sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O padre que corrigiu Einstein‏

Mário Eugênio Saturno
Pesquisador Tecnologista do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 
Pesquisador convidado da NASA (National Aeronautics and Space Administration) para o projeto AQUA, 
Professor da FAFICA, coordenador diocesano das Congregações Marianas. Email: saturno@dea.inpe.br.


Durante milhares de anos, pergunta-se sobre a existência do universo. De onde vem tudo isso? 
Foi criado como ensina a Igreja? Ou terá sempre existido, conforme a tese de muitos filósofos? 
E quem está correto? Neste século uma resposta apareceu no horizonte para iluminar nossas mentes em nosso maior enigma.
Em 1917, no monte Wilson, nos Estados Unidos, foi construído o maior telescópio. Esse telescópio deu-nos uma nova visão do cosmo. Na mesma época, Albert Einstein desenvolvia sua Teoria da Relatividade Geral. Nessa teoria, o universo de Einstein, necessariamente estaria se contraindo ou se expandindo, não poderia ser estático. Einstein acreditava, como todos, que o universo era estático, assim, ele introduziu um truque em suas equações: a constante cosmológica.
Logo surgiu quem contestasse esse artifício. Entre eles um padre católico e também astrofísico, nascido na Bélgica, em 17 de julho de 1894, Georges Lemaitre. Lemaitre graduou-se engenheiro civil e serviu como oficial de artilharia durante a Primeira Guerra Mundial. Depois, entrou no seminário e tornou-se Padre em 1923. Então, estudou na Universidade de Cambridge e no Instituto de Tecnologia de Massachussets (MIT). Em 1927, ele tornou-se professor de astrofísica da Universidade de Louvain e propôs a Teoria do Átomo Primitivo (depois conhecida como Teoria do Big Bang).
Lemaitre acreditava que ciência e religião podem se complementar. E, como outros padres cientistas que tiveram grande importância, coube a Lemaitre corrigir o maior erro de Einstein.
Lemaitre estudou teologia e matemática. Sabia mais sobre as fórmulas da Relatividade que o próprio autor. Formulou suas próprias idéias sobre a criação do universo, afirmando que houve um momento de início, a partir do que ele chamou de átomo primordial. Uma origem cataclísmica, hoje chamada de Big Bang (grande explosão). Enfrentou Einstein, mas não conseguiu convencê-lo, nem a comunidade científica.
Foi Edwin Hubble quem colocou fim à disputa. No início de 1920, Hubble foi ao observatório do monte Wilson para provar que os borrões de luz (as nebulosas espirais) no céu eram exteriores à Via Láctea, ou seja, eram outras galáxias. Com muito esforço, guiou o telescópio noites seguidas para produzir uma única fotografia (já que a luz é muito fraca) da galáxia Andrômeda.
De repente, o tamanho do universo foi aumentado em um bilhão de vezes, mostrando-nos a nossa tamanha pequenez. Com o tempo ele aprendeu a medir a distância pelo brilho. Então, ele descobriu, observando a luz que a galáxia emitia, se uma galáxia estava em movimento e quão rápidas estavam. Deduziu sua lei: quanto mais longe de nós está uma galáxia, mais rápido ela se afasta. E todas estavam se afastando de nós, sugerindo a expansão do universo.
Em 1931, quando Einstein foi visitar Hubble, Lemaitre viajou para a Califórnia para confrontá-los. Usando a matemática de Einstein e as observações de Hubble, Lemaitre convenceu-os de que a expansão era real e no passado houve um início, uma grande explosão. Nascia a cosmologia moderna.
Mas não foi ainda a vitória do Big Bang, houve oposição. Em 1948, Fred Hoyle propôs a Teoria do Estado Constante, afirmando que o universo não teve um começo como descrito por Lemaitre.
A grande questão levantada por Hoyle era: se houve uma explosão, cadê a radiação de fundo por todo o universo? Então, os cientistas partidários do Big Bang souberam o que procurar.
Em 1965, Bob Wilson, trabalhando para os Laboratórios Bell em uma antena em forma de corneta descobriu um ruído que aparecia por onde quer que apontasse. E, juntamente com seu colega Arno Penzel descobriram a ruído de fundo que comprovou o Big Bang.
Alguns dias após o anúncio da descoberta, em 1966, Lemaitre morreu. Pôde testemunhar em vida a prova de que a Igreja estava certa ao afirmar que o universo teve um início explicado na fórmula de Einstein, expressa na matemática de Deus.

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