segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Evangélicos e Católicos pedem que fiéis que não votem em candidatos do PT, por serem ‘favoráveis ao aborto’.

Replicando o discurso de parte da Igreja Católica, o pastor evangélico Paschoal Piragine Júnior, da Primeira Igreja Batista de Curitiba, pediu aos fiéis, durante um culto de domingo no final de setembro, que não votem em candidatos do PT.

O pedido, que foi divulgado no Youtube e exibido mais de 2 milhões de vezes, teve como base o posicionamento do partido sobre o aborto, o projeto de lei pela criminalização da homofobia e o divórcio, entre outros tópicos.

"Há um partido político que fechou questão sobre esses temas, que é o PT. [...] Ou seja: se um deputado, se um senador do PT votar contra, de acordo com sua consciência, qualquer uma dessas leis, ele é expulso do partido", disse Piragine.

O pastor citou o caso de dois deputados federais petistas que se posicionaram contra o aborto e, por causa disso, foram punidos pelo PT --Luiz Bassuma (BA) e Henrique Afonso (AC), atualmente filiados ao PV.

"A igreja católica, então, emitiu nota pública dizendo: 'Não votem em ninguém do PT'. Eu diria para você a mesma coisa", disse ele, referindo-se à carta de um bispo da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) pregando o voto contra o PT, em julho deste ano.

O pastor fez ainda críticas ao PNDH (Programa Nacional de Direitos Humanos), encampado pelo governo federal e que, segundo ele, tem as mesmas propostas defendidas pelo PT.

"Se você olhar [no PNDH], você vai ver como a máquina estatal está mobilizada. 'Isso aqui é responsabilidade de pressão do Ministério da Justiça, do Ministério da Saúde...' E se os ministros de Estado que estão ligados a esse governo não trabalharem assim, perdem o seu cargo", disse o pastor.

À Folha, Piragine afirmou que estudou os estatutos de PT e PV, mas chegou à conclusão que apenas o PT impede o parlamentar de se posicionar contra tópicos aprovados em congresso partidário. Ainda segundo o pastor, este é o posicionamento apenas dele, e não da igreja.

O presidente do PT-PR, Ênio Verri, negou que o PT expulse ou puna os parlamentares que se posicionem contra o aborto ou qualquer dos tópicos abordados. "Não existe isso. Eu tenho essa posição contra o aborto e sou o presidente do partido. É [questão de] foro íntimo", disse.

Segundo ele, os deputados Bassuma e Afonso foram punidos pela forma como se manifestaram sobre a questão, sem levá-la para discussão com o partido, e não pelo posicionamento em si.

Verri lembrou que vários pastores e evangélicos são filiados ao PT. "Há o respeito e isso é histórico no PT."

ARCEBISPO TAMBÉM SE MANIFESTOU CONTRA PT:

O arcebispo de Belém (PA), dom Alberto Taveira Corrêa, divulgou carta com um manifesto antipetista que recomenda a "todos os cidadãos e cidadãs brasileiros" que, nas próximas eleições, "deem seu voto somente a candidatos e partidos contrários à descriminalização do aborto".

A carta reproduz o documento "Apelo a Todos os Brasileiros e Brasileiras", elaborado no 2º Encontro das Comissões Diocesanas em Defesa da Vida, realizado em julho pela Regional Sul 1 da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), com sede em São Paulo.

O documento lista nove pontos que mostram que o PT ou o governo do presidente Lula defenderam a descriminalização do aborto e cita indiretamente a candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff.

O texto relata, por exemplo, que no 4º Congresso Nacional, em fevereiro, o PT apoiou o 3º Plano Nacional de Direitos Humanos, "assinado pelo presidente e pela ministra da Casa Civil [cargo ocupado por Dilma até abril]", no qual reafirmou a defesa da descriminalização do aborto.

Procurado pela reportagem, o arcebispo de Belém não quis comentar a carta.

No final de agosto, os bispos da Regional Sul 1 referendaram o documento e recomendaram sua divulgação.

O coordenador da Comissão em Defesa da Vida, da Regional Sul 1, padre Berardo Graz, disse que a posição da regional poderá ser defendida em missas ou em reuniões das pastorais.

Segundo ele, o PT "cometeu o pecado" de incluir a descriminalização do aborto em seu programa e por isso foi citado no documento. Outros partidos, como o PV e o PSOL, reúnem candidatos com diversos posicionamentos sobre o aborto.

A CNBB informou, por meio de sua assessoria, em Brasília, que sua posição sobre as eleições foi explicitada na "Declaração sobre o Momento Político Nacional", divulgada em maio, em que incentiva que sejam eleitas "pessoas comprometidas com o respeito incondicional à vida", ente outros pontos.


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