sábado, 12 de setembro de 2009

Papa sublinha necessidade de “encontrar espaços” para falar com Deus.

Para o cristão de hoje, é importante "saber fazer silêncio em nós para escutar a voz de Deus; buscar, por assim dizer, uma ‘sala' onde Deus fale conosco", considera Bento XVI.
Com este convite a redescobrir hoje o silêncio e a contemplação, o Papa quis propor a vida do santo ermitão e bispo reformador da Igreja, Pedro Damião, dentro do ciclo sobre escritores do primeiro milênio.
Damião "basicamente foi um homem de oração, de meditação, de contemplação, foi também um fino teólogo", explicou o Papa.

"É uma graça grande que na vida da Igreja o Senhor tenha suscitado uma personalidade tão exuberante, rica e complexa, como a de São Pedro Damião."

Este "intrépido homem de Igreja" do século XI, como o chamou Bento XVI, nasceu em Ravenna (Itália) e, após uma infância repleta de privações, conseguiu se destacar como estudante e professor. Seu amor à contemplação o levou logo ao eremitério de Fonte Avellana, um dos mais austeros do seu tempo.
Para Damião, a cela era a "sala onde Deus conversa com os homens".
A vida eremítica é para ele o cume da vida cristã, está no vértice dos estados de vida, porque o monge, já livre das ataduras do mundo e do próprio eu, recebe "os penhores do Espírito Santo e sua alma se une, feliz, ao Esposo celestial."

"A íntima união com Cristo deve envolver não somente os monges, mas todos os batizados. Supõe também para nós um intenso convite a não deixar-nos absorver totalmente pelas atividades, pelos problemas e pelas preocupações de cada dia, esquecendo-nos de que Jesus deve estar verdadeiramente no centro da nossa vida."

Outro dado destacado de sua espiritualidade que o Papa quis propor foi sua admiração pelo mistério da cruz: a ela, "Pedro Damião dirige orações belíssimas, porque abraça toda a história da salvação".
"Que o exemplo de Pedrão Damião nos leve também a ver sempre a cruz como o supremo ato de amor de Deus pelo homem, que nos deu a salvação", acrescentou o Papa.

Visão da Igreja
São Pedro Damião é conhecido por sua tarefa de reforma, em uma época em que a questão das investiduras havia provocado um profundo relaxamento moral dentro da Igreja. Para isso, teve de aceitar a nomeação do Papa como bispo cardeal de Óstia, entre outros encargos.
O eremita "viu que não era suficiente contemplar e teve de renunciar à beleza da contemplação para ajudar na obra de renovação da Igreja. Renunciou, assim, à beleza do eremitério e com valor empreendeu numerosas viagens e missões", narrou o Papa.
Este grande escritor "desenvolve uma teologia da Igreja como comunhão", pois "está unida pelo vínculo da caridade até o ponto de que, como é uma em muitos membros, também está totalmente reunida misticamente em um só de seus membros".
"Isso é importante: não só que toda a Igreja universal está unida, mas que em cada um de nós a Igreja deveria estar presente em sua totalidade", acrescentou o Papa.
Com sua vida, Pedro Damião "fez da vida monástica um testemunho eloquente da primazia de Deus e um convite a todos a caminhar rumo à santidade, livres de todo compromisso com o mal".
Com sua intervenção, o Papa continuou com a série de catequeses sobre algumas das grandes figuras da vida da Igreja desde suas origens.

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