quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

O Futuro do PT

A vitória dos pelegos

O PT nasceu de cesariana, há 29 anos. O pai foi o movimento sindical, e a mãe, a Igreja Católica, através das Comunidades Eclesiais de Base. Os orgulhosos padrinhos foram, primeiro, o general Golbery do Couto e Silva, que viu dar certo seu projeto de dividir a oposição brasileira. Da árvore frondosa do MDB nasceram o PMDB, o PDT, o PTB e o PT... Foi um dos únicos projetos bem-sucedidos do desastrado estrategista que foi o general Golbery. Outros orgulhosos padrinhos foram os intelectuais, basicamente paulistas e cariocas, felizes de poder participar do crescimento e um partido puro, nascido na mais nobre das classes sociais, segundo eles: o proletariado.

“Crescimento” do PT:

O PT cresceu como criança mimada, manhosa, voluntariosa e birrenta. Não gostava do capitalismo, preferia o socialismo. Era revolucionário. Dizia que não queria chegar ao poder, mas denunciar os erros das elites brasileiras. O PT lançava e elegia candidatos, mas não "dançava conforme a música". Não fazia acordos, não participava de coalizões, não gostava de alianças. Era uma gente pura, ética, que não se misturava com picaretas. O PT entrou na juventude como muitos outros jovens: mimado, chato e brigando com o mundo adulto. Mas nos estados, o partido começava a ganhar prefeituras e governos, fruto de alianças, conversas e conchavos. E assim os petistas passaram a se relacionar com empresários, empreiteiros, banqueiros. Tudo muito chique, conforme o figurino.

“Maioridade” do PT:

E em 2002 o PT ingressou finalmente na maioridade. Ganhou a presidência da República. Para isso, teve que se livrar de antigos companheiros, amizades problemáticas. Teve que abrir mão de convicções, amigos de fé, irmãos camaradas.

Pessoas honestas e de princípios se afastam do PT.

A primeira desilusão se deu entre intelectuais. Gente da mais alta estirpe, como Francisco de Oliveira, Leandro Konder e Carlos Nelson Coutinho se afastou do partido, seguida de um grupo liderado por Plínio de Arruda Sampaio Junior. Em seguida, foi a vez da esquerda. A expulsão de Heloisa Helena em 2004 levou junto Luciana Genro e Chico Alencar, entre outros, que fundaram o PSOL.

Os militantes ligados a Igreja Católica também começaram a se afastar, primeiro aqueles ligados ao deputado Chico Alencar, em seguida, Frei Betto. E agora, bem mais recentemente, o senador Flávio Arns, de fortíssimas ligações familiares com a Igreja Católica. Os ambientalistas, por sua vez, começam a se retirar a partir do desligamento da senadora Marina Silva do partido.

Quem ficou no PT?

Afinal, quem do grupo fundador ficará no PT? Os sindicalistas. Por isso é que se diz que o PT está cada vez mais parecido com o velho PTB de antes de 64. Controlado pelos pelegos, todos aboletados nos ministérios, nas diretorias e nos conselhos das estatais, sempre nas proximidades do presidente da República.Recebendo polpudos salários, mantendo relações delicadas com o empresariado. Cavando benefícios para os seus. Aliando-se ao coronelismo mais arcaico, o novo PT não vai desaparecer, porque está fortemente enraizado na administração pública dos estados e municípios. Além do governo federal, naturalmente. É o triunfo da pelegada.

Fonte: http://oglobo.globo.com/pais/noblat/luciahippolito/posts/2009/08/22/a-vitoria-dos-pelegos-215894.asp

Lucia Hippolito - É cientista politica, historiadora e jornalista, especialista em eleição, partidos politico e Estado Brasileiro. É comentária politicada Rádio CBN e da Globo News. é ancora do CBN Rio. E-mails: lucia@cbn.com.br e lucia.hippolito@sgr.com.br

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Pontifícia Academia das Ciências do Vaticano. A que mais ganhou Prêmios Nobel até hoje.

Das muitas acusações feitas contra a Igreja, uma das mais despropositais é de que ela é contra a ciência. Que ela tem perseguido a ciência ao longo dos milênios. Muitos fatos desmentem essa calúnia.

Um dos mais evidentes é que o próprio Vaticano, através da ação de muitos papas, mantém um Observatório Astronômico, ou 'Specola Vaticana' em italiano, como é geralmente conhecido. Este observatório, edificado no coração da Igreja, é prova viva, testemunho eloquente, da relação de amor da Igreja e de seus membros, pela ciência. E de que esta, quando livre de uma hermenêutica materialista, está de pleno acordo com a fé católica.

Segundo o padre Sabino Maffeo S.J. no livro 'In the service of nine popes' ('No serviço de nove papas', em uma tradução livre), a Specola Vaticana remonta ao ano de 1582, quando o papa Gregório XIII reformou o calendário juliano. O observatório, entretanto, não foi criado oficialmente naquele ano. Em várias épocas papas se interessaram pela astronomia e criaram observatórios. Mas foi em 1891 que o papa Leão XIII fundou formalmente a Specola Vaticana através de um Motu Proprio, 'Ut Mysticam'. Segundo ele, a Specola Vaticana serviria para “que todos pudessem ver que a Igreja e seus Pastores não se opõe à verdadeira e sólida ciência, humana ou divina, mas abraçam-na, encorajam-na e promovem-na com a máxima dedicação possível”.

Inicialmente, a Specola Vaticana ficava dentro do próprio Vaticano, na 'Torre dos Ventos'. No final do século XIX a luminosidade em Roma não era muito grande, e aquele era um excelente lugar. É imprescindível para os astrônomos que o telescópio esteja em um lugar com céu bem escuro à noite. Cidades luminosas impedem que se observe objetos mais fracos. Em 1933 Roma já tinha os céus claros demais para permitir uma pesquisa séria. O papa Pio XI ofereceu a residência papal de verão em Castelgandolfo, que fica a poucos quilômetros de Roma e tinha condições excelentes de observação. Em 1980, novamente os céus já eram claros demais para os jesuítas fazerem suas pesquisas. A Specola Vaticana continuou em Castelgandolfo, mas boa parte de seus pesquisadores se mudou para Tucson, nos EUA, onde foi formado um grupo de pesquisa. Esta mudança foi encorajada e apoiada pelo papa João Paulo II. Lá, em colaboração com a Universidade do Arizona, este grupo pôde cooperar com outros astrofísicos e usar vários telescópios americanos. Em 1993 foi inaugurado nos EUA um grande telescópio para uso dos astrofísicos da Specola Vaticana. Foi um grande salto em produtividade de pesquisa, visto que antes eles precisavam usar outros telescópios.

Entretanto, a pesquisa de ponta em astrofísica não é a única atividade dos jesuítas da Specola Vaticana. Também é missão deles servir à Igreja, testemunhando no mundo sua boa relação com a ciência. Eles fazem isso escrevendo artigos, dando palestras em universidades e institutos de pesquisa e organizando eventos. Em 2008, o Professor Dr. Felipe Aquino teve o privilégio de poder participar de um destes eventos. A cada dois anos é realizada a “Escola de Verão do Observatório do Vaticano”. Cerca de duas dúzias de estudantes de astrofísica de todo o mundo são selecionados para passar 1 mês em Castelgandolfo, tendo aulas sobre algum tema de vanguarda em astrofísica.

"Assim como eu, a maior parte dos estudantes era de países subdesenvolvidos e não tinha condições de arcar com os custos", escreve o nosso Professor. "Por isso, o Observatório do Vaticano financiou as despesas. Durante a Escola, além de poder observar com os telescópios que ficaram em Castelgandolfo, pudemos conhecer os pesquisadores da Specola Vaticana. Mais incrível que isso foi que, já no primeiro dia, tivemos a honra de sermos recebidos pelo papa Bento XVI e pudemos, todos, cumprimentá-lo pessoalmente. O critério de escolha dos participantes não foi religioso. Alguns dos estudantes nem mesmo sabiam o que era um 'papa'. Havia até uma estudante muçulmana. Foram semanas magníficas onde estudantes do mundo todo puderam vivenciar o apreço que a Igreja Católica tem pela ciência", escreve O professor Felipe Aquino.

Nenhum daqueles estudantes será capaz de dizer, um dia, que a Igreja é obscurantista e contra a ciência. Este foi o desejo de Leão XIII e de vários outros papas, e tornou-se a missão dos padres jesuítas que constituem a Specola Vaticana. Também esta deve ser a missão de todos nós católicos, pois o conhecimento científico serve à fé, ajudando a revelar na beleza criação, o Criador.

OS NOVOS CIENTISTAS NO VATICANO

Muitas pessoas não têm conhecimento do grande número de cientistas de renome internacional que assessoram o Papa em suas participações nas Pontifícias Academias do Vaticano. Cerca de 23 cientista Prêmios Nobel, participam das Academias Pontifícias, e muitos outros.

A Pontifícia Academia das Ciências, do Vaticano, foi fundada em Roma em 1603, com o nome de Academia dos Linces (Galileu Galilei foi membro!), e está composta por 80 "acadêmicos pontifícios" nomeados pelo Papa a partir da proposta do Corpo Acadêmico, sem discriminação de nenhum tipo. Seu presidente é, desde 1993, Nicola Cabibbo, professor de Física na Universidade 'La Sapienza', de Roma, e ex-presidente do Instituto Nacional Italiano de Física Nuclear.

O Papa João Paulo II, em 24 de outubro de 2004, nomeou dois cientistas, pioneiros da física, para membros da Academia Pontifícia das Ciências, do Vaticano: o professor americano William D. Phillips e o professor de origem indiana Veerabhadran (Ram) Ramanatham. William D. Phillips, nasceu em Wilkes-Barre (Pensylvania), é professor de Física na Universidade de Maryland e é líder do Grupo de esfriamento com laser da Divisão de Física Atômica do National Institute of Standards and Technology (NIST) de Gaithersburg (Estados Unidos). Em 1997 recebeu o Prêmio Nobel em Física. Mais um Nobel no Vaticano!

Veerabhadran (Ram) Ramanathan, nascido em Chennai (Índia), é professor de 'Ciências da atmosfera' na Universidade da Califórnia (San Diego) e diretor do 'Centro para as Ciências da Atmosfera' da Scripps Institution of Oceanography, La Jolla (Estados Unidos). Isto mostra o quanto a Igreja católica valoriza a ciência.

Nesses dias o Papa Bento XVI nomeou o professor indiano de Astrofísica, Govind Swarup, e o professor francês de Psicologia Evolutiva, Stanislas Dehaene, como membros da Pontifícia Academia das Ciências.

O professor Swarup nasceu em Thakurwara (Índia) em 1929. Doutorou-se na Universidade de Stanford em 1961. Após ter trabalhado no Laboratório Físico Nacional de Nova Déli, na “Commonwealth Scientific and Industrial Research Organization” (CSIRO), da Austrália, e na Universidade de Harvard, em 1963 passou a trabalhar no “Tata Institute of Fundamental Research” (TIFR).

Swarup foi um pioneiro no campo da rádio-astronomia solar, das rádio-galáxias, dos quasares, da cosmologia e dos instrumentos para a rádio-astronomia. Projetou e dirigiu a construção de um radio-telescópio cilíndrico de 530 metros de longitude e 30 metros de largura, em Ooty, sul da Índia. Entre 1987 e 1997, projetou e construiu o Giant Metrewave Radio Telescope (GMRT), o maior rádio-telescópio do mundo.

O professor Stanislas Dehaene nasceu em 12 de maio de 1965 em Roubaix (França). Estudou matemática na “École Normale Supérieure” de Paris e se licenciou em 1989 em Ciências Cognitivas, na “École des Hautes Études en Sciences Sociales” (EHESS) de Paris.

Após ter trabalhado no Hospital Frederic Joliot, do Comissariado para a Energia Atômica, no centro para o "brain imaging" de Orsay, em 2005 foi nomeado catedrático de Psicologia Experimental, no College de France, de Paris.

"Em suas pesquisas, Stanislas Dehaene utiliza métodos da Psicologia Cognitiva Experimental, da Neuropsicologia, da “Neuroimaging”, junto a modelos matemáticos para compreender os mecanismos cerebrais de alguns ramos do saber humano: matemática, elaboração da linguagem e acesso ao conhecimento", explica o comunicado vaticano. "Graças à sua proposta experimental, chegaram a avanços importantes na compreensão da organização das capacidades cognitivas, de suas patologias e das origens de seu desenvolvimento e evolução."

Dehaene é membro da Academia das Ciências de Paris e recebeu a Medalha Pio XI pela Pontifícia Academia das Ciências, em 2002. Isto mostra o quanto estão errados aqueles que ainda pensam que a fé é oposição à ciência, ou que a Igreja seja obscurantista. Esse preconceito infelizmente ainda existe na cabeça de muitos que ainda não conhecem o coração da Igreja. Já é hora de superar essa ignorância e preconceito!

OS CIENTISTAS PRÊMIOS NOBEL NO VATICANO

O Professor Felipe Aquino recebeu da Pontificia Academia de Ciências do Vaticano a relação dos 24 Prêmios Nobel que dela fazem parte. Que outra Instituição tem tão alto grau de Ciências? Como podem dizer alguns que há oposição entre a Ciência e a Fé?... Abaixo estão listados.

Accademici Nobel:

1. ARBER Werner (Nobel in Physiology or Medicine, 1978)
2. BALTIMORE David (Nobel in Physiology or Medicine, 1975)
3. BECKER Gary S. (Nobel Prize in Economics, 1992)
4. BLOBEL Günter (Nobel Prize in Physiology or Medicine, 1999)
5. CIECHANOVER Aaron J.(Nobel in Chemistry, 2004)
6. COHEN TANNOUDJI Claude (Nobel in Physics, 1997)
7. CRUTZEN Paul J. (Nobel in Chemistry, 1995)
8. De DUVE Christian (Nobel in Physiology or Medicine, 1974)
9. EIGEN Manfred (Nobel in Chemistry, 1967)
10. HÄNSCH Theodor (Nobel in Physics, 2005)
11. KHORANA Har Gobind (Nobel in Physiology or Medicine, 1968)
12. Von KLITZING Klaus (Nobel in Physics, 1985)
13. LEVI MONTALCINI Rita (Nobel in Physiology or Medicine, 1986)
14. MOLINA Mario J. (Nobel in Chemistry, 1995)
15. MÖSSBAUER Rudolf L. (Nobel in Physics, 1961)
16. MURRAY Joseph E. (Nobel in Physiology or Medicine, 1990)
17. NIRENBERG Marshall W. (Nobel in Physiology or Medicine, 1968)
18. NOYORI Ryoji (Nobel in Chemistry, 2001)
19. PHILLIPS William D.(Nobel in Physics, 1997)
20. POLANYI John C. (Nobel in Chemistry, 1986)
21. RUBBIA Carlo (Nobel in Physics, 1984)
22. TOWNES Charles H.(Nobel in Physics, 1964)
23. YANG Chen Ning (Nobel in Physics, 1957)
24. ZEWAIL Ahmed H. (Nobel in Chemistry, 1999)

"O coração inteligente adquire o saber; o ouvido dos sábios procura a ciência."[Provérbios 18,15]

PL 122: uma lei ilógica, injusta e provavelmente inútil

Por Pe. Anderson - De Roma

No dia 8 de dezembro passado deveria ter ocorrido a votação no Senado Brasileiro do projeto de lei 122, que pretende criminalizar a chamada “homofobia”. A votação não ocorreu devido ao incendido debate ocorrido e pelo medo de que o dito projeto fosse rejeitado pela maioria dos senadores. A lição tirada naquele dia foi que o assunto precisa ser aprofundado e que o diálogo na sociedade brasileira deve continuar. Entramos, então, num tempo de reflexão.

O projeto de lei contra a “homofobia” tinha sido formulado pela primeira vez em 2006 e desde então espera a votação. Para que essa pudesse ter ocorrido, a senadora Marta Suplicy fez uma pequena alteração no mesmo, acrescentando o artigo terceiro: “Essa lei não se aplica à manifestação pacífica de pensamento decorrente da fé e da moral fundada na liberdade de consciência, de crença e de religião de que trata o inciso VI do art. 5º da Constituição Federal”. O objetivo de tal inciso é claro: ganhar o apoio de senadores religiosos ou os que escutam os argumentos provenientes dessa grande parte do tecido social brasileiro.

O resultado foi que, além da votação do projeto ser adiada, agora conta com a oposição ainda mais forte de grupos religiosos e também dos chamados grupos LGBT, que não aceitam a inserção do citado artigo.

Desse modo o PL 122 vem sendo cada vez mais rejeitado e suscitando sérias reflexões. Nossa opinião é que dito projeto de lei é inaceitável porque o seu texto é pouco lógico, ambíguo e suscita mais dúvidas do que certezas. Vamos analisar o que diz o texto de tal projeto, o que esse supõe, as dúvidas que suscita na hora da sua aplicação prática e quais poderiam ser as consequências da aprovação dessa lei na sociedade brasileira.

Em primeiro lugar parece evidente que o PL 122 parte de dois princípios. Supõe, por um lado, que há grande diversidade entre os comportamentos sexuais no nosso País. (“Para efeito desta Lei, o termo sexo refere-se à distinção entre homens e mulheres; orientação sexual, à heterossexualidade, homossexualidade ou bissexualidade; e identidade de gênero, à transexualidade e à travestilidade”, diz no art. 2). E, por outro lado, dito projeto leva implícito que, de fato, não há tanta diversidade na sociedade brasileira. Pois o espírito dessa lei dá a ideia de que há uma imensa maioria heterossexual que oprime a minoria homossexual no Brasil. Ou seja, por um lado, o projeto quer se basear na existência de grande distinção dentro do âmbito da sexualidade humana. E, ao mesmo tempo, supõe que há muito pouca diversidade no comportamento e no modo de pensar do povo brasileiro. Em outras palavras, tal projeto, assim como a Ideologia que o inspira, está inserido numa dialética que afirma, concomitantemente, duas coisas não somente diferentes, mas sim contraditórias.

Mas o PL 122 pode parecer ainda mais estranho se analisarmos detalhadamente partes do seu conteúdo. No primeiro artigo o projeto diz: “Esta Lei define crimes resultantes de preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero”. Ora, se é assim, essa lei poderia ser aplicada não somente contra quem comete crimes, por motivos de preconceitos, contra homossexuais, mas também contra heterossexuais, bissexuais, transexuais e travestis, homens ou mulheres. Ou seja, dita lei não pode ser considerada como uma lei que criminaliza a “homofobia”, mas sim toda expressão contrária à diversidade existente. Sendo assim, é compreensível que grande parte da comunidade LGBT é contrária a esse projeto.

Nos outros artigos, o PL 122 elenca o que, a partir de sua aprovação, passaria a ser considerado “crime”, com penas previstas entre um e três anos de reclusão: “Deixar de contratar ou nomear alguém ou dificultar sua contratação ou nomeação, quando atendidas as qualificações exigidas para o posto de trabalho, motivado por preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero”; “conferir tratamento diferenciado ao empregado ou servidor, motivado por preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero” (art. 4); “recusar ou impedir o acesso de alguém a estabelecimento comercial de qualquer natureza ou negar-lhe atendimento, motivado por preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero” (art. 5); “recusar ou impedir o acesso de alguém a repartição pública de qualquer natureza ou negar-lhe a prestação de serviço público motivado por preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero” (art. 6); “induzir alguém à prática de violência de qualquer natureza, motivado por preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero” (art. 7).

Não há como não considerar assustador o fato de que uma pessoa não querer contratar alguém, ou tratar de modo diferenciado alguém no ambiente de trabalho, ou atender mal um cliente num estabelecimento comercial ou público possa ser considerado um crime, punido com tanto tempo de prisão. E nesse ponto surgem algumas dúvidas: não seriam exageradas essas punições? Estamos dispostos a aceitar como “crime” tão grave algo que pode ser banal e ordinário?

Agora passemos a pensar nas manifestações práticas do que até aqui foi elencado como hipótese abstrata. Imaginemos o caso de um advogado ou de um contador que trabalha sozinho no seu escritório e começa a procurar alguém jovem para que possa trabalhar com ele. Suponhamos o caso de que esse empregador seja casado e que pretenda manter a fidelidade a sua esposa. Ele poderia pensar que fosse conveniente contratar uma pessoa do seu mesmo sexo, ao qual não sente nenhuma atração, simplesmente por não querer correr riscos, ao ter que passar oito horas por dia perto de uma jovem de 18 anos. Suponhamos que duas pessoas vão procurar esse emprego, um jovem e uma jovem. Se o empregador escolhesse o jovem, essa lei poderia dar àquela jovem a possibilidade de denunciar o empregador por “crimes resultantes de preconceito de sexo” e esse correria o risco de passar um bom período longe da sua família. Seria justa tal decisão judicial? Estamos dispostos a enviar essa pessoa a um dos presídios brasileiros? Uma pessoa não pode ter preferências na hora de contratar seus empregados? Ou deverá estar condenada a um medo constante da justiça?

Outra situação seria o caso de quem achar que não foi bem atendido num estabelecimento comercial. Com essa lei em vigor essa pessoa poderia denunciar aos vendedores ou aos donos daquele estabelecimento que sofreu preconceito devido a sua orientação sexual. Uns poderiam dizer que sofreram preconceitos porque são gays; outros porque não o são; uns porque são mulheres, outros porque são homens, uns porque são bissexuais, outros porque são transexuais etc. De fato, isso não seria absurdo, visto que todas as possibilidades estão contempladas em dita lei, que pretende combater todo tipo de preconceito por motivos “de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero”. Imaginemos quanto poderia crescer o trabalho da polícia e também o número de processos parados ou atrasados na justiça brasileira.

Pensemos outro caso hipotético: uma pessoa vai procurar emprego numa das dezenas de ONGs existentes no Brasil, que trabalham para ampliar os chamados direitos da comunidade LGBT. Se essa pessoa consegue o emprego e, com o tempo, percebe-se que essa não é um homossexual. Essa pessoa seria demitida? No caso que o fosse, poderia denunciar o empregador como “criminal”, devido ao fato de tê-lo demitido “por motivos de preconceitos contra sua orientação sexual”?

Os interrogativos surgidos dessa lei são muitos, muito mais do que as certezas. Levantemos outros ainda. A aprovação dessa lei obrigará a fechar os estabelecimentos próprios do chamado “turismo gay” (bares, hotéis, boates etc.) no nosso País, como negócios discriminatórios contra os heterossexuais? Se não, qual seria o motivo que justificaria tal posição?

Pensemos ainda outra possibilidade. Quando uma pessoa vai procurar um emprego. Com essa lei ativa, o empregador deverá perguntar ao interessado qual é seu “sexo, orientação ou identidade sexual”? Se o fizer, essa pessoa deveria responder tal pergunta? Evidentemente que não, pois isso faz parte da intimidade de cada pessoa, algo considerado inviolável pela nossa Constituição (art. 5, X).

O que essa lei nos leva a pensar é que para que alguém sofra preconceito a pessoa “preconceituosa” deve, por definição, viver e pensar de modo diverso de quem sofre o preconceito. Imaginemos a seguinte situação: alguém (homossexual ou não) começa a trabalhar e depois de algum tempo é demitido. Essa pessoa julga que o motivo foi um preconceito por parte do empregador e decide entrar na justiça contra o “preconceituoso”. O dito patrão, quando for convocado pela polícia ou pelo juiz deverá responder em algum momento à seguinte pergunta: “você demitiu essa pessoa por que ela é homossexual?” (ou heterossexual, ou transexual, ou bissexual etc. tudo está incluído no texto dessa lei). Se o empregador respondesse no juízo: “mas como posso ser preconceituoso, se sou homossexual como ele?” (ou heterossexual, ou transexual, ou bissexual etc.). Nesse caso parece óbvio que dito processo deveria ser encerrado, visto que é absurdo que alguém seja considerado preconceituoso consigo mesmo (ou com quem vive e pensa de modo igual a si mesmo). Nesse caso, poderiam os advogados ou os juízes investigar se de fato o acusado tem efetivamente o “sexo”, ou a “orientação sexual” ou a “identidade de gênero” que declarou ter naquele momento? Evidentemente não, eles não têm essa capacidade, uma vez que é inviolável a intimidade da pessoa e que a “orientação sexual” de cada pessoa é, segundo muitos, algo instável.

Na prática não existe um documento no nosso País que conste qual é a “orientação sexual” ou a “identidade de gênero” de cada pessoa, em base à qual essa possa ser julgada como preconceituosa. Alguém poderia pensar, então, que a solução para os problemas surgidos da aprovação do PL 122 seria adotar esse tipo de documento. Mas se alguém chegasse algum dia a exigir isso, além de violar a legítima intimidade de cada pessoa, cometeria uma nova contradição. Pois é um dogma perfeitamente assentado pelos defensores da Ideologia do Gênero (Gender) que “ninguém é 100% uma só coisa”, que ninguém possui uma identidade sexual permanente, pois essa é e sempre deve ser mudada. Evidentemente, há quem observe que os defensores de dita Ideologia não são nesse ponto muito coerentes, porque defendem, ao mesmo tempo, que todos os heterossexuais podem (ou devem) se tornar homossexuais, (o que vulgarmente chamam de “sair do armário”) e ao mesmo tempo um homossexual jamais pode voltar a ser heterossexual. Ou seja, a ideia de um documento que conste a “orientação sexual” ou a “identidade de gênero” seria um grande absurdo.

A questão jurídica séria que aparece aqui é o fato de que ninguém pode comprovar qual seja a orientação sexual de outra pessoa e, simultaneamente, ninguém é obrigado a declarar qual essa seja. E conhecer dita identidade, no caso de que exista, seria indispensável para que pudesse haver um juízo sério contra uma pessoa acusada de “preconceito”, em razão de “sexo, orientação sexual ou identidade de gênero”, como prevê esse projeto de lei. Isso é assim porque o Direito só pode julgar os atos externos das pessoas, realizados através do corpo, e não pode julgar alguém segundo suas intenções mais íntimas. O Direito não possui instrumentos para provar que uma pessoa agiu de determinado modo porque possui essa ou aquela intenção, essa ou aquela maneira de pensar, pois não pode (e nem deve) conhecer a intimidade das pessoas.

Tudo isso nos faz concluir que dita lei é pouco racional e absolutamente inútil. Irracional por causa dos princípios contraditórios dos quais parte, por causa da ambiguidade do seu texto (capaz de deixar perplexos até mesmo os líderes do movimento LGBT), porque exige do sistema judicial algo que esse não pode comprovar: o fato de que houve realmente um “preconceito”. Dita lei é inútil porque qualquer acusado poderia se defender alegando que não é preconceituoso porque pensa, no âmbito da sexualidade humana, do mesmo modo que pensa o acusador, algo que não pode ser comprovado por nenhum juiz humano.

E o caso do artigo sétimo de tal lei? Tem algum sentido? O texto diz: “induzir alguém à prática de violência de qualquer natureza, motivado por preconceito de sexo, orientação sexual ou identidade de gênero”. É difícil ver sentido nesse texto devido à sua ambiguidade, o que poderia causar graves injustiças. Em particular, o que significa “violência de qualquer natureza”? Segundo uma parte da filosofia contemporânea, de base nietzschiana, alguém que pretende dizer algo, considerado como “verdade”, comete já um ato de violência. Para esses filósofos ninguém pode afirmar de possuir a verdade, de modo que “dizer a verdade” é uma forma de violência contra quem não pensa de modo igual.

Evidentemente esses filósofos defendem como se fosse uma verdade absoluta o fato de que ninguém pode conhecer a verdade e demostram haver muito mais convicção de quem humildemente reconhece que a verdade é um bem social, que pode ser conhecida por quem a busca, sempre em modo parcial e gradual, e que essa pode ser descoberta através do diálogo. Mas o importante aqui é que se essa lei fosse aprovada os julgamentos passariam a depender da postura filosófica do juiz. Se “ato que induz a prática da violência” for considerado simplesmente o “dizer algo com valor de verdade”, isso poderia levar à prisão não somente quem pregasse contra o homossexualismo nos cultos religiosos, mas sim a qualquer pessoa que se expressasse contra uma conduta sexual diversa da sua. Se assim o fosse, dita lei deixaria de ser inútil e passaria a ser a base para todo tipo de arbitrariedade.

De modo que além de violar efetivamente a liberdade de expressão, essa lei poderia ser a base legal para todo tipo de injustiças. Além disso, uma lei que limita a liberdade de expressão é algo totalmente anacrônico, pois voltaria a institucionalizar a “censura” numa época em que cada um pode se expressar através de internet e de tantos meios de comunicação social.

Se essa lei fosse aprovada, sendo essencialmente irracional, não poderia ser considerada como uma lei, mas como a regulamentação estatal de uma injustiça. Toda lei deveria ser um ordenamento racional, instituída e promulgada pela autoridade competente em vistas ao bem comum da sociedade. Mas o PL 122 promoveria um mal comum, ou seja, a censura contra toda pessoa que se pronunciasse sobre como acha que se deve viver a sexualidade humana. Se assim o fosse, ocorreria uma consequência trágica: a população seria condenada ao silêncio nessas questões, ou pelo menos ao medo constante da prisão.

Por fim devo fazer uma confissão: essa lei me parece tão ilógica que chega a ser cômica. Talvez o leitor possa se lembrar do conto “O Alienista” de Machado de Assis. Naquele texto um médico, o grande cientista de uma pequena cidade brasileira, havia conquistado tanto a simpatia dos poderes políticos da mesma, que lhe foi outorgado o poder de prender no hospício por ele fundado (a Casa Verde) todos os que ele julgasse loucos. Durante o conto, vemos que várias pessoas ingressam e saem do hospício segundo muda a ideia de “saúde mental” daquele sábio cientista. Pouco antes do final do conto, aquele curioso personagem conseguiu a proeza de meter naquela prisão toda a população daquela cidade. Então, depois de refletir um pouco mais, aquele médico concluiu que todos na cidade estavam, na verdade, sadios e somente ele era realmente louco. De modo semelhante, o PL 122 pode dar motivos às autoridades civis de fazer com que um grande número de brasileiros passe uma temporada na prisão (que certamente não será tão agradável como era a Casa Verde machadiana) ou pode, simplesmente, não servir para absolutamente nada.

De modo que essa lei conseguiu por de acordo todo o mundo: homossexuais e heterossexuais; católicos, evangélicos e ateus; “homófobos”, “homomaníacos” e toda a maioria do povo brasileiro que ainda conserva sua saúde mental. Todos pedimos aos nossos respeitáveis senadores e deputados o abandono integral de dito projeto de lei (e outros semelhantes). O motivo principal desse pedido é que essa lei antes de ser um atentado contra a liberdade de expressão é um atentado contra a nossa razão. Queremos pedir e encorajar os nobres representantes do povo brasileiro que se empenhem com coragem e inteligência na elaboração de leis que, efetivamente, sejam ordenamentos racionais que sirvam ao bem comum da nossa sociedade, mais do que na elaboração de projetos injustos e ideológicos.

Escrito em Roma em 12/12/2011
Anderson Machado Alves
Doutorando em filosofia na Pontifícia Universidade da Santa Cruz, em Roma.

O aborto e a sacralidade da vida - Prof. Dr. Ivanaldo Santos

REVISITANDO A RELAÇÃO ENTRE A SACRALIDADE DA VIDA E O ABORTO
(Reviewing the relationship between sacredness of life and abortion)

RESUMO

O objetivo desse artigo é realizar uma revisitação, ou seja, uma tentativa de construir um diálogo entre o princípio da sacralidade da vida e o aborto. São apresentados quatro motivos para realizar esse diálogo. O primeiro é o fato de constantemente o cristianismo e especialmente a Igreja Católica ser acusada de ter criado o princípio da sacralidade da vida. O segundo é o fato de que fundações multibilionárias planejam impor o aborto ao mundo até o ano de 2025. O terceiro é que em muitos países o aborto foi legalizado por meio de medida judicial. O quarto é o fato de o Estado possuir uma taxa de nascimentos ideal. Após essa apresentação, são construídas três reflexões sobre o tema. A primeira é que o princípio da sacralidade da vida não é uma construção ou invenção da Igreja Católica. A segunda é a dimensão da dignidade humana dentro das atuais pré-ocupações do Estado. A terceira é a crise do indivíduo.Por fim, afirma-se que a vida continua sendo um mistério para o ser humano. E este mistério carrega, em seu ventre, grande parcela do sagrado. A atual ideologia que propaga o aborto, como forma terapêutica do homem resolver seus problemas, não passa de pura alienação que nega a sacralidade da vida e, em seu lugar, deixa apenas um homem descarnado de sua própria dignidade.

Palavras-chave: sacralidade, vida e aborto.

ABSTRACT

The aim of this paper is conducting a review, that is, an attempt to build a dialogue between the principle of the life sacredness and abortion. They are presented four reasons for such a dialogue. The first is the fact that the constantly Christianity and especially the Catholic Church is accused of having established the principle of the sacredness of life. The second is that multibillionaire organizations plan imposes abortion to the world by the year 2025. The third is that in many countries abortion was legalized by judicial measure. The fourth is the fact the state has an ideal birth rate. After the presentation are built three observations on the subject. The first is that the principle of the sacredness of life is not an invention or construction of the Catholic Church. The second is the dimension of human dignity within the current concerns of state. The third is the crisis of the individual. Finally, it is said that life remains a mystery to humans. And this mystery carries in her womb large part of the sacred. The current ideology that has propagated abortion as a therapeutic form of man to solve his problems is nothing more than pure alienation that denies the sacredness of life and in his place let inhuman man only of his own dignity.

Keywords: Sacredness, Life and Abortion

INTRODUÇÃO

O aborto é um dos temas que está no centro das discussões éticas, teológicas, políticas e jurídicas. De um lado, tem-se a Igreja e entidades de direitos humanos que lutam pela dignidade da vida e, por conseguinte, para garantir o direito do nascituro. Do outro lado, tem-se uma série de organizações, grupos de pressão política e posições ideológicas que, nem sempre tendo consciência do teor da discussão, defendem a legalização do aborto. Dentro dessa discussão emerge, entre outros, o argumento que a sociedade
contemporânea é secular e leiga, logo é uma sociedade que abandonou ou rejeitou o princípio da sacralidade da vida. E, sem esse princípio, é possível se pensar na legalização da prática abortiva.

É por causa dessa discussão que o objetivo desse artigo é realizar uma revisitação, ou seja, uma tentativa de construir um diálogo entre o princípio da sacralidade da vida e o aborto. Para isso, são apresentados quatro motivos para realizar esse diálogo. O primeiro é o fato de constantemente o cristianismo e especialmente a Igreja Católica ser acusada de ter criado o princípio da sacralidade da vida. O segundo é o fato de que
fundações multibilionárias planejam impor o aborto ao mundo até o ano de 2025. O terceiro é que em muitos países o aborto foi legalizado por meio de medida judicial. O quarto e último é o fato de o Estado possuir uma taxa de nascimentos ideal. Após essa apresentação, são construídas três reflexões sobre o tema. A primeira é que o princípio da sacralidade da vida não é uma construção ou invenção da Igreja Católica. A segunda é a dimensão da dignidade humana dentro das atuais preocupações do Estado. A terceira e última é a crise do indivíduo. Por fim, afirma-se que a vida continua sendo um mistério para o ser humano. E este mistério carrega, em seu ventre, grande parcela do sagrado. A atual ideologia que propaga o aborto, como forma terapêutica do homem resolver seus problemas, não passa de pura alienação que nega a sacralidade da vida e, em seu lugar, deixa apenas um homem descarnado de sua própria dignidade.

1. O PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA

Durante muitos séculos a vida social no Ocidente desfrutou de certa tranquilidade ética.

E essa tranquilidade foi produzida, em grande parte, pelo princípio da sacralidade da vida. De acordo com Brustolin, este princípio afirma que a vida é propriedade de Deus e, por isso, o ser humano é um mero administrador (2006, p. 446). O princípio da sacralidade da vida vê a vida como um presente de Deus ao ser humano e que este não dispõe absolutamente da vida, mas deve preservá-la, resguardá-la desde a concepção até a morte natural.

O Papa João Paulo II, na encíclica Evangelium Vitae – que será citada por meio da sigla EV – apresenta, com grande fundamentação filosófica e teológica, o princípio da sacralidade da vida. Para ele, a vida humana é uma realidade sagrada (EV, n. 2.22), pois desde a sua origem, supõe a ação criadora de Deus e mantém-se para sempre numa relação especial com o criador, seu único fim (EV, n. 53). Por isso, a vida humana é inviolável em cada momento da sua existência, inclusive na fase inicial que precede o nascimento (EV, n. 40.61.71). Entretanto, a dignidade da vida humana não está ligada apenas às origens, à sua proveniência de Deus, mas também ao seu fim, ao seu destino de comunhão com Deus no conhecimento e no amor dele (EV, n. 38).

A partir do século XVIII, o princípio da sacralidade da vida começa a ser questionado no Ocidente. Esse questionamento se deu principalmente por meio do movimento filosófico conhecido como Iluminismo, o qual colocava a razão como centro da vida humana; e todas as demais questões (arte, poesia, vida religiosa, etc.) seriam periféricas.

A centralização da razão conduziu o homem a aprimorar a ciência moderna e a dominar a natureza. Entretanto, a razão produzida pelo Iluminismo trouxe uma série de consequências negativas. Sobre essas consequências Zilles (2007) afirma: Nos últimos séculos, o homem apostou no cultivo sem limites da racionalidade e objetividade científicas para desenvolvimento da tecnociência e assenhorar-se da natureza. Desvendou os segredos do genoma humano, capacitandose para manipular o código do princípio genoma. Assumiu a dialética do senhor e do escravo, reduzindo seu ser à razão instrumental para dominar o mundo. Esqueceu que ele mesmo não é apenas razão e que sua razão não é apenas instrumental, pois também é coração, sentimento e emoção. (ZILLES, 2007, p. 338).

No século XIX, o que antes era uma extravagância de filósofos passou a ser uma postura adotada pela elite econômica e cultural. Com isso, a razão produzida pelo iluminismo se tornou quase que a única forma do homem ocidental formular seus pensamentos. A consequência desse processo é que o questionamento sobre o princípio da sacralidade da vida aumentou e tornou-se uma política oficial da elite dirigente do Ocidente. Já no século XX, especialmente na segunda metade desse século, as diversas facções que compõem a classe média incorporaram em seu estilo de vida a razão produzida pelo Iluminismo e, por conseguinte, o questionamento sobre o princípio da sacralidade da vida tornou-se quase um lugar comum na sociedade ocidental. Nedel afirma que a partir da década de 1970 o princípio da sacralidade da vida perde consenso e que, por isso, [...] viu-se que era possível propor outras cosmovisões (2000, p. 38-39). É por causa dessa possibilidade que se torna necessário revisitar a relação entre o princípio da sacralidade da vida e o aborto.

2. REVISITANTO A RELAÇÃO ENTRE O PRINCÍPIO DA SACRALIDADE DA VIDA E O ABORTO

Atualmente, o princípio da sacralidade da vida é questionado em diversos ambientes sociais, como, por exemplo, na mídia, na escola, na universidade e demais centros de ensino superior, no direito, na medicina, na ciência, na tecnologia e até mesmo em ambientes religiosos. Com frequência afirma-se que este princípio está ligado apenas a uma interdição puritana cristã (ROCHA, 1998, p. 167) ou simplesmente a preconceitos religiosos (GOMES; MENESES, 2008, p. 7).

Constantemente, afirma-se que a sociedade racional construída pelo Iluminismo é secular, e até mesmo pós-religiosa. Que Deus é apenas um mito ou um folclore primitivo construído pelo ser humano. Dessa forma, qualquer prática ou princípio religioso não passa de comportamento social primitivo ou alguma forma de saudosismo da vida social anterior ao advento da racionalidade instrumental. Como bem salienta
Brustolin, a secularização fez com que a vida deixasse de ser concebida como sagrada e intocável (2006, p. 446).

A consequência da secularização e, por conseguinte, do fato da vida ter deixado de ser concebida como sagrada é que a percepção da dignidade sagrada da vida foi excluída, exilando no plano da subjetividade, as concepções sacrais sobre o direito de nascer, de viver e de morrer (BRUSTOLIN, 2006, p. 445). Com isso, está aberto o caminho para a aceitação e a prática do aborto. Como afirma Mori: Quem [...] abandona o princípio da sacralidade da vida pode defender a liceidade do aborto, pelo menos por princípio (1997, p. 83). Chega-se ao ponto de se construir uma relação entre aborto e qualidade de vida (ROCHA, 19988, p. 165-166), onde o aborto é posto como um fator determinante da qualidade de vida da sociedade contemporânea.

Discutir a relação entre sacralidade da vida e o aborto é visto atualmente como uma reminiscência, uma lembrança saudosa da sociedade pré-iluminista e pré-razão instrumental. Dentro do século XXI – um século dominado pela tecnociência – onde é possível comprar remédios que provocam o aborto até mesmo na internet, o indivíduo que desejar discutir essa relação é visto como fora de moda, iletrado e desinformado.

Com relação ao fato de ser possível comprar pela internet remédios que provocam o aborto, a jornalista Adriana Dias Lopes, em reportagem intitulada Aborto on-line (Veja, 06/08/2008), afirma que, por exemplo, a ONG da Holanda Women on web vende um coquetel abortivo conhecido como aborto medicinal livremente para 70 países no mundo, incluindo o Brasil, por 70 euros. As restrições legais, penais e morais contra o aborto são sumariamente ignoradas tanto pela ONG holandesa como também pelos internautas interessados em adquirir de forma rápida o quite de 7 compridos que compõe o chamado aborto terapêutico ou medicinal.

Entretanto, são apontados quatro motivos para se discutir a relação entre sacralidade da vida e o aborto: O primeiro motivo é o fato de constantemente o cristianismo e especialmente a Igreja Católica ser acusada de ter criado o princípio da sacralidade da vida. Pesquisadores, como, por exemplo, Gomes e Menezes (2008), Duarte e Giumbelli (1994) reiteram que foram os cristãos e sua respectiva moral que criaram esse princípio. Ele foi criado como forma de haver uma diferenciação entre os cristãos e a sociedade pagã. Em última
instância este princípio foi desenvolvido pela Igreja durante a Idade Média, como forma de fortalecer e consolidar seu poder temporal. Como a Idade Média é uma época histórica, que sofre certo grau de preconceito dentro dos círculos de intelectuais no Ocidente, a consequência é que passa a existir uma tendência de rejeitar esse princípio como uma derivação da cultura que – na visão da razão instrumental – era baseada no misticismo, no atraso tecnológico, na superstição e na irracionalidade. Entretanto, é preciso questionar: realmente foram os cristãos os criadores do princípio da sacralidade da vida? Esse princípio realmente está associado à cultura medieval?

O segundo é o fato de que fundações multibilionárias, como, por exemplo, Rockefeller, Ford, MacArthur, Carnegie, Bill & Mellinda Gates e a Federação Internacional de Planejamento Familiar (IPPF por sua sigla em inglês: International Planned Parenthood Federation) planejam impor o aborto ao mundo até o ano de 2025. Fala-se atualmente de democracia cultural e de respeito às diferenças culturais. Entretanto, quando se trata do aborto parece que não existe democracia cultural e respeito às diferenças culturais, pois se deseja e planeja-se legalizar o aborto no mundo inteiro até 2025, sem levar em conta qualquer diferença cultural. Há uma grande contradição: falase em respeito às diferenças, mas diante do aborto não há diferenças. É como se
vivêssemos em um mundo planificado pela razão instrumental. Deve-se aceitar o aborto porque é um ato racional, terapêutico e pragmático. As diversas populações contrárias ao aborto são vistas simplesmente como primitivas, conservadoras e, acima de tudo, presas ao superado princípio da sacralidade da vida.

O terceiro motivo é que em muitos países, como por exemplo, os EUA, a Colômbia e a Turquia, o aborto foi legalizado por meio de medida judicial. Apesar da maioria esmagadora da população desses países serem contrárias ao aborto, ele foi legalizado por meio de uma intervenção do poder judiciário.

A sociedade não é democrática? Então, porque a população desses países não foi consultada? Parece que quando se trata do aborto existe uma limitação dentro da democracia. A sociedade é democrática menos para a questão do aborto. Este assunto é um privilégio para especialistas, ativistas e militantes de algum movimento pró-aborto. O resto da população é vista como pessoas atrasadas, presas a alguma moral pré-iluminista e pré-racional, especialmente ao princípio da sacralidade da vida.

O quarto e último motivo é o fato do Estado ter uma taxa de nascimentos arbitrada como ideal (ROCHA, 1998, p. 153-154). Um fato bastante conhecido, mas muito questionado, é a jurisprudência do Estado na vida social e individual. Na sociedade moderna, o Estado administra os bens coletivos (saúde, educação, previdência social, etc.) e orienta a vida individual. Entretanto, em muitos setores essa orientação chega ao
nível do controle físico e até mesmo do controle da mente. Ele termina sendo quase que um ente político absoluto, inquestionável, todo poderoso. Uma espécie de deus da sociedade moderna, que tudo pode e tudo controla. Nessa perspectiva, a taxa de Natalidade também é controlada pelo Estado. Ele decide quem nasce e quem não vai nascer.

Para poder exerce de forma mais eficiente e rápida seu poder de decidir quem nasce e quem não vai nascer, o Estado apresenta-se à sociedade como sendo secular, racional e desvencilhado de doutrinas religiosas. Ele afirma que o princípio da sacralidade da vida está ligado apenas a crenças religiosas e que especificamente no tocante ao aborto a sociedade leiga e secular pode legalizá-lo, incentivá-lo e praticá-lo livremente sem qualquer constrangimento de ordem moral, pois a moral que, de alguma forma, aponta a dimensão antiética do aborto é apenas uma reminiscência do princípio da sacralidade da vida. Entretanto, questiona-se: de fato esse discurso do Estado é correto? Ou estamos diante de um discurso autoritário que tem por objetivo impor à população algo que, em si mesmo, é antiético e que trará sérios problemas à vida social e individual?

Não é intenção desse pequeno artigo dar uma resposta definitiva para os questionamentos que surgiram com a apresentação dos quatro motivos apontados anteriormente. Todavia, pensa-se que é possível construir uma reflexão sobre os mesmos. Essa reflexão será edificada por meio de um processo de revisitação, ou seja, uma tentativa de construir um diálogo entre a sacralidade da vida e o aborto. Essa tentativa será apresentada por meio de três reflexões.

A primeira reflexão é que o princípio da sacralidade da vida não é uma construção ou invenção da Igreja Católica. Muito menos um princípio que surgiu na Idade Média. Este princípio surgiu na antiguidade grega, muito antes do advento do cristianismo. Sobre essa questão, Rocha (1998), esclarece: A noção de sacralidade provém da tradição grega. Esta resultou da observação contemplativa do Universo. Maravilhado com a constatação da complexidade dos mecanismos de que dispõem os seres vivos e a eficiência com que desempenham suas funções, e ainda tocados pelo sentimento estético de beleza que eles despertam, os pensadores inferiram que a vida é sagrada. Daí decorre a proibição de tirar a vida, por ser moralmente errado. (ROCHA, 1998, p. 161).

O princípio da sacralidade da vida e, por conseguinte, o imperativo ético que afirma Não abortarás é anterior ao cristianismo e está presente em quase todas as manifestações religiosas presentes na humanidade. Este mesmo princípio e o respectivo imperativo ético se encontram, por exemplo, no budismo, no espiritismo, no taoísmo, nas religiões tribais e animistas.

A tentativa de associar à crítica a prática, difusão e legalização do aborto apenas a perspectiva cristã da sacralidade da vida tem um duplo objetivo. De um lado, essa postura funciona como um álibi, uma desculpa, para esconder diversos e poderosos interesses econômicos e políticos que estão por trás da discussão atual em torno da legalização do aborto, como por exemplo, o interesse de eliminar grupos sociais classificados como indesejados (pobres, habitantes do terceiro mundo, etc.) e de estabelecer uma nova eugenia, criando com isso alguma raça ou tipo humano considerado perfeito.

Do outro lado, é uma forma da elite econômica e intelectual da sociedade contemporânea apresentar, sem grandes constrangimentos éticos, seu preconceito contra toda forma de organização religiosa e especialmente o cristianismo. No atual modelo de sociedade, a religião emerge como sendo a grande estrutura social que sofre preconceito social. Atualmente o indivíduo que professar uma fé religiosa poderá sofrer algum tipo de constrangimento social. Nesse contexto, o discurso que afirma defender o nascituro, o bebê ainda no ventre da mãe, é de origem religiosa, é um discurso que tenta eliminar da vida social a participação da religião.

Além disso, a questão do aborto não é uma questão puramente religiosa. Reduzir a discussão, em torno do aborto, apenas a dimensão religiosa é reduzir drasticamente um problema que é da humanidade, incluindo as pessoas ou grupos sociais que não possuem uma religião definida. Sobre essa questão, Zilles (1990) ressalta:
A questão do aborto não é, e nunca foi apenas uma questão religiosa, senão na medida em que é questão humana e da natureza humana. Para repudiar a prática e a despenalização do aborto não necessariamente se tem que apelar a princípios religiosos. É uma postura que, no mínimo, goza da mesma plausibilidade racional que a posição contrária. (ZILLES, 1990, p. 307).

É preciso ter consciência de que a perspectiva da sacralidade da vida não está necessariamente vinculada a uma cosmovisão religiosa (NEDEL, 2000, p. 36) e que é possível falar de uma sacralidade da vida sem referir-se ao contexto religioso-sacral antigo [...]. Existe uma sacralidade leiga que aparece, por exemplo, no movimento ecológico (JUNGES, 1999, p. 115).

Um pequeno, mais significativo, exemplo da sacralidade leiga da vida é o livro Ontologia da realidade do biólogo Humberto Maturana. Neste livro Maturana defende a tese de que a origem do ser humano (Homo Sapiens) não se deu por competição, como afirmam as teorias evolucionistas tradicionais, mas por cooperação. A espécie humana é por natureza uma espécie que necessita, busca e procura a cooperação. Por isso, os indivíduos dessa espécie tendem a preservar a vida contra todas as ameaças.

A segunda reflexão é a dimensão da dignidade humana dentro das atuais preocupações do Estado. Atualmente, ele tem uma grande agenda a cumprir que vai desde a preservação de espécies animais em extinção, passando pela organização da vida social até o crescimento da economia. Apesar de o Estado moderno ser secular, desvencilhado de doutrinas religiosas e, por conseguinte, não é orientado pelo princípio clássico da sacralidade da vida, ele é orientado pelo princípio leigo, ou seja, não religioso, da sacralidade da vida. Um exemplo disso é que ele desenvolve importantes políticas e ações para proteger e salvar espécies animais em extinção. Inclusive Bobbio (1992) ressalta que atualmente o ser humano vive a era dos direitos, onde o Estado deve estar sempre alerta para atender as diversas demandas que emanam dos cidadãos. Por sua vez Castro (2008) demonstra que a dignidade da pessoa humana é o fundamento do Estado democrático de direito.

Apesar da discussão otimista apresentada por Bobbio (1992) e Castro (2008) parece que há uma categoria humana que não é contemplada com a era dos direitos e com o Estado democrático de direito. Essa categoria é justamente os não nascidos, ou seja, o bebê ainda no ventre da mãe. Vive-se uma grande contradição. De um lado, o Estado é o grande promotor da democracia, da igualdade e dos direitos sociais. Do outro lado, a vida nascedoura é sumarimente negligenciada. O feto, o não nascido, é o grande excluído. Ele não consta de nenhum projeto oficial do Estado, não há políticas públicas específicas e muito menos alguma legislação que garanta seus direitos e sua dignidade humana. Para a vida nascedoura a única alternativa que o Estado disponibiliza é o infanticídio por meio do aborto.

Todavia, é preciso perceber que essa contradição pode mudar. Apesar do atual modelo de Estado ser dominado por uma política anti-vida, o próprio Estado pode se utilizar do princípio secular ou leigo da sacralidade da vida e implementar políticas e ações que garantam realmente os direitos dos não nascidos, do bebê ainda no ventre da mãe. Para isso, ele já dispõe de toda uma rede hospitalar e social, da experiência em atividades estratégicas delicadas, como por exemplo, a preservação de espécies animais em extinção. Toda essa estrutura e experiência podem estar a serviço da dignidade dos não nascidos e, por conseguinte, de toda a humanidade. Visto que só há humanidade se antes houver os não nascidos, o bebê ainda no ventre da mãe.

A terceira e última reflexão é a crise do indivíduo. O indivíduo humano não é apenas uma estrutura biológica. Ele é uma complexa rede formada, entre outras coisas, pela linguagem, pelo trabalho, pela religião, pelas tradições e relações culturais. Entretanto, atualmente toda essa complexa rede é menosprezada. O homem contemporâneo é um ser pobre, reduzido quase que unicamente a tecnociência. Na ânsia de ser racional, secular e pós-religioso, o homem contemporâneo está gradativamente esquecendo a essência e o valor da vida.

Mas nem tudo está perdido. Há um retorno – mesmo que de forma tímida – a consciência do sagrado em relação à vida, questionando radicalmente a atitude do homem da tecnociência em relação à natureza (ZILLES, 2007, p. 341). Esse questionamento abre espaço para o ser humano voltar a ter consciência de que a vida é o bem fundamental e básico em relação aos demais bens e valores da pessoa (BRUSTOLIN,
2006, p. 445).

E à medida que o ser humano voltar a ter consciência de que a vida é o bem fundamental, sem o qual nenhum outro bem ou valor é possível, então deixará de existir a dicotomia entre o princípio da sacralidade da vida e os valores sociais contemporâneos. É preciso ter consciência de que a sacralidade e a qualidade da vida não devem ser vistas como mutuamente excludentes (NEDEL, 2000, p. 41) e que a valorização da vida supõe atenção à sacralidade e à qualidade da vida das pessoas (BRUSTOLIN, 2006, p. 447).

CONCLUSÃO

Dentro das atuais estruturas sociais é possível pensar uma relação entre sacralidade e a vida humana. Mesmo que essa sacralidade seja secular ou leiga como é o caso da sacralidade presente no movimento ecológico. Além disso, a sacralidade clássica, oriunda do pensamento filosófico grego e da religião, não está superada ou descartada.

Ela ajudou a construir as bases culturais e éticas do Ocidente e, atualmente, pode contribuir decisivamente para que o ser humano recupere a dimensão da amplitude da existência e da dignidade humana.

Essa recuperação é fundamental para que novamente o homem possa ter consciência de que o aborto não é um ato racional, terapêutico ou fruto de algum processo de aperfeiçoamento social, mas é apenas – e somente isso – um ato violento onde sempre morre alguém (ZILLES, 1990, p. 303). E o indivíduo que morre é justamente o ser mais frágil e indefeso, o bebê ainda no ventre da mãe.

Por fim, é preciso afirmar que, apesar de todo o domínio da vida social, instaurado pela racionalidade instrumental e de toda negação do sagrado que este domínio acarretou, é preciso ver que a própria razão não foi capaz de construir a vida. O que a razão faz é comentar e, quando possível, construir algum tipo de tecnologia que possibilita ao ser humano prolongar a vida. A vida continua sendo um mistério para o ser humano. E este mistério carrega em seu ventre grande parcela do sagrado. A atual ideologia que propaga o aborto como forma terapêutica do homem resolver seus problemas não passa de pura alienação que nega a sacralidade da vida e em seu lugar deixa apenas um homem descarnado de sua própria dignidade.

AUTOR

Professor Dr. Ivanaldo Santos
Doutor em estudos da linguagem pela UFRN
Professor do Departamento de Filosofia e do
Programa de Pós-Graduação da UERN.
E-mail: ivanaldosantos@yahoo.com.br.

BIBLIOGRAFIA

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ZILLES, Urbano. A sacralidade da vida. In: Teocomunicação, Porto Alegre, v. 37, n. 157, set, 2007, p. 337-351.

GOMES, Edlaine de Campos; MENEZES, Rachel Aisengart. Aborto e eutanásia: dilemas contemporâneos sobre os limites da vida. In: Physis, Revista de Saúde Coletiva, v. 18, n. 1, 2008, p. 1-13.

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NEDEL, José. Ponderações sobre sacralidade e qualidade da vida. In: Cultura e Fé, Ano 23, out/dez, 2000, p. 34-43.

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MATURANA, Humberto. Ontologia da realidade. Belo Horizonte: EDUFMG, 1997.

JUNGES, José Roque. Bioética. Perspectivas e desafios. São Leopoldo: UNISINOS, 1999.

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Artigo recebido em 20/06/2011 - Artigo aprovado em 15/07/2011 - Publicado na Revista Eletrônica Espaço Teológico ISSN 2177-952X. Vol. 5, n. 8, jul/dez, 2011, p. 17-25 http://revistas.pucsp.br/index.php/reveleteo

Deputado Jean Wyllys fica bravo com discurso do Papa Bento XVI

Casamento gay: Jean Wyllys associa Bento XVI ao nazismo e o chama de genocida

Um dos principais defensores da causa LGBT na Câmara, o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ) não gostou das declarações do Papa Bento XVI. O pontífice da Igreja Católica disse que o casamento gay é uma ameaça e coloca em xeque "o próprio futuro da humanidade".

Nazismo e pedofilia

Indignado, Wyllys abriu fogo contra Bento XVI e relembrou as máculas do pontífice. "O papa suspeito e acusado de ser simpático ao nazismo disse que o casamento civil igualitário é uma ameaça à humanidade. Ameaça ao futuro da humanidade são o fascismo, as guerras religiosas, a pedofilia e os abusos sexuais praticados por membros da Igreja e acobertados por ele mesmo", atacou o parlamentar.

Genocida

O deputado foi ainda mais longe e chegou a classificar Bento XVI como "genocida em potencial". "Espero que os estados laicos do Ocidente não cedam à pressão desse genocida em potencial".

Fonte: Jornal do Brasil.

Ui! Parece que o deputado - que é simpatizante de Che Guevara, esse sim um criminoso de fato - subiu nas tamancas. Nobre deputado, precisamos ser mais tolerantes com a opinião alheia! Precisamos parar de viver nesse mundo medieval onde a ideia de alguns poucos - os homossexuais não correspondem nem a 10% da população brasileira - é imposta tiranicamente sobre toda uma sociedade. Precisamos superar essa mentalidade oligárquica da opinião.

Democracia, deputado! E não falte com a verdade, por favor! Diga, no mesmo plenário onde caluniou o pontífice, que os casos de pedofilia no clero são uma minoria quando comparados com casos de pedofilia entre membros da própria família. Afirme, pois é verdade, que mais de 90% dos casos de abusos sexuais envolvendo padres católicos, envolviam padres católicos homossexuais. Sim, nobre deputado, faltou essa parcela da informação.

Os mesmos homossexuais que Vossa Excelência diz representar são responsáveis por 90% dos abusos (entre os clérigos que abusaram de crianças).

Vossa excelência, que pertence a um partido de esquerda, deveria ser coerente historicamente. Nenhum outro regime matou mais homossexuais que o regime vermelho que o senhor apóia! Rússia, China e Cuba - a de Castro e Che - mandaram tantos gays para o "paredon" que isso sim poderia ser classificado como genocídio.

O Papa apenas afirmou o que a ciência já constatou: dois machos ou duas fêmeas são incapazes de produzir vida. Discorda, excelência? Por favor, usemos de argumentos científicos e não aqueles baseados na fé - porque acreditar que dois homens/duas mulheres podem produzir vida é crer no impossível!

Mas creio que esse tipo de reação, enraivecida e irracional, é típica dos membros do socio-comunismo. Ainda sim, nobre e ilustríssimo deputado, não seja arauto de uma cultura de ódio. O senhor é melhor do que isso!

Postado por Danilo Augusto

domingo, 8 de janeiro de 2012

"Rir é um santo remédio", o stand up comedy católico.

Show de humor cai nas graças de jovens católicos, sem palavrões nem sexo


A cena é conhecida. Um cara em pé no palco tenta arrancar risos da plateia. Seria apenas mais um monólogo humorístico não fossem alguns detalhes: a apresentação acontece na Paróquia de São Tiago, em Inhaúma, e o repertório de “piadas santas” versa apenas sobre o cotidiano da Igreja.


No stand up comedy católico, palavrões são como heresia.


No palco, Fábio Borges usa o humor — em versão light — para evangelizar, fazendo graça com hábitos cristãos como o de se benzer ao passar em frente a igrejas ou com erros cometidos por beatas ao rezar a “Ave Maria”. Tudo baseado em fatos reais.


— Algumas pessoas fazem “em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo” até em frente à Biblioteca Nacional, pensando que é igreja — ressalta Fábio, emendando com outra piada. — Tinha uma senhorinha que sempre rezava "Ave Maria, cheia de graça, bendita suas avós entre as mulheres..."

Ela orava por todas as gerações de Nossa Senhora.


Pode não fazer sentido para fãs de stand up acostumados às piadas ácidas que caracterizam o gênero. Mas as cem pessoas da plateia, adolescentes e crianças em sua maioria, riram sem parar. Tem sido assim desde que Fábio, um dentista de 30 anos, passou a se apresentar, inicialmente, para amigos num play na Tijuca. Com seus vídeos no YouTube, ele passou a ser convidado para shows em paróquias, casamentos e até na vigília da Jornada Mundial da Juventude, que reuniu mais de sete mil católicos no Maracanãzinho.


A repercussão foi tamanha que ele chamou atenção de Dom Orani Tempesta. O arcebispo do Rio de Janeiro mandou um email a Fábio desejando "que possa sempre mais Deus conceder os dons necessários para fazer de sua arte uma mensagem de salvação para todos". O novo comediante entendeu o recado e se matriculou no curso de stand up comedy da CAL, orientado pelo comediante Fábio Porchat. Em seguida, montou o show "Rir é um santo remédio", que tem quase uma hora de duração.


— O Porchat achou estranho quando eu disse que fazia stand up católico, mas me deu a maior força e uns toques importantes sobre o timing das piadas — conta Fábio. — Uma vez, a mãe de um menino de 16 anos veio me agradecer, chorando, porque o filho dela, que estava na fase da revolta, quis permanecer até o fim de um encontro católico depois que viu minha apresentação. Muitos jovens vêm me perguntar no Facebook como fazer algo parecido.


Robinho Silva tem a receita. Locutor de uma rádio católica em São Bernardo do Campo, ele lançou recentemente o livreto "Evangelizar com stand up e muito humor". Um dos pioneiros na modalidade, agora ele organiza um festival de stand up católico com inscrições pelo site www.santohumor comedia.blogspot.com.br. Seu show inclui um pot-pourri com paródias de refrãos como "O jeito é dar uma fugidinha com você", além de axés, tocados por uma banda de apoio.


— Eu era vocalista de uma banda de axé católico. Para louvar Jesus só não pode rebolar. Mas a oração não precisa ser algo triste — diz ele, por telefone, alternando imitações de Silvio Santos, Pelé, Lula e Maria Bethânia, entre outros. — Conheci o Fábio Borges pelo Facebook, e estamos tentando trazer mais jovens para essa iniciativa. Dou auxílio aos candidatos do festival para que o texto tenha não só humor, mas uma mensagem de evangelização.


A estudante de Engenharia Civil Carolina Gambati, de 19 anos, aprovou o show de Fábio Borges:

— Achei muito engraçado! Tentei filmar, mas a gravação ficou tremida, porque não conseguia parar de rir.


sábado, 7 de janeiro de 2012

O profeta que falhou

Em 1517, o monge agostiniano, Martinho Lutero, se indignou com o pecado dos membros da Igreja.


E sem saber separar, a Igreja de Cristo, do povo de Deus, por ter uma visão errada de Igreja a confunde com assembléia. Deus, em sua infinita misericórdia, sempre envia e suscita do meio do povo, um profeta, que ajuda o povo a voltar-se para Deus.


A caminhar junto com o povo e ser como uma seta, um sinal que conduz a Deus. Foi assim que encontramos nas páginas das Sagradas Escrituras, nomes como Moises, Josué, Jeremias, Isaías, Jonas, Daniel e tantos outros homens que reconduziram o rebanho de Deus, de volta ao seu Senhor.


Após Jesus, e o nascimento da Igreja, Deus, não cessou de nos enviar profetas. Profetas que muitas vezes pagaram com suas próprias vidas, a iniciar pelo primeiro Papa. São Pedro, e seus irmãos apóstolos, não deixaram de apontar para Deus e se fizeram de tudo para que a Igreja de Deus, crescesse e desse muitos frutos.


Assim, sucessivamente, muitos santos e santas, assumiram este papel, como São Bento, Santo Antão, Santo Agostinho, São Tomaz de Aquino, Santa Escolástica, Santa Clara e São Francisco, Santa Tereza de Calcutá, São João Paulo II... São tantos, que já são incontáveis.


Mas houveram pessoas que sabiam que não eram profetas, que conheciam suas próprias realidades, mas por ganância, prestigio, arrogância ou apenas rebeldia, tomavam em suas mãos cajados verdadeiros, mas que pregavam palavras falsas, que levavam as criaturas não a adorar o Criador, mas a adorar a criatura.


Mas, o que se passou com este personagem tão “importante” da história? Lutero... poderia ter sido um Santo, porém, preferiu a criatura ao criador. Mas as Sagradas Escrituras, relatam este mesmo acontecimento na época dos Apóstolos, e São João Evangelista, nos diz:


“Eles saíram dentre nós mas não eram dos nossos. Se fossem dos nossos, teriam permanecido conosco. Assim se vê que nem todos são dos nossos.” (1 Jo 2,19)


Lutero, Batizado, Crismado, Ordenado, chamado a ser profeta e anunciar a Deus, desistiu de sua vocação e passou a anunciar a si mesmo. Dando início a um processo que cada vez mais, distancia estes que ele separou da Igreja, de Deus.


Deu-se então, início a um processo perturbador. Um processo que fez com que muitos duvidassem das Sagradas Escrituras, pois Jesus profetizou a UNIDADE da Igreja. Lutero não retirou a unidade da Igreja, ele fundou, por si mesmo, uma “igreja” que não tem comunhão com os apóstolos, que não tem comunhão com os que Jesus nomeou seus representantes.


Porém, como toda divisão, gera maior divisão. Ele bebeu de seu próprio veneno. Vendo sua própria gente, separarem-se uns dos outros e cada um fundando sua própria “igreja”, igrejas não mais à imagem e semelhança de Deus, mas a imagem e semelhança dos homens.


Então, ao proclamar que basta ter fé, e não ser necessário estar inserido no Corpo Místico de Cristo, que é a Igreja, e apenas pela fé, todos seremos salvos, ele profetizou o erro, ele confundiu, Igreja com Assembléia, contrariando o que o próprio Jesus disse:


“Se não as ouvir, vai dizê-lo à Igreja. E, se não escutar a Igreja, seja para ti como um pagão e pecador público.” (Mt 18,17).


Quem não dá ouvidos à Igreja, está cometendo um grande erro.


Devemos entender, que a primeira geração de protestantes, tinha sido criada dentro da Igreja católica. Ou seja, de certo modo, eles mesmos conservaram muito do Depósito da Fé, da Tradição da Igreja. E seus filhos e netos, também mantiveram esta conservação.


Gerações mais tarde, iniciaram-se muitos movimentos que perderam totalmente o vínculo com a Igreja, com o Depósito da Fé e principalmente com a Sagrada Tradição. Gerou então, pessoas que se diziam membros do corpo de Cristo, mas que rejeitavam absolutamente tudo o que Jesus havia dito aos apóstolos, mas que eles não escreveram:


“Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se fossem escritas uma por uma, penso que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que se deveriam escrever.” (Jo 21,25)


A máxima de Lutero, a “Sola Scriptura”, demonstrou-se falha, ainda mais que se, todos estão aptos a ler e interpretar as Sagradas Escrituras, de maneira pessoal, cada um pode pensar o que quiser e estará correto, mesmo sabendo que isso é algo que a própria Escritura condena:


“Pois, antes de tudo, deveis saber que nenhuma profecia da Escritura é de interpretação pessoal” (2 Pe 1,20).


Veio então, uma geração que nunca havia sido católica, não conhecia a Tradição da Igreja e muito menos o Depósito da fé. Tinham apenas uma parte da Sagrada Escritura, que por ser mutilada (apenas 66 livros e não 73, como sempre havia sido), não agregava nem mesmo todo o conteúdo que já havia sido escrito. Estes, começaram a buscar a Deus, pelos milagres e carismas. Não é mais, Deus, que desce do Céu e se oferece ao Homem. Inicia-se o cristianismo, que é uma religião como todas as outras, em que é o homem que busca a Deus, e não o contrário, como é o que a Igreja ensina e vive.


Estes, ainda conservaram alguma coisa de bom, a luta contra o pecado, a busca pela santidade, estavam centrados na volta de Jesus, e por isso mesmo deviam se preparar, dar uma reposta à Deus por meio da santidade de vida. Explora-se muito mais Deus pelos seus carismas e milagres. Para esta geração, o santo, necessariamente, deve experimentar milagres.


Antes em comunhão com a Igreja, tudo, desde o nascer ao por do sol, era Milagre. Agora, milagre são apenas as curas, as revelações e as profecias. Deu-se inicio um processo que deixa Jesus não mais no centro da vida. Deixa-se de lado a leitura das Escrituras com a visão Crsitocêntrica passa-se a visão, Antropocêntrica. Mas Deus ainda era o centro, mesmo que apensa de modo oficial.


Após a geração, sem ligação com a Igreja Católica, vieram os que deixaram de ser Cristocêntricos. Antes era o Deus dos Carismas, mas agora, são os carismas de Deus, os milagres. Deus é um servidor e nós somos aqueles a quem Ele serve, nosso escravo. A ênfase está nos prodígios e não no Deus dos prodígios. É como uma noiva louca, que ao receber o presente do noivo, se encanta com o presente e se esquece do noivo.


A salvação não é mais de Graça, ela agora passa a ter um preço. E mais santo é aquele que dá mais valores, e não para receber o Céu, e sim a recompensa aqui mesmo, neste mundo. O Homem é o centro. Se eu for bom com Deus, Deus é obrigado a ser bom comigo. Se mostro minha fé, materialmente, ofertando minhas posses, eu recebo mais posses de Deus. Posses materiais e não espirituais. Deus se torna uma máquina, onde eu “enfio” oração e sai milagre.


Esta geração, não considera nem mesmo, o próprio Lutero. Apenas negam que a Igreja seja de fato A IGREJA DE DEUS, e vivem não mais esperando o Céu, mas esperam que o Céu aconteça integralmente aqui, neste mundo. É como se estes “ cristãos” valorizassem mais o filho pródigo que o pai que o acolhe de volta.


Mas não termina aqui, está iniciando agora, a alguns anos, um tipo de “igreja” que não está em comunhão com nenhuma outra “igreja”, nem mesmo com os neo-pentecostais. São pessoas, que não querem a conversão, não querem ser chamadas de pecadoras. São “igrejas”, politicamente corretas, que ensinam que deus é homossexual, por não ter sexo, que o homem não deve sofrer, mas apenas viver e ser feliz, mesmo que para isso, se utilize toda espécie de devassidão. Não existe pecado individual, e o único pecado coletivo existente é dizer que existe pecado.


Jesus não é mais necessário, pois eles tem a Bíblia e a Bíblia passa a ser a “salvadora das almas”, estes seguem apenas a bíblia, ou melhor, apenas o que eles “gostam” da bíblia. Quando lêem que o homossexualismo é pecado, por exemplo, eles acabam invertendo sua leitura e dizendo que apensar de estar escrito, é uma interpretação errada. Não seguem a Jesus, não seguem a Igreja, não seguem os Carismas, seguem apenas suas próprias idéias.


A seguir temos as fases do protestantismo:


1ª. Fase: Aqueles que são Católicos, vivem como Católicos, agem como Católicos, rezam como Católicos, porém, não estão dentro da Igreja Católica, fundaram cada um sua própria Igreja. (Luteranos, Anglicanos, Metodistas etc...)


2ª. Fase: Aqueles que perderam o vinculo com a Igreja Católica, que não conhecem a Tradição Apostólica, mas que a centralidade ainda está em Deus. Ainda buscam a Santidade, e servem ao Deus dos milagres. (Assembléia de deus, Congregação cristã, Batistas etc...)


3ª. Fase: Aqueles que não conhecem a Deus, mas apenas seus sinais. Antes era o Deus dos milagres, mas agora, são os Milagres de Deus. A ênfase, não está em Jesus, mas nos milagres de Jesus. (Deus é amor, Evangelho quadrangular, Brasil para cristo etc...)


4ª. Fase: Aqueles que vêem Deus, como um produto. Início do processo de paganização do Cristianismo. Quase não há diferenças de um culto e um despacho na macumba. Deus é um escravo do homem e não mais fazemos a vontade de Deus, mas sim Ele é quem faz nossas vontades. A ênfase está na prosperidade que irá refletir a santidade. Só é santo aquele que prospera. Não existem fiéis, mas sim clientes. (Universal do reino de deus, Internacional da graça, Renascer em cristo etc...)


5ª. Fase: Aqueles que deixaram de ser cristão, mas utilizam a bíblia para se justificarem. É a paganização completa do cristianismo. O homem não precisa se converter, pois não existe mais pecado. O único pecado é dizer que existe pecado. A santidade está no quão “bonzinho” e vítima a pessoa pareça ser. É a “igreja” dos “rejeitados”, dos coitadinhos. Aqueles que a sociedade “burguesa” diz que são pecadores. (igrejas de homossexuais, igrejas de prostitutas, igreja de ladrões)


Agora, eu pergunto a Lutero. O que virá a seguir?


Independente do que virá, há maneira de acabar com este processo de deterioração do Evangelho? A boa notícia é má notícia até mesmo para os “cristãos”. Lutero, o que você faria para evitar isso tudo? Após quase 500 anos de protestantismo, que sempre acusou a Igreja de ter paganizado o evangelho, hoje, de maneira verdadeira, palpável e não acusatória e caluniosa, podemos assistir de camarote, o mau que foi o protestantismo no mundo.


Deixemos de escutar os que querem nos conduzir ao erro. Hoje, vemos os legítimos representantes da 1ª. Fase do protestantismo voltar à Igreja. São centenas de Bispos, presbíteros e ministros Luteranos, Anglicanos e metodistas que voltam para a Igreja de Cristo. Que reconhecem o mau que é o protestantismo e que hoje conseguem perceber o abismo para onde se dirige as doutrinas humanas de Lutero e seus seguidores.


Escutemos a Jesus: "Feliz és tu, Simão filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue quem te revelou isso, mas o Pai que está nos céus. E eu te digo: Tu és Pedro e sobre esta pedra EDIFICAREI MINHA MINHA IGREJA e as portas do inferno nunca levarão vantagem sobre ela. Eu te darei as chaves do reino dos céus, e tudo que ligares na terra será ligado nos céus, e tudo que desligares na terra será desligado nos céus”. (Mt 16, 17-19)


Escutemos a Igreja nas linhas do Catecismo da Igreja Católica:


“No colégio dos Doze, Simão Pedro ocupa o primeiro lugar. Jesus confiou-lhe uma missão única. Graças a uma revelação vinda do Pai, Pedro havia confessado:


"Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (Mt 16,16).


Nosso Senhor lhe declara na ocasião:


"Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja, e as Portas do Inferno nunca prevalecerão contra ela" (Mt 16,18).


Cristo, "Pedra viva"; garante a sua Igreja construída sobre Pedro a vitória sobre as potências de morte. Pedro, em razão da fé por ele confessada, permanecerá como a rocha inabalável da Igreja. Terá por missão defender esta fé de todo desfalecimento e confirmar nela seus irmãos.” (552)


“Por isso não podem salvar-se aqueles que, sabendo que a Igreja católica foi fundada por Deus por meio de Jesus Cristo como instituição necessária, apesar disso não quiserem nela entrar ou nela perseverar.” (846)