sábado, 4 de julho de 2009

Estudo do Vaticano diz que Inquisição matou menos do que se pensava.

Caríssimo Orlando Fedeli ,
Acompanho as publicações da Monfort quase diariamente, e devo congratulá-los pela competencia com que defendem a fé ortodoxa nestes dias de barbárie intelectual e moral. Costumo visitar sites das mais diversas orientações espirituais, para que possa melhor conhecer e, assim, defender a Igreja Católica de seus detratores. Porém, tenho poucas informações sobre a inquisição e busco alguns esclarecimentos. É veraz a existencia de instruentos de tortura utilizados pela Igreja?
Qual a verdadeira história da Inquisição Espanhola [apontada por muitos como a mais violenta delas?
Abaixo transcrevo um texto do Centro Apologético Cristão de Pesquisas que presumo ser mentiroso, nada concluindo, no entanto, devido minha falta de contra-argumentos.
Gostaria de ver seu comentário.
A propósito, onde eu poderia adquirir o Liber Sententiarum Inquisitionis de Bernardus Giudonis?

Segue em anexo :

CENTRO APOLOGÉTICO CRISTÃO DE PESQUISAS
CACPINSTRUMENTOS DE TORTURA DA IDADE MÉDIA

Finalidades dos Instrumentos:

No seu "Livro das Sentenças da Inquisição" (Liber Sententiarum Inquisitionis) o padre dominicano Bernardo Guy (Bernardus Guidonis, 1261-1331), "um dos mais completos teóricos da Inquisição", descreveu vários métodos para obter confissões dos acusados, inclusive o enfraquecimento das forças físicas do prisioneiro.

Usava-se, dentre outros, os seguintes processos de tortura:

A manjedoura, para deslocar as juntas do corpo ; arrancar unhas ; ferro em brasa sob várias partes do corpo ; rolar o corpo sobre lâminas afiadas ; uso das "Botas Espanholas" para esmagar as pernas e os pés ; a Virgem de Ferro : um pequeno compartimento em forma humana , aparelhado com facas , que , ao ser fechado , dilacerava o corpo da vítima ; suspensão violenta do corpo , amarrado pelos pés , provocando deslocamento das juntas ; chumbo derretido no ouvido e na boca ; arrancar os olhos ; açoites com crueldade ; forçar os hereges a pular de abismos , para cima de paus pontiagudos ; engolir pedaços do próprio corpo , excrementos e urina ; a "roda do despedaçamento funcionou na Inglaterra , Holanda e Alemanha , e destinava-se a triturar os corpos dos hereges ; o "balcão de estiramento" era usado para desmembrar o corpo das vítimas ; o "esmaga cabeça" era a máquina usada para esmagar lentamente a cabeça do condenado, e outras formas de tortura.

CENTRO APOLOGÉTICO CRISTÃO DE PESQUISAS.
Pr. João Flávio & Presb. Paulo Cristiano.

Nome: Ricardo , 15 anos - Enviada em: 04/04/2004
Religião: Católica - Salvador - BA

RESPOSTA

Muito prezado Ricardo, salve Maria !
Sobre a Inquisição , tenho recomendado que se leia o livro do Professor João Bernardino Gonzaga A Inquisição em seu Mundo , no qual ele demonstra como a tortura era usada por todos os governos. Aliás, ela foi usada comumente por todos os estados até o século XIX, oficialmente.
E será que hoje ela não é usada ?
A Imprensa está cheia de denúncias de que ela ainda é usada.
O Cardeal Mindzenty foi barbaramente torturado pelos comunistas, e disso pouco se fala.
Como se fala pouco que a Igreja --e através da Inquisição -- foi a primeira instituição a não reconhecer como válidas as confissões obtidas sob tortura.
No livro La Vera Storia dell Inquisizione de Rino Camilleri (Ed Piemme, Casale Monferrato, 2.001) se pode ler:

"Onde mais se escurece o negrume da lenda [sobre a Inquisição] é quanto à tortura. Também aqui, porém a inquisição revela uma insuspeitada modernidade. Antes de tudo, deve ser dito que a tortura -- como meio de interrogatório e também como pena -- era usada normalmente na justiça do antigo regime. O primeiro monarca a abolir a tortura foi, de fato, Luis XVI, no fim do século XVIII."
(Rino Camilleri,.La Vera Storia dell ´Inquisizione, Ed Piemme, Casale Monferrato, 2.001, pp. 45-46).

E ainda:

"As fontes [históricas] demonstram muito claramente que a Inquisição recorria à tortura muito raramente. O especialista Bartolomé Benassa, que se ocupou da Inquisição mais dura, a espanhola, fala de um uso da tortura "relativamente pouco frequente e geralmente moderado, era o recurso à pena capital, excepcional depois do ano 1500".

O fato é que os inquisidores não acreditavam na eficácia da tortura. Os manuais para inquisidores convidavam a que se desconfiasse dela, porque os fracos, sob tortura, confessariam qualquer coisa, e nela os "duros" teriam persistido facilmente. Ora, porque quem resistia à tortura sem confessar era automaticamente solto, vai de si que como meio de prova a tortura era pouco útil. Não só. A confissão obtida sob tortura devia ser confirmada por escrito pelo imputado posteriormente, sem tortura (somente assim as eventuais admissões de culpa podiam ser levadas a juízo). (Rino Camilleri , La Vera Storia dell ´Inquisizione , Ed Piemme, Casale Monferrato, 2.001, p.p. 46-47).
Ainda agora o vaticano ditou um estudo pormenorizado sobre a Inquisição que desfaz muitas das lendas sobre as mortes na Inquisição.

Transcrevo para você o que foi noticiado sobre esse novo livro:

O Vaticano publicou um novo estudo sobre os abusos cometidos durante a Inquisição que traz uma conclusão surpreendente: os julgamentos por heresia não eram tão brutais quanto se acreditava.
Segundo o relatório de 800 páginas, a Inquisição , que espalhou temor na Europa durante a Idade Média, não praticou tantas execuções ou tortura como dizem os livros de história.
O editor do novo livro, professor Agostino Borromeo, sustenta que, na Espanha, apenas 1,8% dos investigados pela Inquisição espanhola foram mortos.
Apesar disso, o papa João Paulo 2º novamente pediu desculpas pelos excessos dos interrogadores, expressando pesar por "erros cometidos a serviço da verdade por meio do recurso a métodos não-cristãos".
O Papa, porém, não ultrapassou a regra da igreja segundo a qual os pontífices não criticam os seus predecessores. O Papa Gregório 9º, que criou a Inquisição em 1233 para combater a heresia (a negação da verdade da fé católica), não foi mencionado no comunicado.

Hereges

Após a consolidação do poder na Europa da Igreja Católica Romana, nos séculos 12 e 13, ela estabeleceu a Inquisição para assegurar que os hereges não minassem a sua autoridade.
O sistema tomou a forma de uma rede de tribunais eclesiásticos com juízes e investigadores.
As punições aos condenados variavam de visitas forçadas à igreja ou fazer peregrinações até a prisão perpétua ou execução na fogueira.
A Inquisição estimulava delações, e os acusados não tinham o direito de questionar a pessoa que o havia acusado de heresia. Ela atingiu o seu pico no século 16, quando a igreja enfrentava a reforma protestante. Seu julgamento mais famoso aconteceu em 1633 , quando Galileu foi condenado por postular que a Terra girava ao redor do Sol.
A Inquisição espanhola, que se tornou independente do Vaticano no século 15 , praticou os abusos mais extremos, sobretudo com o uso dos autos da fé, em que matavam os condenados em fogueiras públicas.
Seus representantes torturavam as vítimas , realizavam julgamentos sumários, forçavam conversões e aprovavam sentenças de morte. "Não há dúvidas de que, no começo, os procedimentos planejados foram aplicados com rigor excessivo, que em alguns casos foram degenerados e se tornaram verdadeiros abusos", diz o novo estudo do Vaticano.
Mas o relatório, preparado ao longo de seis anos, argumenta que a Inquisição não foi tão má como se costumava crer.

"Bonecos no fogo"

Borromeo cita como exemplo que , de 125 mil julgamentos de suspeitos de heresia na Espanha , menos de 2% foram executados. Ele afirma que muitas vezes bonecos eram queimados para representar aqueles que foram condenados à revelia. E que bruxas e hereges que demonstravam arrependimento no último minuto recebiam algum tipo de alívio para a dor quando eram estrangulados antes de serem queimados.
Para aqueles que possuem ligação com as vítimas da Inquisição , porém , a declaração do Vaticano de que ela não era tão má quanto se dizia tem pouca importância.
Os Valdesianos, membros de uma seita protestante declarada herege no século 12 , estavam entre as vítimas da Inquisição.
"Não importa se há muitos ou poucos casos. O que é importante é que você não pode dizer : Estou certo, você está errado, e eu vou te queimar", disse Thomas Noffke, um pastor valdesiano americano que vive em Roma. Ainda segundo o novo relatório, no auge da Inquisição a Alemanha matou mais bruxas e bruxos que em qualquer outro lugar, cerca de 25 mil".

Como você vê , esse livro que mandarei adquirir logo mais , demonstra que o número de execuções pela Inquisição foi mínimo.
Por outro lado, note que no texto que você me enviou - e que é de um grupo catequético que se diz católico, se escreveu que um dos instrumentos de tortura da Inquisição foi a guilhotina.
A guilhotina , ora , a guilhotina nunca foi instrumento de tortura. Era instrumento de execução da pena de morte, cortando a cabeça do condenado.
Pior ainda : a guilhotina foi inventada pelo Dr. Guillotin, durante a Revolução Francesa depois de 1789. Como é então que a Inquisição medieval a usaria se ela ainda não existia ?
Assim são os maus católicos , não tendo Fé na Igreja eles acreditam em todas as calúnias que se assacam contra a Igreja , e estão prontos a propagá-las , para agradar aos ímpios.
Esses maus católicos são os piores inimigos da Igreja Católica.

In Corde Jesu, semper, Orlando Fedeli

Obs : Roma locuta , causa finita est.
Leandro Costa - Direção do blog

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