sexta-feira, 22 de agosto de 2008

DIOCESE DE VOLTA REDONDA PARTICIPA DO 8º MUTIRÃO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO

DIOCESE DE VOLTA REDONDA PARTICIPA DO 8º MUTIRÃO BRASILEIRO DE COMUNICAÇÃO

Com cerca de duzentas pessoas de vários regionais da CNBB foi realizado o 5º Mutirão Brasileiro de Comunicação, em Belém (PA), com a participação ativa da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Diocese de Barra do Piraí Volta Redonda, com o jornalista e responsável pela comunicação da diocese Vagner Mattos.
O Muticom teve como tema: “Comunicação e Amazônia”, e lema: “Fé e Cultura de Paz”, sendo aberto com a apresentação do cantor de MPB Nilson Chaves, suas canções divulgam as belezas da região Amazônica, enfocando as matas, rios, as tradições do povo, e a devoção a Nossa Senhora de Nazaré, mostrado com vídeos aos presentes. A conferência de abertura foi assessorada pelo jornalista da Folha de São Paulo, Leandro Beguoci que apresentou os meios de comunicação como uma forma de ajudar a mudar a realidade, porém com a dificuldade de pautar as notícias que a Igreja e organizações populares realizam.
No segundo dia, o arcebispo de Belém, e responsável pelo Setor de Comunicação da CNBB, Dom Orani João Tempesta falou sobre “Comunicação e Fé” destacando o papel da mídia católica no país, com o avanço das tevês de inspiração cristã, principalmente por sua importância na cobertura de assuntos religiosos, como a 5ª CELAM e a visita do Papa.
“Não queremos fazer proselitismo da religião nos MCS, mas sabemos de nossos limites e até que ponto precisamos melhorar e sermos mais eficientes em vários quesitos. Mas como sermos construtores da paz neste universo midiático? Creio que é preciso expandir a presença da Igreja nas regiões Norte e Nordeste do país e em outras mais desligadas”, disse o arcebispo, acrescentando que o Ministério das Comunicações não vem distribuindo concessões para rádio comunitárias, nem educativas, que de acordo com ele, não há boa vontade deles, tão pouco interesse que a Igreja obtenha meios próprios de comunicação.
O padre Bruno Secchi falou sobre “Comunicação e Cultura da Paz” apontando os desafios para superar a violência, pois lembrou que vivemos mergulhados numa cultura da violência, onde as pessoas fazem e querem a justiça pelas próprias mãos, e a mídia projeta com intensidade e sensacionalismo a violência e o sentimento de medo e pavor. “A pessoa humana está ferida, operários recebem baixos salários, população abandonada na miséria, sem dignidade de moradia, educação, saúde, onde o Estado deveria ser mãe e não madrasta”, afirmou Bruno destacando que no bairro Terra Firme, periferia de Belém (PA), são cerca de 90 mil habitantes que dispõem apenas de uma creche para atender somente 100 crianças, e as famílias sofrem com a marginalidade infantil. “Infelizmente a pessoa humana não é mais a centralidade da comunicação”, finalizou.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto explanou sobre “Comunicação e Amazônia”, perguntando a platéia se realmente sabemos o que é a Amazônia? Segundo ele é muito difícil e complexo compreender esta região devido sua geografia extensa. “Fiz campanha contra uma hidrelétrica que queria se instalar partindo da idéia que o solo amazônico é ruim, a floresta tem uma especificidade diferente de qualquer floresta do mundo. Desmatamos e não pensamos em sua geografia, que é exepcional, a agredimos com os colonizadores fizeram. Temos que recuperar o cuidado que os índios tinham com ela”, frisou Lúcio Flávio, lembrando que a ocupação humana amazônica é milenar com mais de sete mil anos. O pior é que já acabamos com a floresta numa extensão do tamanho do Estado de São Paulo. A floresta é o bem maior da floresta, onde tudo funciona em harmonia. A população indígena era maior do que a de Portugal com mais de dois milhões de línguas. Na linha de pesquisa nosso governo não investe nada, e isso fortalece o desconhecimento da amazônia, facilitando a invasão estrangeira com grandes empresas multinacionais de pesquisa. Neste caso os Estados Unidos nem precisam ocupar a Amazônia, é só continuar com o governo que temos”, disse o jornalista prevendo uma catástrofe sem retorno para humanidade caso não trabalhemos pela preservação da única floresta que restou do planeta. “A Amazônia é o último domínio de água e floresta, depois que ela acabar não teremos mais possibilidade na terra”, apelou Lúcio Flávio lembrando que precisamos de autonomia nesta região e obter informações precisas afim de preservá-la, ao invés de exterminá-la”.
Em um outro painel os regionais da CNBB informaram como vem se organizando nos últimos dois anos: Norte 2 realizou seu I Muticom em 2006 em Belém, com a presença de 300 pessoas. Mesmo com a dificuldade de transporte a Pascom vem crescendo no regional.
Nordeste 2 – A Pascom começou do zero, a maioria das dioceses não tinham nenhuma organização de Pascom. Realizado o I Muticom em 2006, com grandes resultados e destaque pelo acompanhamento e apoio direto de Dom Irineu, da Diocese de Garanhus, que infelizmente foi transferido para Joinvile (SC). O 2º Muticom será realizado de 26 a 28/10/07, em Natal com 17 oficinas.
Sul 1 – Realizou o 1º Muticom em 2004, com a presença de 30 dioceses das 47 que formam o regional, no Estado de São Paulo. O 2º Muticom, realizado em 2006, e o 3º Muticom será em 2008. A Diocese de Catanduva (SP) realizou um Fórum de comunicação com o tema do Dia Mundial da Comunicação 2007, com apoio do Senac, realizaram oficina de Leitura Crítica da Comunicação, e passeata envolvendo a Pastoral da Educação.
Sul 3 – Vem promovendo a Escola de Comunicação durante as férias de julho e janeiro com a participação de centenas de pessoas. Das 17 dioceses do regional, apenas 4 não tem Pascom. Não promoveram Muticom, mas seminários. Destaque para o trabalho da Rádio da Diocese de Santa Cruz do Sul, comprado com o trabalho de todos os diocesanos.
Ne 1 – Promoveu encontros regionais de comunicação, realizou várias atividades para comemorar os 10 anos da Pascom no regional. Duas dioceses possuem rádios próprias.
Le 1 – Com a apresentação de Vagner Mattos e o padre Jac da Diocese de Petrópolis, o Leste 1 foi destacado, devido ao trabalho com as 10 dioceses, sendo que três não vem participando das reuniões do regional. Foi realizado dois seminários em 2005 e 2006, destaque para a Pascom da Diocese de Volta Redonda que já promoveu o 8º Muticom e nunca deixou de participar do Muticom Brasileiro. O 1º Muticom Regional será realizado de 17 a 21 de julho de 2008, na Diocese de Petrópolis.
O terceiro dia foi aberto com assessoria de Maria Doly, que falou sobre a “Promoção da Vida e Família”, Maria ressaltou que a vida é um direito de todos, e senão tivermos um bom trabalho de organização da comunicação esta vida corre imenso perigo, como é o caso do Aborto. Segundo ela é preciso leis que amparem o casamento, o direito das crianças, do feto, e políticas públicas para que todas tenham direito de ter uma família numerosa. Os MCS fazem a banalização do sexo, da genitalidade do homem e da mulher. Segundo pesquisas 90% da população não quer a legalização do aborto. “Morrem cerca de três mil mulheres por ano, em contato com animais e plantas por envenenamento, isto é questão de saúde pública, grave e ninguém fala nada. Uma das formas para tentar legalizar o aborto é deturpar as estatísticas, arrumar uma vítima, que no caso a Igreja vem reagindo,mas precisamos pressionar nossos parlamentares federais para que não votem a favor do Projeto de Lei 1135/91, em votação na Comissão de Seguridade Social da Família”, afirmou Doly, que apresentou o filme “Grito Silencioso”, que mostra como os médicos fazem o aborto.
O padre Nelo Rufaldi, do CIMI falou sobre a “Cultura Indígena” recordando a dor dos povos indígenas ao verem suas árvores caídas, os rios e os peixes mortos pela ação do homem branco, parecido com o filme sobre o aborto. De acordo com Nelo os índios vem conseguindo preservar sua cultura através do uso dos MCS, que são explorados a favor da cultura de seus povos. “Hoje as aldeias se comunicam com mais rapidez, cada um sabe como o outro vem sofrendo, e isto ajuda a organizar uma luta conjunta, graças aos veículos de comunicação como o vídeo, o DVD, o CD, a internet. Mas sabemos que é preciso avançar muito, porque apenas o estado do Amapá tem as terras indígenas demarcadas”, lembrou padre Nelo, destacando que a mídia também trabalha contra os índios a favor dos fazendeiros latifundiários.
Pelo Comitê irmã Doroth Stang, Denailson disse que vem ganhando força a luta contra a impunidade dos mandantes de crimes contra os trabalhadores rurais e líderes sindicais, e o comitê procura buscar apoio e vem conquistando da CRB e entidades internacionais que apóiam a justiça. “Temos que lutar contra o coronelismo que tem o apoio da mídia é claro. Outra classe que precisamos resgatar é a dos jornalistas que são profissionais exclusivos dos poderosos atualmente, parece que eles não estão preocupados mais com o social, e sim com eles próprios”, disse Denailson, ressaltando o trabalho do jornalista Lúcio Flávio que vem denunciando as ações dos poderosos da região Norte e tem dificuldade de divulgar informações verídicas sobre a Amazônia.
O quarto dia teve a assessoria da antropóloga, Dra Eneida Assis, que falou sobre o tema: “Mídias, imaginários e culturas amazônicas”. Ela disse que a Amazônia não é apenas uma terra composta de estados e municípios, pois quando falamos em Pulmão verde a idéia é velha, e agora a nova terminologia é o aquecimento global. Não é preciso irmos a floresta amazônica para vermos a degradação ambiental, é só repararmos como nossos rios em nossas cidades são tratados, nossas praças públicas e ruas. Nossos povos indígenas vivem numa situação dramática com a invasão em seu solo, o asfaltamento absurdo da rodovia transamazônica. “O desmatamento é nocivo e reflete o modelo de política estabelecido na Amazônia, chamado o milagre Brasileiro, que ganhou ênfase maior nos anos 60 e força maior nos anos 70, e esta situação passa modificar do que deve ser desmatado a partir de 2000, a necessidade de estabelecer zoneamento de áreas de conservação, próximas as chamadas terras indígenas. Este desmatamento precisa parar, porque esta política de reflorestamento é muito fraca, não tem o peso que deveria ter, e quando falamos em reflorestamento só falamos de madeira vegetais voltadas para o corte de madeira, e não o reflorestamento que vem sendo discutido há apenas dois anos a base das espécies amazônicas. O desenvolvimento sustentável já começou, mas acredito que agora com o governo de Ana Júlia (PT) tende a intensificar, pois a discussão do aquecimento global, essa nova visão da sustentabilidade ganhou uma nova aliada, o aquecimento é uma ameaça não só aos povos, mas principalmente para a Amazônia, que a seca de 2006, mostrou um pouco das conseqüências”, disse Eneida, frisando que é preciso divulgar mais as ações positivas a respeito da Amazônia que são veiculados apenas pela Amazon SAT, onde poucas pessoas tem acesso a esta programação.
A doutora em comunicação, irmã Joana Puntel (fsp) começou sua explanação dizendo que é uma redundância conceituarmos a mídia como um grande feito da humanidade, mas sim dizermos que a comunicação é um grande feito da humanidade, e seu estudo é pouco difundido. “Vivemos bombardeados atualmente com informações e imersos nesta cultura midiática, e não prestamos a atenção o quanto a comunicação é a possibilidade de articular melhor a sociedade. O grande desafio hoje é a manipulação dos meios de comunicação, pois quem tem facilidade e rapidez tem o poder nas mãos”, destacou irmã Joana, lembrando que a pessoa humana vive dois mundos: dos compromissos das práticas e o mundo da fantasia e do imaginário.
O padre Manoel Filho apresentou o trabalho de Pascom que sendo efetivado há sete anos na Arquidiocese de Salvador, que de acordo com ele é preciso trabalhar a Espiritualidade da Comunicação em conjunto com o específico da formação da comunicação nesta pastoral. “Estamos num momento bom, e temos um projeto dividido por setores em nível paroquial, de formação de agentes e de mídias, porque temos 115 paróquias, e queremos capilarizar este setor com formação e cursos rápidos, articular mais os MCS da arquidiocese, site, desenvolver o jornal da arquidiocese para toda a sociedade, e programa de tevê em parceria com a CNBB, e também com Crateús e Manaus, que estão trabalhando conosco neste programa. Pouco a pouco as pessoas vão entendendo que comunicar é evangelizar, e precisam ter formação para isto. O curso de formação rápido na área de oratória, capacitação de recursos são muito procurados”, destacou padre Manoel.
O padre César Moreira da Tevê Aparecida (SP) falou sobre “Mídia Católica e Evangelização”, ele vê com grande êxito a presença da Igreja na tevê, com os diversos canais, e cada um com sua linha de trabalho, mas lembrou que é preciso melhorar muito o conceito de comunicação e do fazer comunicação na Igreja, que passa pela ação nos meios. “Precisamos entender que comunicar é relacionar e neste sentido todos temos o dever de nos ajudarmos mutuamente”, disse César, acrescentando a mídia é utilitarista.
A jornalista da Tevê Liberal (Globo Local), Jaqueline Almeida falou sobre “Comunicação e Missão nas Periferias”, ela trabalha numa ong a CEDECA/Emaús de proteção a infância e adolescência em Belém (PA). Jaqueline disse que a comunicação não é reconhecida como um direito à voz, e de expressão para a cidadania. “A mídia é um mal necessário! Quando falamos em periferia temos que levar em conta a realidade das pessoas, e procurar aproveitar as novas tecnologias para divulgar bons exemplos, como é o caso da cartilha de direitos humanos que fizemos no CEDECA para apoiar as crianças e adolescentes em situação de risco. Fomos até o local onde a marginalização acontece, um trabalho profissional de pesquisa de campo, que muito contribui para atacarmos o problema e buscarmos soluções conjuntas”, afirmou Jaqueline.
O arcebispo emérito da Arquidiocese de Belém (PA), Dom Zico que completa 80 anos em agosto, disse que o Muticom foi um marco para a Igreja do Brasil e o tema suscitou a ousadia de enfrentar o desafio com coragem. “Me alegro por ter sediado o evento, e realçou a posição do papel dos comunicadores em relação à Amazônia, e ela deve ser vista e amada como um dom de Deus por todos nós. Vejo que a comunicação está crescendo no país. É uma benção de Deus a Pascom e os meios que possuímos como a rádio e a tevê Nazaré, que é difundida em toda a Amazônia”, destacou Dom Zico.

NOVIDADES DO 5º MUTICOM PARA A DIOCESE NO CAMPO DA FORMAÇÃO

Vagner Mattos trouxe três novidades do 5º Muticom: o Curso de Crítica de Cinema, (Comunicação e Família, grupo de estudo), e material de conscientização para jovens e adultos sobre a questão do Aborto. O repasse destes cursos serão aplicados nas reuniões da Pascom nos regionais: 1ª Terça-Feira do mês, na Matriz de São Sebastião em Barra Mansa às 19h. Na primeira segunda-feira do mês, na Matriz de N.Senhora da Conceição em Resende às 19h. Na última quinta-feira do mês, na Cúria Diocesana em Volta Redonda. No 9º Muticom em abril de 2008, será oferecido o Curso de Crítica de Cinema, onde abriremos inscrições a partir de fevereiro de 2008.
Além dos cursos rápidos e volantes que a Pascom Diocesana já oferece, agora contaremos com a ampliação dos conteúdos. Dois filmes foram analisados no curso: Conceição Nobre de Walter Sales, e Expedito, que ganhou o Prêmio Margarida de Prata da CNBB, e em breve estará em cartaz nos cinemas. O curso de Crítica de Cinema foi assessorado pelo professor Miguel Pereira, da PUC/Rio. Em relação ao grupo de estudos sobre Comunicação e Família, contou com assessoria do padre Augusto César Pereira. Já estamos com o DVD: “O Grito Silencioso” sobre a campanha contra o Aborto defendida por alguns parlamentares para mudar a lei.
Na reunião sobre a Pastoral da Comunicação em nível nacional, Vagner Mattos sugeriu que se realizasse um encontro nacional, após as realizações dos Mutirões de Comunicação Brasileiro, pois não existe um espaço de discussão próprio da Pascom. A comissão nacional da CNBB, acolheu a proposta com ressalva no critério de participação, limitando a presença de duas pessoas que representem o regional. O encontro será realizado provavelmente em junho de 2008.

Vagner Mattos, participante do 8º Muticom Brasileiro, jornalista da Diocese de Volta Redonda.
Com cerca de duzentas pessoas de vários regionais da CNBB foi realizado o 5º Mutirão Brasileiro de Comunicação, em Belém (PA), com a participação ativa da Pastoral da Comunicação (Pascom) da Diocese de Barra do Piraí Volta Redonda, com o jornalista e responsável pela comunicação da diocese Vagner Mattos.
O Muticom teve como tema: “Comunicação e Amazônia”, e lema: “Fé e Cultura de Paz”.
A conferência de abertura foi assessorada pelo jornalista da Folha de São Paulo, Leandro Beguoci que apresentou os meios de comunicação como uma forma de ajudar a mudar a realidade, porém com a dificuldade de pautar as notícias que a Igreja e organizações populares realizam.
No segundo dia, o arcebispo de Belém, e responsável pelo Setor de Comunicação da CNBB, Dom Orani João Tempesta falou sobre “Comunicação e Fé” destacando o papel da mídia católica no país, com o avanço das tevês de inspiração cristã, principalmente por sua importância na cobertura de assuntos religiosos, como a 5ª CELAM e a visita do Papa.
“Não queremos fazer proselitismo da religião nos MCS, mas sabemos de nossos limites e até que ponto precisamos melhorar e sermos mais eficientes em vários quesitos. Mas como sermos construtores da paz neste universo midiático? Creio que é preciso expandir a presença da Igreja nas regiões Norte e Nordeste do país e em outras mais desligadas”, disse o arcebispo, acrescentando que o Ministério das Comunicações não vem distribuindo concessões para rádio comunitárias, nem educativas, que de acordo com ele, não há boa vontade deles, tão pouco interesse que a Igreja obtenha meios próprios de comunicação.
O padre Bruno Secchi falou sobre “Comunicação e Cultura da Paz” apontando os desafios para superar a violência, pois lembrou que vivemos mergulhados numa cultura da violência, onde as pessoas fazem e querem a justiça pelas próprias mãos, e a mídia projeta com intensidade e sensacionalismo a violência e o sentimento de medo e pavor. “A pessoa humana está ferida, operários recebem baixos salários, população abandonada na miséria, sem dignidade de moradia, educação, saúde, onde o Estado deveria ser mãe e não madrasta”, afirmou Bruno destacando que no bairro Terra Firme, periferia de Belém (PA), são cerca de 90 mil habitantes que dispõem apenas de uma creche para atender somente 100 crianças, e as famílias sofrem com a marginalidade infantil. “Infelizmente a pessoa humana não é mais a centralidade da comunicação”, finalizou.
O jornalista Lúcio Flávio Pinto explanou sobre “Comunicação e Amazônia”, perguntando a platéia se realmente sabemos o que é a Amazônia? Segundo ele é muito difícil e complexo compreender esta região devido sua geografia extensa. “Fiz campanha contra uma hidrelétrica que queria se instalar partindo da idéia que o solo amazônico é ruim, a floresta tem uma especificidade diferente de qualquer floresta do mundo. Desmatamos e não pensamos em sua geografia, que é exepcional, a agredimos com os colonizadores fizeram. Temos que recuperar o cuidado que os índios tinham com ela”, frisou Lúcio Flávio, lembrando que a ocupação humana amazônica é milenar com mais de sete mil anos. O pior é que já acabamos com a floresta numa extensão do tamanho do Estado de São Paulo. A floresta é o bem maior da floresta, onde tudo funciona em harmonia. A população indígena era maior do que a de Portugal com mais de dois milhões de línguas. Na linha de pesquisa nosso governo não investe nada, e isso fortalece o desconhecimento da amazônia, facilitando a invasão estrangeira com grandes empresas multinacionais de pesquisa. Neste caso os Estados Unidos nem precisam ocupar a Amazônia, é só continuar com o governo que temos”, disse o jornalista prevendo uma catástrofe sem retorno para humanidade caso não trabalhemos pela preservação da única floresta que restou do planeta. “A Amazônia é o último domínio de água e floresta, depois que ela acabar não teremos mais possibilidade na terra”, apelou Lúcio Flávio lembrando que precisamos de autonomia nesta região e obter informações precisas afim de preservá-la, ao invés de exterminá-la”.
Em um outro painel os regionais da CNBB informaram como vem se organizando nos últimos dois anos: Norte 2 realizou seu I Muticom em 2006 em Belém, com a presença de 300 pessoas. Mesmo com a dificuldade de transporte a Pascom vem crescendo no regional.
Nordeste 2 – A Pascom começou do zero, a maioria das dioceses não tinham nenhuma organização de Pascom. Realizado o I Muticom em 2006, com grandes resultados e destaque pelo acompanhamento e apoio direto de Dom Irineu, da Diocese de Garanhus, que infelizmente foi transferido para Joinvile (SC). O 2º Muticom será realizado de 26 a 28/10/07, em Natal com 17 oficinas.
Sul 1 – Realizou o 1º Muticom em 2004, com a presença de 30 dioceses das 47 que formam o regional, no Estado de São Paulo. O 2º Muticom, realizado em 2006, e o 3º Muticom será em 2008. A Diocese de Catanduva (SP) realizou um Fórum de comunicação com o tema do Dia Mundial da Comunicação 2007, com apoio do Senac, realizaram oficina de Leitura Crítica da Comunicação, e passeata envolvendo a Pastoral da Educação.
Sul 3 – Vem promovendo a Escola de Comunicação durante as férias de julho e janeiro com a participação de centenas de pessoas. Das 17 dioceses do regional, apenas 4 não tem Pascom. Não promoveram Muticom, mas seminários. Destaque para o trabalho da Rádio da Diocese de Santa Cruz do Sul, comprado com o trabalho de todos os diocesanos.
Ne 1 – Promoveu encontros regionais de comunicação, realizou várias atividades para comemorar os 10 anos da Pascom no regional. Duas dioceses possuem rádios próprias.
Le 1 – Com a apresentação de Vagner Mattos e o padre Jac da Diocese de Petrópolis, o Leste 1 foi destacado, devido ao trabalho com as 10 dioceses, sendo que três não vem participando das reuniões do regional. Foi realizado dois seminários em 2005 e 2006, destaque para a Pascom da Diocese de Volta Redonda que já promoveu o 8º Muticom e nunca deixou de participar do Muticom Brasileiro. O 1º Muticom Regional será realizado de 17 a 21 de julho de 2008, na Diocese de Petrópolis.
O terceiro dia foi aberto com assessoria de Maria Doly, que falou sobre a “Promoção da Vida e Família”, Maria ressaltou que a vida é um direito de todos, e senão tivermos um bom trabalho de organização da comunicação esta vida corre imenso perigo, como é o caso do Aborto. Segundo ela é preciso leis que amparem o casamento, o direito das crianças, do feto, e políticas públicas para que todas tenham direito de ter uma família numerosa. Os MCS fazem a banalização do sexo, da genitalidade do homem e da mulher. Segundo pesquisas 90% da população não quer a legalização do aborto. “Morrem cerca de três mil mulheres por ano, em contato com animais e plantas por envenenamento, isto é questão de saúde pública, grave e ninguém fala nada. Uma das formas para tentar legalizar o aborto é deturpar as estatísticas, arrumar uma vítima, que no caso a Igreja vem reagindo,mas precisamos pressionar nossos parlamentares federais para que não votem a favor do Projeto de Lei 1135/91, em votação na Comissão de Seguridade Social da Família”, afirmou Doly, que apresentou o filme “Grito Silencioso”, que mostra como os médicos fazem o aborto.
O padre Nelo Rufaldi, do CIMI falou sobre a “Cultura Indígena” recordando a dor dos povos indígenas ao verem suas árvores caídas, os rios e os peixes mortos pela ação do homem branco, parecido com o filme sobre o aborto. De acordo com Nelo os índios vem conseguindo preservar sua cultura através do uso dos MCS, que são explorados a favor da cultura de seus povos. “Hoje as aldeias se comunicam com mais rapidez, cada um sabe como o outro vem sofrendo, e isto ajuda a organizar uma luta conjunta, graças aos veículos de comunicação como o vídeo, o DVD, o CD, a internet. Mas sabemos que é preciso avançar muito, porque apenas o estado do Amapá tem as terras indígenas demarcadas”, lembrou padre Nelo, destacando que a mídia também trabalha contra os índios a favor dos fazendeiros latifundiários.
Pelo Comitê irmã Doroth Stang, Denailson disse que vem ganhando força a luta contra a impunidade dos mandantes de crimes contra os trabalhadores rurais e líderes sindicais, e o comitê procura buscar apoio e vem conquistando da CRB e entidades internacionais que apóiam a justiça. “Temos que lutar contra o coronelismo que tem o apoio da mídia é claro. Outra classe que precisamos resgatar é a dos jornalistas que são profissionais exclusivos dos poderosos atualmente, parece que eles não estão preocupados mais com o social, e sim com eles próprios”, disse Denailson, ressaltando o trabalho do jornalista Lúcio Flávio que vem denunciando as ações dos poderosos da região Norte e tem dificuldade de divulgar informações verídicas sobre a Amazônia.
O quarto dia teve a assessoria da antropóloga, Dra Eneida Assis, que falou sobre o tema: “Mídias, imaginários e culturas amazônicas”. Ela disse que a Amazônia não é apenas uma terra composta de estados e municípios, pois quando falamos em Pulmão verde a idéia é velha, e agora a nova terminologia é o aquecimento global. Não é preciso irmos a floresta amazônica para vermos a degradação ambiental, é só repararmos como nossos rios em nossas cidades são tratados, nossas praças públicas e ruas. Nossos povos indígenas vivem numa situação dramática com a invasão em seu solo, o asfaltamento absurdo da rodovia transamazônica. “O desmatamento é nocivo e reflete o modelo de política estabelecido na Amazônia, chamado o milagre Brasileiro, que ganhou ênfase maior nos anos 60 e força maior nos anos 70, e esta situação passa modificar do que deve ser desmatado a partir de 2000, a necessidade de estabelecer zoneamento de áreas de conservação, próximas as chamadas terras indígenas. Este desmatamento precisa parar, porque esta política de reflorestamento é muito fraca, não tem o peso que deveria ter, e quando falamos em reflorestamento só falamos de madeira vegetais voltadas para o corte de madeira, e não o reflorestamento que vem sendo discutido há apenas dois anos a base das espécies amazônicas. O desenvolvimento sustentável já começou , tende a intensificar, pois a discussão do aquecimento global, essa nova visão da sustentabilidade ganhou uma nova aliada, o aquecimento é uma ameaça não só aos povos, mas principalmente para a Amazônia, que a seca de 2006, mostrou um pouco das conseqüências”, disse Eneida, frisando que é preciso divulgar mais as ações positivas a respeito da Amazônia que são veiculados apenas pela Amazon SAT, onde poucas pessoas tem acesso a esta programação.
A doutora em comunicação, irmã Joana Puntel (fsp) começou sua explanação dizendo que é uma redundância conceituarmos a mídia como um grande feito da humanidade, mas sim dizermos que a comunicação é um grande feito da humanidade, e seu estudo é pouco difundido. “Vivemos bombardeados atualmente com informações e imersos nesta cultura midiática, e não prestamos a atenção o quanto a comunicação é a possibilidade de articular melhor a sociedade. O grande desafio hoje é a manipulação dos meios de comunicação, pois quem tem facilidade e rapidez tem o poder nas mãos”, destacou irmã Joana, lembrando que a pessoa humana vive dois mundos: dos compromissos das práticas e o mundo da fantasia e do imaginário.
O padre Manoel Filho apresentou o trabalho de Pascom que sendo efetivado há sete anos na Arquidiocese de Salvador, que de acordo com ele é preciso trabalhar a Espiritualidade da Comunicação em conjunto com o específico da formação da comunicação nesta pastoral. “Estamos num momento bom, e temos um projeto dividido por setores em nível paroquial, de formação de agentes e de mídias, porque temos 115 paróquias, e queremos capilarizar este setor com formação e cursos rápidos, articular mais os MCS da arquidiocese, site, desenvolver o jornal da arquidiocese para toda a sociedade, e programa de tevê em parceria com a CNBB, e também com Crateús e Manaus, que estão trabalhando conosco neste programa. Pouco a pouco as pessoas vão entendendo que comunicar é evangelizar, e precisam ter formação para isto. O curso de formação rápido na área de oratória, capacitação de recursos são muito procurados”, destacou padre Manoel.
O padre César Moreira da Tevê Aparecida (SP) falou sobre “Mídia Católica e Evangelização”, ele vê com grande êxito a presença da Igreja na tevê, com os diversos canais, e cada um com sua linha de trabalho, mas lembrou que é preciso melhorar muito o conceito de comunicação e do fazer comunicação na Igreja, que passa pela ação nos meios. “Precisamos entender que comunicar é relacionar e neste sentido todos temos o dever de nos ajudarmos mutuamente”, disse César, acrescentando a mídia é utilitarista.
A jornalista da Tevê Liberal (Globo Local), Jaqueline Almeida falou sobre “Comunicação e Missão nas Periferias”, ela trabalha numa ong a CEDECA/Emaús de proteção a infância e adolescência em Belém (PA). Jaqueline disse que a comunicação não é reconhecida como um direito à voz, e de expressão para a cidadania. “A mídia é um mal necessário! Quando falamos em periferia temos que levar em conta a realidade das pessoas, e procurar aproveitar as novas tecnologias para divulgar bons exemplos, como é o caso da cartilha de direitos humanos que fizemos no CEDECA para apoiar as crianças e adolescentes em situação de risco. Fomos até o local onde a marginalização acontece, um trabalho profissional de pesquisa de campo, que muito contribui para atacarmos o problema e buscarmos soluções conjuntas”, afirmou Jaqueline.
O arcebispo emérito da Arquidiocese de Belém (PA), Dom Zico que completa 80 anos em agosto, disse que o Muticom foi um marco para a Igreja do Brasil e o tema suscitou a ousadia de enfrentar o desafio com coragem. “Me alegro por ter sediado o evento, e realçou a posição do papel dos comunicadores em relação à Amazônia, e ela deve ser vista e amada como um dom de Deus por todos nós. Vejo que a comunicação está crescendo no país. É uma benção de Deus a Pascom e os meios que possuímos como a rádio e a tevê Nazaré, que é difundida em toda a Amazônia”, destacou Dom Zico.

NOVIDADES DO 5º MUTICOM PARA A DIOCESE NO CAMPO DA FORMAÇÃO

Vagner Mattos trouxe três novidades do 5º Muticom: o Curso de Crítica de Cinema, (Comunicação e Família, grupo de estudo), e material de conscientização para jovens e adultos sobre a questão do Aborto. O repasse destes cursos serão aplicados nas reuniões da Pascom nos regionais: 1ª Terça-Feira do mês, na Matriz de São Sebastião em Barra Mansa às 19h. Na primeira segunda-feira do mês, na Matriz de N.Senhora da Conceição em Resende às 19h. Na última quinta-feira do mês, na Cúria Diocesana em Volta Redonda. No 9º Muticom em abril de 2008, será oferecido o Curso de Crítica de Cinema, onde abriremos inscrições a partir de fevereiro de 2008.
Além dos cursos rápidos e volantes que a Pascom Diocesana já oferece, agora contaremos com a ampliação dos conteúdos. Dois filmes foram analisados no curso: Conceição Nobre de Walter Sales, e Expedito, que ganhou o Prêmio Margarida de Prata da CNBB, e em breve estará em cartaz nos cinemas. O curso de Crítica de Cinema foi assessorado pelo professor Miguel Pereira, da PUC/Rio. Em relação ao grupo de estudos sobre Comunicação e Família, contou com assessoria do padre Augusto César Pereira.
Já estamos com o DVD: “O Grito Silencioso” sobre a campanha contra o Aborto defendida por alguns parlamentares para mudar a lei.
Na reunião sobre a Pastoral da Comunicação em nível nacional, Vagner Mattos sugeriu que se realizasse um encontro nacional, após as realizações dos Mutirões de Comunicação Brasileiro, pois não existe um espaço de discussão próprio da Pascom. A comissão nacional da CNBB, acolheu a proposta com ressalva no critério de participação, limitando a presença de duas pessoas que representem o regional. O encontro será realizado provavelmente em junho de 2008.

Vagner Mattos, participante do 8º Muticom Brasileiro, jornalista da Diocese de Volta Redonda.

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