terça-feira, 5 de maio de 2009

CNBB quer padres para uma Igreja com espírito missionário

Episcopado aprova novas diretrizes da formação presbiteral

Os bispos no Brasil aprovaram no início da noite de ontem as novas diretrizes da formação presbiteral no Brasil, um texto que visa a formar sacerdotes para uma Igreja com renovado espírito missionário.
O novo documento, que será publicado em alguns meses, após aprovação da Congregação para a Educação Católica, atualiza as diretrizes atuais, em vigor desde 1995.
O texto que segue para a Santa Sé aplica no campo da formação dos padres as intuições e indicações da Conferência de Aparecida, que advoga por uma Igreja mais discípula e missionária de Cristo.
Com pouco mais de 300 parágrafos e dividido em três grandes partes, o documento trata dos fundamentos da formação presbiteral, da formação seminarística e da formação permanente.
O presidente da comissão de redação das diretrizes, Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Teresina (Piauí), explicou que durante todo trabalho preparatório do texto foi cobrada de sua equipe a questão da formação permanente.
Trata-se não apenas de formar novos sacerdotes na dinâmica do discípulo-missionário, mas de atualizar o clero para uma Igreja que sai ao encontro das pessoas.
Essa perspectiva alinha-se com outro tema tratado pela assembleia plenária, a iniciação cristã, que, na mesma dinâmica apontada por Aparecida, chama a um catecumenato voltado para a evangelização, que envolve toda a comunidade; explicou o responsável pelo tema na Assembleia, o doutor em catequese Pe. Luís Alves de Lima.
As novas diretrizes da formação dos sacerdotes dão destaque à dimensão humano-afetiva, já que, como explicou o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara, os seminaristas “não são jovens de outro mundo”.

“São jovens provenientes das famílias que nós temos, com todas as crises a que estão submetidas em nossa sociedade. Eles vêm de um mundo pluricultural, globalizado, individualista, violento, marcado pela desvalorização da dignidade da pessoa humana, pelas tecnologias da informação, pela internet”, disse.

A dimensão humano-afetiva na formação vincula-se a outras quatro dimensões: comunitária, espiritual, intelectual e pastoral.

“Não dá para pensar uma desligada da outra”, disse Dom Sérgio da Rocha.

Uma das novidades do texto é a indicação do chamado Ano Pastoral, que complementaria a formação que envolve o Propedêutico, a Filosofia e a Teologia.
A ideia é que este ano sirva para despertar o espírito missionário nos seminaristas.
Haverá a possibilidade deste Ano Pastoral se cumprir em regiões de missão, com a Amazônia, por exemplo, onde há escassez de sacerdotes, ou em ambientes missionários como entre os mais pobres, nas áreas rurais, nos grandes centros urbanos, nos meios de comunicação, ou ainda seguir um modelo mais tradicional de intercâmbio entre dioceses ou mesmo em diferentes regiões da própria diocese.
Em linha com as orientações da Santa Sé sobre psicologia e seminaristas, lançadas no final do ano passado, as diretrizes apontam que a colaboração de psicólogos é benéfica na formação de padres que tenham tanto uma vida espiritual rica como uma maturidade psicológica e afetiva que os permita viver com equilíbrio a vocação.
O novo documento da CNBB foi aprovado por unanimidade pelos 267 bispos que compunham o plenário ontem, no mosteiro de Itaici (Indaiatuba, São Paulo). A 47ª Assembleia Geral do episcopado encerra nesta sexta-feira.

Iniciação cristã : precisamos nos voltar para a evangelização , diz especialista

Um especialista da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) considera que a Igreja deve enfatizar o aspecto evangelizador e missionário na iniciação cristã.
Padre Luís Alves de Lima , doutor em catequese e diretor do Instituto Teológico Salesiano Pio XI, apresentou na 47ª Assembleia Geral do episcopado um texto intitulado “Iniciação à vida cristã”, que futuramente será publica na série “Estudos da CNBB”.

“Nossa Igreja se estruturou em paróquia, diocese, um padre administrador zeloso, que administra os sacramentos”, explicou o sacerdote hoje a Zenit.

Brinca-se dizendo que o modelo de Igreja hoje é aquele em que nós, padres, ficamos sentados na Igreja esperando que o povo venha. Esse modelo de Igreja não funciona mais. Nós precisamos ir ao povo.”

Segundo padre Lima, o modelo de Igreja muda quando se toma a iniciação cristã como um aspecto central.

“Conheço Igrejas na África estruturadas em cima do catecumenato. Vi em Angola uma paróquia com 5 mil catecúmenos”, disse.

“Nós precisamos nos voltar para a evangelização. Fazer com que as pessoas tenham uma experiência de Jesus Cristo. E o processo é esse da iniciação.”

De acordo com o sacerdote, a iniciação cristã trata-se de “um processo complexo, que vai além da simples catequese”.

“Um catequista com sua turma de crianças e jovens. Esse modelo está superado. Não é só isso. Trata-se de um processo no qual está envolvida toda a comunidade. Quando nós tomamos a sério o processo de iniciação cristã, nós renovamos a face da paróquia e da diocese”, disse o sacerdote.

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