpétua VIIs; PR, idem)

Nesta mesma época, Tertuliano (†202), de Cartago, atesta o uso de sufrágios na liturgia oficial de Cartago, que era um dos principais centros do cristianismo no século III. Diz, por exemplo, que “durante a morte e o sepultamento de um fiel, fora beneficiado com a oração do sacerdote da Igreja”. ( De anima 51; PR, ibidem)

São Cipriano (†258), bispo de Cartago, refere´se à oferta do sacrifício eucarístico em sufrágio dos defuntos como costume recebido da herança dos bispos seus antecessores ( cf. epist. 1,2). Nas suas epístolas é comum encontrar a expressão: “ oferecer o sacrifício por alguém ou por ocasião dos funerais de alguém”. ( Revista PR, 264, 1982, pag. 50 e 51; PR ibidem)

Falando da vida de Cartago, no século III, afirma Vacandart:
“Podemos de certo modo conceber o que terá sido a vida religiosa de Cartago em meados do século III. Aí vemos o clero e os fiéis a cercar o altar... ouvimos os nomes dos defuntos lidos pelo diácono e o pedido de que o bispo ore por esses fiéis falecidos; vemos os cristãos... voltar para casa reconfortados pela mensagem de que o irmão falecido repousa na unidade da Igreja e na paz do Cristo.” (Revue de Clergé Français 1907 t. Lil 151; PR, ibidem)

Acreditando na Comunhão dos Santos, a Igreja desde sempre rezou pelos mortos.
A Didascalia, ou “doutrina” atribuída aos Doze Apóstolos, do início do século III, usado pelos cristãos da Síria, dizia: “Ao fazerdes as vossas comemorações, reuni-vos, lede as Sagradas Escrituras... tanto em vossas assembléias quanto nos cemitérios. O pão duro que o pão tiver purificado e que a invocação tiver santificado, oferecei´o orando pelos mortos”.
Os chamados “Cânones de Hipólito” , que se referem à Liturgia do século III, contém uma rubrica sobre os mortos... “caso se faça memória em favor daqueles que faleceram...” (Canones Hippoliti, em Monumenta Ecclesiae Liturgica; PR, 264,1982)

Na primeira metade do século IV, o bispo Serapião de Thmuis, no Egito, compôs uma coletânea litúrgica, onde se pode ver a intercessão pelos irmãos falecidos: Por todos os defuntos dos quais fazemos comemoração, assim oramos:

"Santifica essas almas, pois Tu as conheces todas; santifica todas aquelas que dormem no Senhor; coloca´as em meio às santas Potestades (anjos); dá´lhes lugar e permanência em teu reino’” (Journal of Theological Studies t. 1, p. 106; PR , 264,1982)

“Nós te suplicamos pelo repouso da alma de teu servo( ou de tua serva) N. ; dá paz a seu espírito em lugar verdejante e aprazível, e ressuscita o seu corpo no dia que determinaste”. (PR, 264,1982)

Ainda podemos encontrar nas Constituições Apostólicas, do fim do século IV, redigidas com base em documentos bem mais antigos, no livro VIII da coleção, o seguinte: “Oremos pelo repouso de N. , afim de que o Deus bom, recebendo a sua alma, lhe perdoe todas as faltas voluntárias e , por sua misericórdia, lhe dê o consórcio das almas santas.”

No século III, Tertuliano (†220), já dava este testemunho:
“A esposa roga pela alma do seu esposo e pede para ele refrigério, e que volte a reunir´se com ele na ressurreição; oferece sufrágios todos os dias aniversários de sua morte”( De Monogamia, 10). Em todas as missas, em qualquer das formas da Oração Eucarística, a Igreja ora pelas almas:

1 - “Lembrai-vos também dos que morreram na paz do vosso Cristo e de todos os mortos dos quais só vós conheceis a fé”( Oração Euc. IV)

2 - “Lembrai-vos também dos nossos irmãos e irmãs que morreram na esperança da ressurreição e de todos os que partiram desta vida: acolhei´os junto a vós na luz da vossa face.”(Or. Euc. II)

3 - “Lembrai´vos dos nossos irmãos e irmãs ... que adormeceram na paz do vosso Cristo, e de todos os falecidos, cuja fé só vos conhecestes: acolhei´os na luz da vossa face e concedei´lhes, no dia da ressurreição, a plenitude da vida.” (Or. Euc. VI´A)

4 - “Ó Pai, sabemos que sempre vos lembrais de todos. Por isso, pedimos por aqueles que nós amamos... e por todos os que morreram em vossa paz.”(Or. Euc. IX´ crianças 1)

5 - “A todos os que chamastes para a outra vida na vossa amizade, e aos marcados com o sinal da fé, abrindo os vossos braços, acolhei´os. Que vivam para sempre bem felizes no reino que para todos preparastes.”(Or. Euc. V)

Nas Catequeses Mistagógicas, de S. Cirilo de Jerusalém (†386), assim ele diz:
“Enfim, também rezamos pelos santos padres e bispos e defuntos e por todos em geral que entre nós viveram; crendo que este será o maior auxílio para aquelas almas, por quem se reza, enquanto jaz diante de nós a santa e tremenda vítima”(Cat. Mist. 5, 9, 10, Ed. Vozes, 1977, pg. 38)

“Da mesma forma, rezando nós a Deus pelos defuntos, ainda que pecadores, não lhe tecemos uma coroa, mas apresentamos Cristo morto pelos nossos pecados, procurando merecer e alcançar propiação junto a Deus clemente, tanto por eles como por nós mesmos.”
Desde os seus primórdios a Igreja acredita e ensina a eficácia da oração de uns pelos outros, membros do mesmo corpo de Cristo.

Santo Ambrósio ( 340´397), bispo e doutor da Igreja de Milão, que batizou S.Agostinho, no século IV já dava este testemunho: “... assim como é redimido do pecado e purificado no homem interior, por algumas obras de todo o povo, aquele que é lavado pelas lágrimas do povo. Pois concedeu Cristo à sua Igreja, que por todos resgatasse um, ela que mereceu o advento do Senhor, para que por um só, todos fossem remidos” ( DI, ref. 29). Não só a Igreja ora pelos mortos, como também ensina que eles intercedem por nós.

O nosso Catecismo afirma que: “A nossa oração por eles [no Purgatório] pode não somente ajudá´los, mas também torna eficaz a sua intercessão por nós”. (CIC, § 958) Os santos, especialmente os místicos, invocavam as almas do purgatório. Que elas “nos obtenham a graça de voltar à amizade do Coração de Jesus...”.

Escreve Santa Margarida Maria Alacoque (Carta 480); e ainda:
“E a estas [almas] rogareis... que empreguem seu poder para nos conseguir a graça de viver e morrer no amor e fidelidade ao Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo...”(desafio, 58).

Muitos teólogos, como o próprio São Roberto Belarmino ( lib. 2 de Purgat. c. 4), de renome na Igreja, afirmam que a invocação das almas do purgatório é utilíssima.
Em 1700, o Papa Clemente XI erigiu uma Confraria “Sub invocatione animarum purgatorii” (Sob a invocação das almas do purgatório).

Também o Papa João Paulo II confirma com o seu ensinamento esta verdade: “... Igreja do Céu, Igreja da Terra e Igreja do Purgatório estão misteriosamente unidas nesta cooperação com Cristo para reconciliar o mundo com Deus.”(Reconciliatio et poenitentia, 12).

Falando da Confissão o Papa diz: “... é inegável a dimensão social deste sacramento, no qual é toda a Igreja militante (na terra), a padecente (no Purgatório), e a triunfante ( no Céu) ´ que intervém em auxílio do penitente e o acollhe de novo em seu seio, tanto mais que toda a Igreja fora ofendida e ferida pelo seu pecado”. (RP, 31, IV).

Em outra ocasião o Papa ensinou que: “Numa misteriosa troca de dons, eles [no purgatório] intercedem por nós e nós oferecemos por eles a nossa oração de sufrágio “ ( LR de 08/11/92, p. 11).

E reafirmou em 02/11/94, que: “... os vínculos de amor que unem pais e filhos, esposas e esposos, irmãos e irmãs, assim como os ligames de verdadeira amizade entre as pessoas, não se perdem nem terminam com o indiscutível evento da morte. Os nossos defuntos continuam a viver entre nós, não só porque os seus restos mortais repousam no cemitério e a sua recordação faz parte da nossa existência, mas sobretudo porque as suas almas intercedem por nós junto de Deus”.

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

NA AUDIÊNCIA GERAL, PAPA FALA DO RENASCIMENTO DA TEOLOGIA LATINA.

A fé e a razão, quando se encontram em respeitoso diálogo entre si, são como asas com as quais "o espírito humano se eleva rumo à contemplação da verdade". A afirmação de João Paulo II foi retomada por Bento XVI na conclusão da audiência geral desta manhã, realizada na Praça São Pedro. O papa dedicou a sua catequese aos dois modelos de teologia – monástica e escolástica – que se firmaram no Séc. XII na Europa, graças a uma feliz conjuntura social e cultural.
E convidou os cristãos a fazerem tesouro dessa rica herança espiritual.
Alimentar a própria existência dos cristãos mediante uma "mais atenta" escuta do Evangelho e das Escrituras, como 800 anos atrás ensinaram os promotores da teologia monástica. E compreender mediante a razão humana, com um "amor que se torna inteligência", horizontes sempre mais vastos do mistério de Deus, como naquele mesmo período ensinaram os teólogos escolásticos. São as duas heranças fundamentais para os fiéis de hoje que Bento XVI evidenciou falando na audiência geral sobre o florescimento da teologia latina do Séc. XII.
Traçando, para a Europa da época, um período de "grande atividade cultural" e de "maior pureza evangélica" dentro da Igreja – favorecida pela reforma gregoriana – o pontífice afirmou o seguinte:
Naquele mesmo contexto "refloresceu também a teologia adquirindo uma maior consciência da própria natureza, afinou o método, enfrentou problemas novos, progrediu na contemplação dos Mistérios de Deus, produziu obras fundamentais, inspirou iniciativas importantes da cultura, da arte à literatura, e preparou as obras-primas do século sucessivo, o século de Tomás de Aquino e de Boaventura de Bagnoregio".
O pontífice explicou às mais de 30 mil pessoas que o ouviam as diferenças de método sobre os quais monges, de um lado, e cultos pastores, de outro, desenvolveram naquela estação medieval o seu respectivo modo de fazer teologia. O modo monástico – assim chamado porque nascido nos mosteiros – estava ligado principalmente à explicação da sagrada página, à lectio divina, ou seja, à leitura rezada da Bíblia – ressaltou:
"Para eles a simples leitura do Texto não bastava para perceber o seu sentido profundo, a unidade interior e a mensagem transcendente. Portanto, era necessário praticar uma leitura espiritual", conduzida em atitude dócil ao Espírito Santo. Na escola dos Padres, a Bíblia era assim interpretada alegoricamente, para descobrir em cada página, do Antigo bem como do Novo Testamento, o que diz Cristo e a sua obra de salvação.
Portanto, os monges da época eram preparados não somente do ponto de vista espiritual, mas também do ponto de vista literário do texto bíblico. Para eles, fazer teologia equivalia a escutar a Palavra divina purificando o coração que devia acolhê-la, numa constante meditação que desembocava no louvor a Deus. Bento XVI acrescentou que essa dinâmica constitui também para nós, hoje, um convite, um convite: a alimentar a nossa existência com a Palavra de Deus, por exemplo, mediante uma escuta mais atenta das leituras e do Evangelho especialmente na Missa dominical. Ademais, é importante reservar um certo tempo, todos os dias, para a meditação da Bíblia, para que a Palavra de Deus seja lâmpada que ilumina o nosso caminho cotidiano sobre a terra. Por outro lado, o papa observou que, por sua vez, a teologia escolástica – nascida justamente nas escolas, que depois se tornaram as primeiras universidades – era cultivada por verdadeiros "profissionais da cultura", pesquisadores que desejavam ardentemente "mostrar a racionalidade e o fundamento dos mistérios de Deus", "aceitos com a fé", mas "compreendidos também pela razão": Nesse sentido, "a teologia escolástica buscava apresentar a unidade e a harmonia da Revelação cristã com um método, justamente chamado "escolástico", da escola, que dá confiança à razão humana (...) ainda hoje, lendo as sumas escolásticas, fica-se impressionado com a ordem, a clareza, a concatenação lógica dos temas, e com a profundidade de algumas intuições".
Explicando o articulado procedimento da teologia escolástica – que partindo de um tema central confrontava as várias teses até se chegar a uma suma, isto é, a uma síntese "entre autoridade e razão", o Santo Padre observou o seguinte:
Que tal teologia "nos recorda que entre fé e razão existe uma amizade natural, fundada na própria ordem da criação (...) A fé está aberta ao esforço de compreensão por parte da razão; a razão, por sua vez, reconhece que a fé não a mortifica, pelo contrário, a impulsiona rumo a horizontes mais amplos e elevados". Concluída a sua catequese, o Santo Padre fez uma saudação particular ao coro infanto-juvenil de Maringá e aos grupos paroquiais de Santa Cruz, em Belém, e de Nossa Senhora do Carmo, no Rio de Janeiro.

"Que nada vos impeça de viver e crescer na amizade de Deus. Procurai iluminar o vosso caminho com a Palavra divina, ouvindo-a atentamente na Eucaristia do domingo e reservando alguns momentos em cada dia para a sua meditação. Sobre vós e vossas famílias, desça a minha bênção."

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

CNBB diz que Cristo não fez alianças com fariseus.

O secretário-geral da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), Dom Dimas Lara Barbosa, rebateu a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre a necessidade de fazer alianças. Em entrevista à Folha Lula disse que Jesus Cristo teria que fazer uma coalizão com Judas se precisasse de apoio numa votação.

"Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão", afirmou Lula.

Dom Dimas disse que, apesar de Judas ser um dos discípulos de Cristo, Jesus não fazia alianças com "fariseus" --numa referência a pessoas que parecem uma coisa por fora, mas por dentro são outra. O representante da CNBB ainda ironizou a declaração do presidente.

"Para governar o Brasil? Estamos tão mal assim? Queria dizer que, sem dúvida Judas foi discípulo de Cristo, mas Cristo conhece o coração das pessoas e reconhece a liberdade de cada um. Cristo não fez alianças com fariseus. Pelo contrário, teve palavras duras para com eles. Deus conhece o coração das pessoas", afirmou.

Questionado se os fariseus nesse caso poderiam ser representados pelo PMDB, Dom Dimas disse que não avalia alianças políticas. Em um jantar, comandado pelo presidente Lula, na noite de terça-feira, petistas e peemedebistas fecharam uma pré-aliança para a campanha eleitoral de 2010.

"PMDB? Não. Não estou entrando em detalhes de partido nenhum. Não estou me referindo a nenhum partido. Tem gente de bem em todas as áreas", afirmou.

Sem querer polemizar, Dom Dimas cobrou do Congresso a análise do projeto de iniciativa popular que estabelece a "ficha limpa" para os candidatos que disputam cargos públicos. O movimento reuniu 1,3 milhão de assinaturas de brasileiros favoráveis à proposta e impede que candidatos com problemas na Justiça participem da disputa eleitoral.

"Temos que lutar pela ética na política e levar adiante esse projeto de fichas limpas. Estamos tendo dificuldades, mas tenho certeza que, com a vontade popular se manifestando, faremos o projeto chegar lá na frente. O trabalho com o bem comum exige o mínimo de ética e por isso queremos que pessoas com pendências não possam ser candidatos", disse.

Obs: É complicado comentar assunto como esse, pois a Igreja do Brasil sempre "puxou sardinha" para o PT de Lula, mais deu a sua resposta diante a declaração do [semi-deus] Lula, que é como as outras, sem proposito, dissimulada, mostra a face da politica que o PT/Governo faz, demonstra a ignorancia espiritual e o desconhecimento das Sagradas Escrituras, um cético.
Graças a Deus vai tarde! E que Deus que sucutou tantos reis, sucite diante do que temos um gorvernante segundo seu coração. Rezemos por um Brasil segundo os santos valores de Deus. Paz e bem!

terça-feira, 20 de outubro de 2009

BENTO XVI: IMPULSIONAR OS VALORES CRISTÃOS, FUNDAMENTO DA EUROPA.

Cidade do Vaticano - Bento XVI começou as suas atividades desta segunda-feira recebendo em audiência, no Vaticano, o chefe da delegação da Comissão da Comunidade Européia junto à Santa Sé, Yves Gazzo, para a apresentação de suas credenciais.
No momento em que a Europa celebra o 20º aniversário da Queda do Muro de Berlim, a Europa deve recorrer a seu patrimônio cristão para olhar com confiança para o futuro, foi a exortação do Santo Padre a Yves Gazzo, segundo chefe da delegação da Comissão depois do embaixador Luis Miguel Leitão Ritto.
Em seu denso discurso sobre a identidade da Europa, o papa ressaltou que a tradição humanista, radicada no Cristianismo, é a força do Velho Continente.

"A Igreja deseja acompanhar a construção da União Européia – disse Bento XVI – eis a razão pela qual se permite recordar-lhe quais são os valores fundadores e constitutivos da sociedade européia, a fim de que eles possam ser promovidos para o bem de todos.
"O papa deteve-se justamente sobre esses valores que fizeram nascer a Europa e que foram "a força de gravidade que atraiu as outras nações para o núcleo dos países fundadores".
Esses valores "são o fruto de uma história longa e tortuosa na qual, ninguém pode negá-lo, o Cristianismo desempenhou um papel de primeiro plano" – ressaltou o pontífice.

A igual dignidade de todos os seres humanos, a liberdade religiosa como fundamento de todas as outras liberdades civis, a paz como elemento decisivo para o bem comum e, ainda, o desenvolvimento humano como vocação divina são elementos centrais da Revolução cristã que continuam modelando a civilização européia.
O pontífice precisou que "quando a Igreja evoca as raízes cristãs da Europa não está procurando um status privilegiado para si mesma". A Igreja realiza uma obra de memória histórica, recordando, em primeiro lugar, uma verdade, "cada vez mais passada em silêncio": a inspiração cristã dos países fundadores da União Européia.
Bento XVI disse ainda que a Igreja deseja manifestar também que a base dos valores europeus provém principalmente do patrimônio cristão que ainda hoje continua alimentando a Europa.
O Santo Padre observou que esses valores "não constituem um agregado anárquico ou aleatório, mas formam um conjunto coerente que se coloca e se articula, historicamente, a partir de uma visão antropológica precisa".

"A Europa pode, por acaso, omitir o "princípio original de seus valores que revelou ao homem a sua eminente dignidade e a realidade de uma vocação pessoal" que abre o seu horizonte a todos os homens com os quais é chamada a constituir uma só família?Ademais, o pontífice evidenciou o risco que tais valores sejam instrumentalizados por "indivíduos e grupos de pressão" que queiram fazer preponderar certos interesses em detrimento de um "projeto coletivo ambicioso que os europeus esperam" que esteja voltado para o bem comum do continente e do mundo inteiro. Bento XVI observou que esse perigo já é "percebido e denunciado por numerosos observadores" de diferentes segmentos. É importante, então, que a Europa não abandone o seu modelo de civilização, exortou o papa acrescentando que o seu impulso original não pode ser "sufocado pelo individualismo ou pelo utilitarismo". Os imensos recursos intelectuais, culturais e econômicos do continente "continuarão a dar frutos" se forem fecundados "pela visão transcendente da pessoa humana que, constitui o tesouro mais precioso do patrimônio europeu".

O pontífice observou que justamente essa tradição humanista, que pertence a variadas correntes de pensamento, torna a Europa capaz de enfrentar os desafios do amanhã e de responder às esperanças dos povos.Trata-se principalmente da "busca de um justo e delicado equilíbrio entre a eficácia econômica e as exigências sociais, a salvaguarda do ambiente" e, sobretudo, "o indispensável e necessário apoio à vida humana – da concepção até a morte natural – e à família fundada no matrimônio entre um homem e uma mulher".
Ainda disse o Papa:
"A Europa não será realmente ela mesma" se não souber conservar a originalidade "que fez a sua grandeza" e que é capaz de "torná-la, amanhã, um dos atores principais na promoção do desenvolvimento integral das pessoas que a Igreja Católica considera como o único modo possível para remediar os desequilíbrios presentes em nosso mundo".

Bento XVI concluiu ressaltando que a Santa Sé tem um grande respeito pelas atividades das Instituições européias e fez votos de que, através do seu trabalho, honrem a Europa que é mais que um continente: é "uma casa espiritual".