segunda-feira, 18 de maio de 2009

Totalmente católicos

Desculpe o pleonasmo do título. A palavra “católico”, em sua origem grega, já significa “totalidade”. Cumprimos o mandato de Jesus Cristo antes de sua volta para a casa do Pai: “Anunciar o Cristo TODO para TODOS” (Mateus, 28).

Mas resolvi insistir nesta verdade por dois motivos. Primeiro porque católicos “meia-boca” costumam viver a sua fé pela metade.
No Brasil eles se reconhecem comonão-praticantes”.

Estes costumam ser os alvos preferidos da pregação de algumas igrejas evangélicas que pretendem encher seus templos.
Bem dizia o saudoso bispo de Aparecida, Dom Aloísio Lorscheider, perguntado em uma entrevista por que a Igreja Católica perde seus fiéis. Sabiamente ele respondeu:

- “Engano seu. Os fiéis continuam conosco. Estamos perdendo os infiéis”.

Mas existe outro motivo para optar pelo título “totalmente católicos”.
Percebo um movimento muito forte de recuperação da auto-estima dos católicos. É claro que existem os cínicos que torcerão o nariz ao ler o que estou escrevendo. Mas estes estão se tornando infiéis aos poucos e ainda por cima dizem que continuam os mesmos a igreja é quem mudou. Balela. O Espírito está soprando em nossos irreverentes jovens.
É claro que existe muita mensagem difícil de engolir nos novos sermões e canções. Há muito lugar comum e muito padre imitando pastor para recuperar migalhas do rebanho fujão. Não é disso que estou falando. O que percebo é que o Espírito Santo não parou de soprar na Igreja Católica. Ao contrário há muita coisa bonita acontecendo escondida e infelizmente isso não é devidamente noticiado por nossas emissoras de TV que se dizem católicas.
Existem católicos sendo totalmente “evangélicos” e um pouco mais. Somos do Evangelho. Não podemos dizer que não. Há um movimento bíblico acontecendo desde os antigos círculos bíblicos até as mais discretas comunidades eclesiais de base (CEB’s).
Junto a isso existem católicos com suas Bíblias marcadas e surradas lendo e relendo e mais que isso, estudando e vivendo a Palavra de Deus.

Tenho encontrado católicos totalmente “batistas” e um pouco mais. Eles conseguem redimensionar a vivência do batismo recuperando o catecumenato sem criar um movimento fechado em si mesmo. Seu povo é fiel e estuda muito. Fazem muitos cursos sobre a doutrina cristã e tem seu Catecismo da Igreja Católica marcado e surrado. Sabem dar as razões da sua esperança.
Vejo por onde ando que existem católicos que se reconhecem como “assembléia de Deus”.
Sabem que foram convidados , ou melhor, convocados para esta festa. Sabem que não são um povo qualquer. São povo de Deus. Formam comunidade. Conhecem bem seu pároco e o amam como pastor. É gente que participa de pastorais e vai à missa de domingo. Quando entram na igreja se sentem em casa chamam quem está do lado de “irmão”.
Conheço muito bem os católicos “pentecostais”.
Estão na Renovação Carismática e em muitos outros lugares. Muitos vivem esta espiritualidade intimamente. Rezam em línguas estranhas quando lhes falta a palavra conceitual.
Não faz mal. Deus entende e os bons teólogos (como Santo Agostinho) também !
Vivem uma dinâmica carismática ao sabor do vento e tentam manter os pés no chão. Os que conseguem se tornam santos e acabam preferindo a oração de contemplação.
Finalmente existem os católicos da “congregação cristã”. Sou um deles. Congrego na Igreja Católica Apostólica Romana. Dentro dela faço parte de uma grande família: a Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus. Sou congregado sim. Mas existem também os congregados marianos e outros mais. Somos todos deste Sacramento Universal de Comunhão que é a Igreja Católica que, aliás, significa Universal !
Somos evangélicos, batistas, assembléia de Deus, pentecostais, protestantes, congregação cristã e universal. Somos Católicos do Reino de Deus e um pouco mais, afinal, temos o Cristo todo para anunciar a todos.
Somos discípulos-missionários. Ser católico é ser quase tudo o que os outros cristão são e um pouco mais!

Padre Joãozinho, scj
blog.cancaonova.com/padrejoaozinho

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