quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

PAPA: QUEM NÃO ACOLHE JESUS COM CORAÇÃO DE CRIANÇA NÃO COMPREENDE O MISTÉRIO DO NATAL.

Jesus Menino é o Deus-Amor "inerme", que não vem para conquistar o mundo "externamente", mas "para ser acolhido pelo homem na liberdade". Está nisso o significado espiritual do Natal: Bento XVI dedicou à iminente festa da Natividade a audiência geral desta manhã na Sala Paulo VI, no Vaticano. O papa centralizou a catequese, em particular, na antiga tradição natalina do presépio de Greccio, que São Francisco de Assis idealizou quase 800 anos atrás.

A cena assistida pelos habitantes de uma pequena localidade do alto Lácio, na noite de Natal de 1223, mudou para sempre a percepção da Natividade na sensibilidade dos cristãos que haveriam de vir.

O presépio vivo montado por São Francisco na simplicidade de uma estrebaria de Greccio deu pela primeira vez uma imagem "viva e tocante" do nascimento de Jesus. Com São Francisco o Natal se abre a "uma nova dimensão" – afirmou com clareza Bento XVI:

"De fato, a noite de Greccio deu ao cristianismo a intensidade e a beleza da festa do Natal, e educou o Povo de Deus a acolher nela a mensagem mais autêntica, o calor particular, e a amar e adorar a humanidade de Cristo (...) Com São Francisco e o seu presépio foram evidenciados o amor inerme de Deus, a sua humildade e a sua benignidade, que na Encarnação do Verbo se manifesta aos homens para ensinar um novo modo de viver e de amar."

O pontífice ressaltou que o Santo de Assis sempre alimentou o desejo de "experimentar de modo concreto, vivo e atual a humildade e a grandeza do evento do nascimento". E essa percepção se faz ainda mais importante se considerarmos que "a festa mais antiga do cristianismo" não é o Natal, mas a Páscoa – recordou o papa.

Bento XVI explicou que o 25 de dezembro como data da Natividade remonta aproximadamente ao ano 204 e se deve a Hipólito de Roma, enquanto a celebração do Natal se afirma numa "forma definida" mais tarde, no Séc. IV, quando toma o lugar da festa pagã do "Sol invictus", o sol invencível.

O Santo Padre observou que se com a Páscoa se "havia concentrado a atenção no poder de Deus que vence a morte", com o Natal "colocou-se desse modo em evidência que o nascimento de Cristo é a vitória da verdadeira luz sobre as trevas do mal e do pecado. Todavia, a particular e intensa atmosfera espiritual que circunda o Natal se desenvolveu na Idade Média graças a São Francisco de Assis, que era profundamente apaixonado pelo homem Jesus, pelo Deus-conosco".

"Graças a São Francisco o povo cristão pôde perceber que no Natal Deus verdadeiramente se tornou o "Emanuel", o Deus-conosco, de quem nenhuma barreira e nenhuma distância nos separa. Naquele Menino, Deus tornou-se tão próximo de cada um de nós, tão próximo, que podemos chamá-lo de você e manter com ele uma relação confidencial de profundo afeto, assim como fazemos com um recém-nascido."

E é naquele Menino que se manifesta a condição "pobre e desconcertante" do Deus-Amor:

"Deus vem sem armas, sem a força, porque não pretende conquistar, por assim dizer, externamente, mas pretende, sobretudo, ser acolhido pelo homem na liberdade; Deus se faz menino inerme para vencer a soberba, a violência, a sede de posse do homem."

O papa concluiu afirmando que o próprio Jesus nos ensina no Evangelho o modo como "podemos encontrar Deus e gozar de Sua presença", ou seja, o converter-se e tornar-se como crianças:

"Quem não acolhe Jesus com coração de criança não pode entrar no reino dos céus: isso foi o que Francisco quis recordar ao cristianismo de seu tempo e de todos os tempos, até hoje. Peçamos ao Pai que conceda ao nosso coração aquela simplicidade que reconhece no Menino o Senhor, justamente como fez Francisco em Greccio (...) São os votos que faço com afeto a tocos vocês, às suas famílias e a todos que lhes são caros. Bom Natal para todos vocês!"

Como de costume neste período, ressoaram na Sala Paulo VI algumas melodias natalinas. E o pensamento do Natal iminente inspirou também as tradicionais saudações do papa no final da audiência:

"Que o amor que Deus manifesta à humanidade no nascimento de Cristo possa fazer crescer em vocês, caros jovens, o desejo de servir generosamente os irmãos. Seja para vocês, caros irmãos enfermos, fonte de conforto e de serenidade. Inspire vocês, caros recém-casados, a consolidarem a sua promessa de amor e de recíproca fidelidade."

Por fim o Santo Padre fez, em várias línguas, um resumo de sua catequese, com uma saudação aos diversos grupos presentes.
Eis o que disse em português:

"Queridos irmãos e irmãs, a tradição natalícia mais bela, que é o presépio, foi criada por São Francisco de Assis, para recordar a todos como Deus Se revela nos ternos braços dum Menino. A sua condição de criança indica-nos como podemos encontrar Deus e gozar da sua presença. É à luz do Natal que melhor se compreendem estas palavras do Senhor: «Se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, não entrareis no reino dos Céus». Amados peregrinos de língua portuguesa, a todos desejo um Santo Natal, portador das consolações e graças do Deus Menino, a quem vos encomendo ao dar-vos a minha Bênção".

UM MENINO NOS FOI DADO, FELIZ NATAL!!!

É Natal ! "Um menino nos nasceu, um filho nos foi dado" (Is 9,5). Essas palavras do profeta realizaram-se no Natal do Senhor Jesus Cristo. Recebemos como «dom» um menino. O menino nos veio da ação criadora do Espírito, que o gerou no seio puríssimo de Maria sempre virgem. Nascendo de uma virgem pela ação do Espírito, fica claro que ele é um verdadeiro «presente» de Deus à humanidade, um presente que a humanidade jamais poderia dar-se a si mesma. Ele veio do alto. Nasceu de uma mulher porque é plenamente humano. Mas nasceu de uma virgem para significar que sua morada entre nós supera radicalmente as nossas possibilidades ou as nossas forças e mesmo as nossas expectativas.

O mistério de Deus é grande, é por demais profundo! Nossas pobres palavras podem apenas balbuciá-lo. «Senhor, estupendas são as vossas obras! E quão profundos os vossos desígnios!» (Sl 91,6). Ele veio restaurar a criação e levá-la à plenitude do Reino de Deus. Veio libertar-nos do pecado e da morte e de todos os males e garantir-nos a vida verdadeira. Veio apontar-nos o caminho para a comunhão de vida com o próprio Deus, Trindade Santíssima, fonte de toda felicidade e paz. A verdadeira comunhão com Deus gera e sustenta em nós a autêntica comunhão com nossos semelhantes e com toda a criação.

No mistério do menino, é Deus mesmo quem visita seu povo. A celebração do Natal deve levar-nos à contemplação piedosa da extraordinária caridade manifestada no nascimento de Belém. O Todo-Poderoso se faz uma frágil e indefesa criança; o Imenso, que nada pode conter, é reclinado numa manjedoura; Aquele que com seu braço forte rege o universo inteiro é acolhido e conduzido pelas mãos humanas; o Todo se esconde no fragmento; o Invisível se mostra visivelmente; Aquele que habita uma luz inacessível coloca-se ao nosso alcance! Ele é o “rosto humano de Deus”!
Como não reconhecer que estas coisas extraordinárias aconteceram porque Deus ama «loucamente» e sem medidas a sua criatura, a cada um de nós em particular?

A contemplação do mistério de Deus, manifestado no nascimento do menino, não pode deixar-nos indiferentes. Se Deus nos ama tanto, como não amá-lo também? O amor, ensina São Paulo, é o «vínculo da perfeição» (Cl 3,14). Deus nos ama por primeiro (cf. IJo 4,19). Recebendo o seu amor em nossa vida, somos purificados e renovados para amá-Lo como convém e, n’Ele, amar nosso próximo com verdadeiro «amor-doação». O amor vence nosso orgulho e nos abre para a infinitude da Verdade, do Bem e da Beleza, o que enche de alegria nossa vida e dá sentido a nosso caminho.
Sendo mistério de caridade, o Natal deve suscitar em nós o amor que renova todas as coisas. Só no amor podemos construir, pois o amor é positivo. Ao celebrarmos o Natal, tendo os olhos fixos no Menino-Deus, podemos exclamar com as palavras de São João: «Deus é amor» (1Jo 4,8)!

É importante que celebremos com nossas comunidades esse Mistério da Encarnação para que, verdadeiramente, possamos celebrar como cristãos o Natal do Senhor! Que a nossa participação na liturgia seja consciente, piedosa e repleta de admiração pelo mistério celebrado! Que em nossa vida, aquilo que de Deus recebemos seja compartilhado com nossos irmãos! A todos um santo e feliz Natal!

+ Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Magistério da Igreja - Papa condena outra vez a Teologia da Libertação‏.

VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM" DEGLI ECC.MI PRESULI DELLA CONFERENZA EPISCOPALE DEL BRASILE (REGIONE SUL 3 E SUL 4) , 05.12.2009

VISITA "AD LIMINA APOSTOLORUM" DEGLI ECC.MI PRESULI DELLA CONFERENZA EPISCOPALE DEL BRASILE (REGIONE SUL 3 E SUL 4)
Alle ore 12.00 di oggi, nella Sala del Concistoro, il Santo Padre Benedetto XVI incontra gli Ecc.mi Presuli della Conferenza Episcopale del Brasile (Regione SUL 3 e SUL 4), ricevuti in questi giorni, in separate udienze, per la Visita "ad Limina Apostolorum" e rivolge loro il discorso che pubblichiamo di seguito:

DISCORSO DEL SANTO PADRE

Venerados Irmãos no Episcopado,
Dou as boas-vindas e saúdo a todos e cada um de vós, ao receber-vos colegialmente no quadro da vossa visita ad limina. Agradeço a Dom Murilo Krieger as expressões de devotada estima que me dirigiu em nome de todos vós e do povo confiado aos vossos cuidados pastorais nos Regionais Sul 3 e 4, expondo também os seus desafios e esperanças. Ouvindo estas coisas, sinto elevarem-se do meu coração ações de graças ao Senhor pelo dom da fé misericordiosamente concedido às vossas comunidades eclesiais e por elas zelosamente conservado e arduamente transmitido, em obediência ao mandato que Jesus nos deixou de levar a sua Boa Nova a toda a criatura, procurando impregnar de humanismo cristão a cultura atual.
Referindo-me à cultura, o pensamento dirige-se para dois lugares clássicos onde a mesma se forma e comunica – a universidade e a escola –, fixando a atenção principalmente nas comunidades acadêmicas que nasceram à sombra do humanismo cristão e nele se inspiram, honrando-se do nome «católicas».
Ora é precisamente na referência explícita e compartilhada de todos os membros da comunidade escolar – embora em graus diversos – à visão cristã que a escola é "católica", já que nela os princípios evangélicos tornam-se normas educativas, motivações interiores e metas finais (Congr. para a Educação Católica, Doc. A escola católica, n. 34).
Possa ela, numa convicta sinergia com as famílias e com a comunidade eclesial, promover aquela unidade entre fé, cultura e vida que constitui a finalidade fundamental da educação cristã.
Entretanto também as escolas estatais, segundo diversas formas e modos, podem ser ajudadas na sua tarefa educativa pela presença de professores crentes – em primeiro lugar, mas não exclusivamente, os professores de religião católica – e de alunos formados cristãmente, assim como pela colaboração das famílias e pela própria comunidade cristã. Com efeito, uma sadia laicidade da escola não implica a negação da transcendência, nem uma mera neutralidade face àqueles requisitos e valores morais que se encontram na base de uma autêntica formação da pessoa, incluindo a educação religiosa.
A escola católica não pode ser pensada nem vive separada das outras instituições educativas. Está ao serviço da sociedade: desempenha uma função pública e um serviço de pública utilidade, não reservado apenas aos católicos, mas aberto a todos os que queiram usufruir de uma proposta educativa qualificada. O problema da sua paridade jurídica e econômica com a escola estatal só poderá ser corretamente impostado se partirmos do reconhecimento do papel primário das famílias e subsidiário das outras instituições educativas. Lê-se no artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos do Homem: «Os pais têm direito de prioridade na escolha do gênero de educação a ser ministrada aos próprios filhos». O empenho plurissecular da escola católica situa-se nesta direção, impelido por uma força ainda mais radical, ou seja, a força que faz de Cristo o centro do processo educativo.
Este processo, que tem início nas escolas primária e secundária, realiza-se de modo mais alto e especializado nas universidades. A Igreja foi sempre solidária com a universidade e com a sua vocação de conduzir o homem aos mais altos níveis do conhecimento da verdade e do domínio do mundo em todos os seus aspectos. Apraz-me tributar aqui a mais viva gratidão eclesial às diversas congregações religiosas que entre vós fundaram e suportam renomadas universidades, lembrando-lhes, porém, que estas não são uma propriedade de quem as fundou ou de quem as freqüenta, mas expressão da Igreja e do seu patrimônio de fé.

Neste sentido, amados Irmãos, vale a pena lembrar que em agosto passado, completou 25 anos a Instrução Libertatis nuntius da Congregação da Doutrina da Fé, sobre alguns aspectos da teologia da libertação, nela sublinhando o perigo que comportava a assunção acrítica, feita por alguns teólogos de teses e metodologias provenientes do marxismo. As suas seqüelas mais ou menos visíveis feitas de rebelião, divisão, dissenso, ofensa, anarquia fazem-se sentir ainda, criando nas vossas comunidades diocesanas grande sofrimento e grave perda de forças vivas. Suplico a quantos de algum modo se sentiram atraídos, envolvidos e atingidos no seu íntimo por certos princípios enganadores da teologia da libertação, que se confrontem novamente com a referida Instrução, acolhendo a luz benigna que a mesma oferece de mão estendida; a todos recordo que «a regra suprema da fé [da Igreja] provém efetivamente da unidade que o Espírito estabeleceu entre a Sagrada Tradição, a Sagrada Escritura e o Magistério da Igreja, numa reciprocidade tal que os três não podem subsistir de maneira independente» (João Paulo II, Enc. Fides et ratio, 55). Que, no âmbito dos entes e comunidades eclesiais, o perdão oferecido e acolhido em nome e por amor da Santíssima Trindade, que adoramos em nossos corações, ponha fim à tribulação da querida Igreja que peregrina nas Terras de Santa Cruz.
Venerados Irmãos no episcopado, na união a Cristo precede-nos e guia-nos a Virgem Maria, tão amada e venerada nas vossas dioceses e por todo o Brasil. Nela encontramos, pura e não deformada, a verdadeira essência da Igreja e assim, através dela, aprendemos a conhecer e a amar o mistério da Igreja que vive na história, sentimo-nos profundamente uma parte dela, tornamo-nos por nossa vez «almas eclesiais», aprendendo a resistir àquela «secularização interna» que ameaça a Igreja e os seus ensinamentos.
Enquanto peço ao Senhor que derrame a abundância da sua luz sobre todo o mundo brasileiro da escola, confio os seus protagonistas à proteção da Virgem Santíssima e concedo a vós, aos vossos sacerdotes, aos religiosos e religiosas, aos leigos empenhados, e a todos os fiéis das vossas dioceses paterna Bênção Apostólica.
[01811-06.01] [Texto original: Português]


sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

FREI CANTALAMESSA: ATIVISMO FRENÉTICO, HERESIA DOS NOSSOS TEMPOS.

Evitar o perigo da heresia dos nossos tempos, o ativismo frenético, para dar lugar às prioridades absolutas: a oração, a relação viva com Jesus, a Palavra.
Foi o convite dirigido aos presbíteros, neste Ano Sacerdotal, pelo padre capuchinho, Frei Raneiro Cantalamessa, em sua primeira pregação do Advento, feita na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, na presença do papa e da família pontifícia.
Frei Cantalamessa recordou que os sacerdotes são, de modo particular, "servos e amigos de Jesus" e o serviço essencial que devem desempenhar "é continuar a sua obra no mundo... revelar aos homens a vontade salvífica e o amor misericordioso do Pai".

"Ser no mundo continuador da obra de Cristo significa fazer sua essa atitude de fundo, de amor, de vontade de salvar mais do que de julgar. Não julgar, mas salvar. Mas em que sentido podemos falar dos sacerdotes como continuadores da obra de Cristo? Em toda instituição humana, como era naquele tempo o império romano, os sucessores continuam a obra, mas não a pessoa do fundador. Com a Igreja não é assim. Jesus não tem sucessores porque não morreu: está vivo!
A morte não tem mais poder sobre ele. Qual é então a tarefa de seus ministros? Sua tarefa é representá-Lo, isto é, torná-Lo presente, dar forma visível à sua presença invisível."

Jesus disse: "não vos chamo de servos, mas amigos". Por isso – acrescentou o pregador da Casa Pontifícia – os sacerdotes são chamados a cultivar de modo especial "uma relação pessoal, repleta de confiança e de amizade" com Cristo:

"O amor por Jesus é o que faz a diferença entre o sacerdote funcionário e administrador – e existem desse tipo – e o sacerdote servo de Cristo e amigo de Jesus. Se conhecêssemos, veneráveis padres e irmãos – eu por primeiro! – como o Senhor Ressuscitado nos é próximo como o mais solícito dos amigos! Como deseja permanecer e trabalhar com o sacerdote, como está pronto a ajudá-lo, a aconselhá-lo, a perdoá-lo – a vida do sacerdote seria aventura, mesmo humanamente, mais interessante: e seríamos os mais felizes entre os homens!"

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

BENTO XVI: EXPERIÊNCIA DO SOFRIMENTO PODE TORNAR-SE ESCOLA DE ESPERANÇA.

"O sofrimento humano adquire sentido e plenitude de luz no mistério da paixão, morte e ressurreição de Cristo", é o que escreve o papa na Mensagem para o 18º Dia Mundial do Enfermo, que será celebrado em 11 de fevereiro próximo, dia no qual a Igreja celebra a memória de Nossa Senhora de Lourdes.
No documento, publicado esta manhã, Bento XVI recorda o 25º aniversário de instituição do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde e exorta os cristãos a viverem concretamente a parábola do Bom Samaritano.
O serviço pastoral no vasto mundo da saúde é parte integrante da missão da Igreja – escreve Bento XVI – "porque se inscreve no alvéolo da própria missão salvífica de Cristo".
Em seguida, o pontífice faz votos de que o Dia Mundial do Enfermo "seja ocasião para um mais generoso impulso apostólico a serviço dos enfermos e daqueles que cuidam deles".
"Todo cristão é chamado a reviver, em contextos diferentes e sempre novos, a parábola do Bom Samaritano" – lê-se na mensagem.
Também hoje, como no fim da parábola – ressalta o Santo Padre – Jesus nos exorta "a inclinar-nos para curar as feridas do corpo e do espírito de muitos nossos irmãos e irmãs que encontramos nos caminhos do mundo".
O papa convida os fiéis "a compreenderem que, com a graça de Deus acolhida e vivida em cada dia, a experiência da doença e do sofrimento pode tornar-se escola de esperança". Em seguida, fazendo recordar a encíclica "Spe salvi" (Salvos pela esperança), ressalta que não é evitando o sofrimento, fugindo diante da dor, que o homem sara, mas tendo a capacidade de aceitar a tribulação e nela, a capacidade de amadurecer, de encontrar sentido mediante a união com Cristo.
A ação humanitária e espiritual da Igreja em prol dos enfermos e dos sofredores – recorda o pontífice – expressa-se em múltiplas formas e estruturas sanitárias também de caráter institucional.
Bento XVI ressalta que a criação do Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde se insere justamente "em tal solicitude eclesial pelo mundo da saúde".
O papa constata que no atual momento histórico-cultural "percebe-se também mais a urgência de uma presença eclesial atenta e capilar junto aos enfermos". Percebe-se "a urgência de uma presença na sociedade capaz de transmitir os valores evangélicos, de modo eficaz, em favor da tutela da vida humana em todas as suas fases, da concepção até seu fim natural". No Ano Sacerdotal, o papa lembra os sacerdotes "ministros dos enfermos", "sinal e instrumento da compaixão de Cristo, que deve alcançar todo homem marcado pelo sofrimento".
Bento XVI reitera que "o tempo transcorrido junto a quem se encontra na provação se revela fecundo de graças para todas as outras dimensões da pastoral".
Por fim, o pontífice pede aos enfermos que rezem e ofereçam seus sofrimentos em favor dos sacerdotes, "a fim de que possam manter-se fiéis à sua vocação e o seu ministério seja rico de frutos espirituais, para o bem de toda a Igreja".

Prece em agradecimento pelas propinas recebidas gera reação de dom Dimas, secretário-geral da CNBB.

"Lamento que a religião esteja tão banalizada".
A declaração, em tom de lástima, foi feita ontem pelo secretário-geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Dimas Lara Barbosa, ao ser informado de que deputados do Distrito Federal acusados de participar de esquema de corrupção filmados pela Polícia Federal fazendo uma oração de agradecimento pelas propinas que estariam recebendo.
Inconformado, ele disse que, se tivesse visto a cena, exibida no vídeo e na TV, se sentiria, naturalmente, "revoltado".
A declaração de Dom Dimas Barbosa, divulgada ontem pela Assessoria de Imprensa da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), foi feita durante uma entrevista ao lado do presidente nacional da OAB, Cezar Britto, em Brasília. A entidade aceitou e referendou a proposta feita pela OAB-DF de entrar com pedido de impeachment do governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, e seu vice, Paulo Octávio, após a divulgação das investigações feitas pela Polícia Federal ao longo da Operação Caixa de Pandora.
Cezar Britto recorreu ao apoio do secretário-geral da CNBB tendo em vista a longa parceria da Igreja com a entidade em questões sociais consideradas de importância para a manutenção da ética na política.
No caso, levando em consideração que o governador do Distrito Federal teria respaldo da Câmara em rechaçar o pedido – José Roberto Arruda teria, pelo menos até agora, 60% de apoio – a OAB nacional articula uma marcha cívica em Brasília.
A "oração da propina" foi feita pelo presidente da Câmara Legislativa, deputado Leonardo Prudente (DEM), e pelo corregedor da Casa, deputado Júnior Brunelli (PSC), agradecendo a Deus "a bênção" que representava para eles Durval Barbosa, o responsável pela distribuição de propinas e agora exonerado do cargo de Secretário de Relações Institucionais do governador, acusado de chefiar o esquema de corrupção.
Depois de contar que não viu a cena da oração com a qual teria ficado horrorizado, o bispo Dom Dimas Barbosa voltou a acrescentar que lamentava profundamente o fato de a religião estar tão banalizada.

"A tal ponto de as pessoas não a verem mais como serviço a Deus e ao próximo, mas em como servir-se da fé e do próximo. Isso é uma inversão total de valores. Estamos perplexos com o que já vimos neste caso e queremos que as investigações sejam ágeis e que o quanto antes a ética possa prevalecer, e os fatos possam ser esclarecidos".

Obs: Pena que o Lula (o semi deus) não pense assim na sua declaração feita minimizando o escandalo dizendo "imagens não provam nada", querendo até fugir das criticas onde já faz campanha para Dilma Russef nas eleições presidenciais em 2010. Só temos que lamentar tal fatos.



quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

PAPA: NÃO É POSSÍVEL CONHECER DEUS SEM AMÁ-LO.

Esta quarta-feira, Bento XVI recebeu milhares de peregrinos e turistas, na Praça S. Pedro, para a Audiência Geral. Em sua catequese, o papa falou de Guilherme de Saint-Thierry, abade nascido em Lieja por volta do ano 1080.
Dotado de grande inteligência e de um amor inato pelo estudo, freqüentou uma das escolas mais famosas de seu tempo, como a de sua cidade natal, Reims, na França. Amigo e biógrafo de São Bernardo de Claraval, Guilherme de Saint-Thierry, após ter sido abade em um mosteiro beneditino, decidiu fazer-se cisterciense, dedicando-se à contemplação orante dos mistérios de Deus e à composição de escritos de literatura espiritual. Para o papa, podemos considerá-lo como o "Cantor do amor, da caridade", pois, segundo ele, a força principal que move o espírito humano é o amor. A natureza humana, na sua mais profunda essência, é feita para amar, recordou Bento XVI.
Porém, o homem só consegue realizar este objetivo, sincera, autêntica e gratuitamente, aprendendo na escola de Deus, que é Amor.

"A vocação do homem é tornar-se como Deus, que o criou a sua imagem e semelhança. Por sua vez, o amor ilumina a inteligência e permite conhecer melhor e de um modo mais profundo a Deus e, em Deus, as pessoas e os acontecimentos. Assim, nós conhecemos realmente apenas as pessoas e as coisas que amamos. A Deus, O conheceremos se O amarmos" - afirmou.

Após a catequese, o papa recordou que hoje se celebram os 25 anos da promulgação da Exortação Apostólica Reconciliatio et paenitentia, que chamou à atenção a importância do sacramento da penitência na vida da Igreja. Nesta significativa data, Bento XVI citou algumas figuras extraordinárias de "apóstolos do confessionário", incansáveis dispensadores da misericórdia divina: São João Maria Vianney, São José Cafasso, São Leopoldo Mandić, São Pio da Pietrelcina.

"Que o testemunho de fé e de caridade encoraje vocês, caros jovens, a fugirem do pecado e a projetarem seu futuro como um generoso serviço a Deus e ao próximo. Que ajude vocês, queridos enfermos, a experimentarem no sofrimento a misericórdia de Cristo crucificado. E peço a vocês, queridos noivos, a criarem na família um clima constante de fé e de recíproca compreensão" – afirmou o pontífice.

Por fim, aos sacerdotes, especialmente neste Ano Sacerdotal, o papa faz votos de que o exemplo desses santos, seja para eles e para todos os cristãos um convite a confiar sempre na bondade de Deus, aproximando-se e celebrando com confiança o Sacramento da Reconciliação.

BENTO XVI: SEM SENTIR-SE PEQUENO NÃO É POSSÍVEL NENHUMA COMPREENSÃO SOBRE DEUS.

O verdadeiro teólogo é alguém que não cede à tentação de com a sua inteligência medir o mistério de Deus, mas é alguém que tem consciência da própria limitação, como muitos grandes santos reconhecidos também como grandes mestres. Foi esse, em síntese, o pensamento expresso por Bento XVI na homilia da missa celebrada esta manhã com os membros da Comissão Teológica Internacional, desde ontem, segunda-feira, reunidos no Vaticano em sua plenária anual.Bento XVI vê nos antigos escribas que indicam aos Magos o caminho para Belém, para o Senhor Deus Menino, o protótipo do teólogo presunçoso que estuda a Sagrada Escritura como certos cientistas estudam a natureza, ou seja, com uma frieza acadêmica que pretende secionar o mistério e ignora a centelha do transcendente.
De fato – observou o papa – os antigos escribas são "grandes especialistas: podem dizer onde nasce o Messias", mas "não se sentem convidados" a visitá-lo. A notícia "não atinge as suas vidas, permanecem fora. Podem dar informações, mas a informação não se torna formação da própria vida":"E assim também em nosso tempo, nos últimos duzentos anos, observamos a mesma coisa. Existem grandes doutos, grandes especialistas, grandes teólogos, mestres da fé que nos ensinaram muitas coisas. Conheceram os detalhes da Sagrada Escritura, da história da salvação. Mas não conseguiram ver o próprio mistério, o verdadeiro núcleo: que este Jesus era realmente Filho de Deus (...)
Poder-se-ia citar grandes nomes da história da teologia destes duzentos anos, dos quais aprendemos muito, mas os olhos de seu coração não se abriram ao mistério.
"O Santo Padre mostra-se severo com esse modo de fazer teologia, com esse modo que – afirma o pontífice – "se coloca acima de Deus". Como é igualmente severo com os cientistas que adotam um método no qual "Deus não entra" e, portanto, "não existe" – disse.
Mostra-se ainda mais severo com uma certa teologia que mortifica o divino. Com uma imagem eficaz, o papa explica os defeitos dessa teologia:
"Também na teologia se pesca nas águas da Sagrada Escritura com uma rede que permite somente uma certa medida para os peixes, e quando se vai além dessa medida não entra na rede e, portanto, não pode existir. E assim o grande mistério de Jesus, do Filho que se fez homem, se reduz a um Jesus histórico, realmente uma figura trágica, um fantasma sem carne e osso, que ficou no sepulcro, corrompido, realmente morto.
"Todavia – observou o pontífice, a história da Igreja é rica de homens e mulheres capazes de reconhecer a sua pequenez diante da grandeza de Deus, capazes de humildade e, portanto, de alcançar a verdade. O papa citou alguns nomes desses homens e mulheres:
"De Bernadete Soubirous a Santa Teresa de Lisieux com uma nova leitura da Sagrada Escritura, não científica, mas entrando no coração da Sagrada Escritura, até os santos e bem-aventurados do nosso tempo: irmã Bakhita, madre Teresa, Damião de Veuster. Poderíamos citar tantos deles.
"Eis – prosseguiu Bento XVI – uma categoria de "pequenos que são também doutos", modelos aos quais inspirar-se para que nos ajudem "a sermos verdadeiros teólogos que podem anunciar o seu mistério porque tocados na profundidade de seus corações". Como o foram a Virgem Maria, São João, ou centurião aos pés da Cruz. Também São Paulo, que em suas vicissitudes contempla de modo emblemático a parábola da passagem da falsa à verdadeira sabedoria:
"E assim também após a sua ressurreição o Senhor, na estrada de Damasco, toca o coração de Saulo, que é um dos doutos que não veem. Ele mesmo, na primeira carta a Timóteo, se chama ignorante naquele tempo, apesar da sua ciência. Mas o ressuscitado o toca. Torna-se cego e depois realmente passa a ver. E o grande douto torna-se pequeno e justamente assim vê a loucura de Deus que é sabedoria, sabedoria maior do que todas as sabedorias humanas.
"Os trabalhos da Comissão Teológica Internacional, presidida pelo prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal William Josef Levada, prosseguirão no Vaticano até a próxima sexta-feira, dia 4.
Nesta primeira sessão do novo quinquênio, a Comissão decidirá os temas a serem tratados nos próximos cinco anos e a organização concreta dos trabalhos.
Entre os temas a serem considerados figura a questão da metodologia teológica.