domingo, 12 de setembro de 2010

DOM ORANI: PERDÃO E RECONCILIAÇÃO.

Daí que o tema da reconciliação é conjunto com o tema do arrependimento e também com o tema da humildade. Temos uma grande riqueza em nossa Igreja Católica que são a prática e possibilidade da confissão e da penitência como sinal da conversão e arrependimento.
As contestações de hoje são muitas devido às transformações religiosas e culturais vindo sempre com a célebre pergunta: “porque preciso me confessar, ou ainda mais, porque com uma pessoa igual a mim?”. Isso demonstra a dificuldade que encontramos hoje em viver a reconciliação.
Reconciliar é re-unir, é um trazer de volta a harmonia perdida.

É uma cura à divisão, à separação, à ruptura. Mal maior da humanidade: a divisão.

A vida de Jesus foi o grande anúncio da reconciliação. A Igreja, insistimos, é símbolo da reconciliação. Daí o termo “embaixadores” pregado por São Paulo. A reconciliação é um novo momento de graça e um excelente momento de conscientização sobre o nosso pecado pessoal e social também. Chama-nos a lembrar de nosso compromisso no batismo, a nossa vida confirmada no Espírito, e a nossa unidade com o povo eucarístico.

A parábola do filho pródigo ensina-nos, claramente, que o pecado é um distanciar-se. Distanciar-se da harmonia com o Pai, e com a atitude do filho mais velho, é um recusar-se à compaixão e à misericórdia. A nossa base de relacionamento deve ser em primeiro lugar com Deus: relação pai/filho na parábola. A linguagem do sacramento da confissão é esta mesma: resposta ao apelo para vivermos constantemente essa relação. Por isso seria muito importante nos perguntar se temos a prática de nos achegarmos ao sacramento da penitência. Ligado ao mesmo assunto, buscando o crescimento espiritual, será que temos também procurado o diretor espiritual?

Em nossas comunidades temos facilidade de acesso dos fiéis ao sacramento da reconciliação? Teríamos que ter um horário determinado para atendimento da confissão de nossos fiéis em todas as paróquias e em todas as regiões nas comunidades mais centrais alguns plantões para atendimento do nosso povo. Em minhas reuniões com as foranias tenho procurado detectar esses locais e incentivar essa prática. Digo isso levado também por uma importante palavra do nosso Papa Bento XVI:

“O Sínodo lembrou que é dever pastoral do bispo promover na sua diocese uma decisiva recuperação da pedagogia da conversão que nasce da Eucaristia e favorecer entre os fiéis a confissão freqüente. Todos os sacerdotes se dediquem com generosidade, empenho e competência à administração do sacramento da Reconciliação. A propósito, procure-se que, nas nossas igrejas, os confessionários sejam bem visíveis e expressivos do significado deste sacramento. Peço aos pastores que vigiem atentamente sobre a celebração do sacramento da Reconciliação, limitando a prática da absolvição geral exclusivamente aos casos previstos, permanecendo como forma ordinária de absolvição apenas a pessoal.” (Cf. Exortação Apostólica Sacramentum Caritatis, n. 21).

Nosso Senhor Jesus Cristo, queridos irmãos e irmãs, é a presença viva da reconciliação de Deus. Bendito seja o homem que encontrou Cristo, porque ele encontrou a Deus que perdoa. Deus, em Cristo, vive perto de nós. Façamos o tema da reconciliação algo de concreto em nossa vida: tive fome e me alimentou; tive sede e me destes de beber; estive doente e me visitastes; estive preso e me acolhestes. Testemunhemos o exercício caritativo e purificador da reconciliação no cotidiano de nossas vidas, e o mundo perceberá não em teoria apenas, mas em verdade, o que Jesus nos pede uma vida santa e reconciliada para viver a via ordinária da santidade!

† Orani João Tempesta, O. Cist.Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

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